Desde o início do ano instalados no espaço Nathalia Rosemburg (espaço público concedido pela subprefeitura), o grupo, juntamente com a subprefeitura, procurava espaço que atendesse ás necessidades de estrutura de uma escola.
O espaço da rua Aroldo de Azevedo, 20, na mesma quadra do espaço Nathalia Rosemburg, foi prédio da subprefeitura durante muito tempo, depois serviu de sede para o Instituto Oca e mais pra frente Uboé. Depois do isso o local ficou abandona até que há cerca de um ano, quando a subprefeitura pegou fogo, serviu de abrigo para o CRAS/Campo Limpo, que pertence a Secretaria de Assistência Social, que se instalou no local por apenas 45 dias, se mudando para prédio próximo particular e deixando no espaço muitos equipamentos e patrimônios públicos já sem uso.
Neste curto tempo em que estiveram no local, o CRAS não realizou melhorias para o prédio que estava com problemas de esgoto, água, luz, cupim e até sofrendo saques e arrombamentos constantemente. O problema de água e luz foi resolvido através de um “gato” e sem nenhuma estrutura, já que as fiações estavam condenadas, correndo risco até de incêndio no local.
Há cerca de dois meses, quando soubemos da contemplação do Programa de Fomento ao teatro para a cidade de São Paulo, que viabiliza a criação da Escola, tivemos uma reunião com o subprefeito do Campo Limpo e o supervisor de Cultura, que alegaram não saber com quem estava as chaves do local e também não ter encontrado nenhum processo jurídico em andamento sobre cessão de uso prédio. Em reunião, acordamos que a Trupe faria no espaço, a Escola e iniciamos a parte legal de documentação para cessão de uso do espaço.
Como os trâmites burocráticos são lentos, mesmo sem a cessão oficial, trocamos as fechaduras e entramos no espaço para dar início aos reparos. O que encontramos foi um prédio completamente abandonado, sendo destruído por cupins, com o esgoto entupido causando enorme mau cheiro, focos de dengue e de bichos (ao lado da creche!), nenhuma estrutura de banheiros (todos arrebentados), com problemas de fiação, lixo e uma dívida de luz e água ainda da época da Uboé.
Há vinte dias, os dez integrantes da Trupe realizam os reparos de pintura, limpeza, higienização, organização do patrimônio abandonado em uma única sala, compra de equipamentos e de vasos sanitários, tintas, fios... toda preparação para colocar a escola em funcionamento.
Neste momento, o CRAS reivindica a posse do espaço, alegando invasão da trupe (que rompeu as fechaduras) e inclusive acusando os integrantes de furto do patrimônio público, devido ao sumiço de equipamentos como um microondas, que já não estavam no local quando a Trupe entrou, provavelmente por conta dos saques e arrombamentos ocorridos durante o abandono.
A subprefeitura apóia nossa permanência no local, mas está marcada reunião com representantes do CRAS, da trupe e da subprefeitura para semana que vem, quando as questões serão esclarecidas.
Importante salientar que por toda cidade de São Paulo, são inúmeros os prédios, casas, fábricas antigas, espaços públicos que estão completamente abandonados e sem uso e que poderiam servir para sedes de grupos, criação de centros culturais, projetos sociais... trabalhos de relevância para a comunidade e que trariam inúmeras transformações sociais, políticas e culturais, no local e nas proximidades.
Há já alguns grupos em diferentes regiões que realizam trabalhos incríveis com a comunidade, a partir do teatro e da arte, em espaços antes ociosos e que foram ocupados e a história é sempre a mesma. Assim que o trabalho se inicia, o espaço abandona vira motivo de disputa por diversos tipos de poderes, que até então não se mobilizavam para qualquer espécie de melhoria ou utilização da área.
Fiquemos atentos: de maneira geral, pode-se definir espaço público em um espaço central que dá realidade material e simbólica a cidade, ou seja, entendendo-o como um território específico dotado de suas próprias marcas e signos de delimitação e que é pensado como plural e condensador do vínculo entre a sociedade, o território e a política de forma democrática.
Também são espaços de livre acessibilidade, de uso comum dos cidadãos e de coesão da sociedade, apresentando como características o fato de ser geral (refere-se a cidade como uma totalidade), coletivo (para uso e desfrute de todos os habitantes), comum (pertence aos cidadãos e são regidos pelo direito público) e representam uma hierarquia no ordenamento urbano (corresponde a interesses superiores por representar o bem comum). Ainda, o espaço público constitui a cidade tanto em sua dimensão físico-espacial quanto sociocultural, sendo que os processos que ali se desenvolvem são capazes de dar sentido à vida pública dos cidadãos.
É dever e direito nosso intervir em situações em que o Espaço Público está sendo destruído e onde inúmeras possibilidades de trocas e de experiências riquíssimas: culturais, sociais, de lazer, que poderiam representar forte potencial transformador nas comunidades, são desperdiçadas e ignoradas.
Para mais informações sobre o trabalho da Trupe Artemanha e a Escola Popular de Teatro: www.escolacita.blogspot.com ou www.trupeartemanha.com.br
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Natália Siufi
Grupo Teatral Parlendas
(11) 8083-3909
http://www.grupoteatralparlendas.blogspot.com
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