segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Lembrar -Bookess

Bookess

30 de agosto de 2010
Prezado(a) Aline,

Teses de mestrado, doutorado, monografias e trabalhos de conclusão de curso (TCC) costumam ficar restritas ao ambiente acadêmico. Muitas vezes porque seus autores não têm condições de levá-las ao grande público leitor. Pensando nisso a Bookess está lançando o Concurso "Mostre sua tese ao mundo", para ajudar universitários e pós-graduandos a tirar seus trabalhos da gaveta e publicá-los.
Os candidatos inscritos deverão postar suas obras no site da Bookess para serem votados pelos internautas. O autor da tese vencedora será premiado com um Kindle, leitor digital da Amazon, e ainda 5 exemplares da tese impressos.

As inscrições serão encerradas em 31 de dezembro de 2010. O resultado será divulgado até o dia 30 de janeiro de 2011. Leia o regulamento completo através do link: http://www.bookess.com/blog/?p=308
Não deixe sua grande obra se perder para sempre. Mostre sua tese ao mundo!
Equipe Bookess
http://www.bookess.com/

domingo, 29 de agosto de 2010

Vou tocar

AGENDA

Municipal

Dia 03 de setembro - BAnco fundação wolksvagem

Dia 04 de setembro, às 16 horas, Antonio Lopes de Medeiros, 274 – Jardim Eliana - SP.

Dia 10 de setembro no LUA NOVA - RUA 13 de MAIO, 540 - Bixiga - SP

Dia 11 de setembro, às 16 horas, Associação Cultural Esportiva Bloco do Beco – Rua: Adesio José Pontanet, 86 - SP

Dia 18 de setembro, às 16 horas, Ass. Comunitária Nova Esperança - Jd. Guaembu, Av: Antonio ramos Junior, 525 – SP.

Dia 21 de Setembro - Praia Grande - Evento pela Paz - http//Assereco.blogspot.com

Dia 24 de Setembro na Biblioteca Marxista - Com Gunnar

Dia 25 de setembro, às 16 horas, J. Castro Alvez, Rua: Antolin Garcia 100 – SP.

Dia 26 de Setembro Domingo as 16h na ExpoMUSIC 2010 - NICO

Estadual

A primeira apresentação será no dia 2 de outubro de 2010 às 16 horas. Local: São Paulo, 700 – Jardim Gaivota - São Paulo capital;

A segunda apresentação será no dia 9 de outubro de 2010 às 16 horas. Local: Rua Francisco Inácio Solano, 61, Jd. Grajaú – Cantinho do Céu - São Paulo capital;

Dia 12 - EVENTO ERNANI

Dia 13 de Outubro - Oficina e Música - Grupo: CIC Sul – Jardim São Luis – Associação Rainha da Paz - das 10h00 as 12h00

A terceira apresentação será no dia 16 de outubro de 2010 às 16 horas. Local: Espaço da Associação de Moradores do Jardim das Embuias – Jardim Embuias – São Paulo capital;

A quarta apresentação será no dia 23 de outubro de 2010 às 16 horas. Local: Praça (Rua Raul Lino, 33) – Jardim Caiçara – São Paulo capital;

Dia 23 de Outubro - AABB
Dia 24 de Outubro - AABB

A quinta apresentação será no dia 30 de outubro de 2010 às 16 horas. Local: Quadra da Escola Estadual Professora Ester Gárcia - Rua Antônio Carlos Bejamin dos Santos – Jardim Reimberg – Grajaú – São Paulo Capital;

Dia 31 de Outubro na Mostra de Artes Cênicas, domingo as 16:30 - Grupo Caldeirão comemora 22 anos

A sexta apresentação será no dia 6 de novembro de 2010 às 16 horas. Local: Praça Doutor Oswaldo Cruz – São Luiz do Paraitinga – SP;

A sétima apresentação será no dia 13 de novembro de 2010 às 16 horas. Local: Praça Nossa Senhora da Guia – Centro de Eldorado – SP.

Dia 20 de Novembro - FUNART - Indiara
Dia 21 de Novembro- FUNART - Indiara

terça-feira, 24 de agosto de 2010

ESTE É O NOSSO BRASIL


Vamos ver alguns candidatos para a próxima eleição:

No Esporte:

Acelino Popó Freitas (PRB-BA)- O boxeador concorre a deputado estadual
Maguila (PTN-SP)- Ex-boxeador,quer ser deputado federal
Marcelinho Carioca (PSB-SP)- Ex-jogador, concorre a deputado federal
Romário (PSB-RJ)- Ex-jogador, busca uma vaga na Câmara Federal
Vampeta (PTB-SP) - Ex-jogador, concorre a deputado federal
Fabiano (PMDB-RS) - Ex-atacante do Inter, é candidato a deputado estadual
Danrlei (PTB-RS) - Ex-goleiro do Grêmio, concorre a deputado federal

Na Música:

Gaúcho da Fronteira (PTB-RS) - Músico concorre a deputado estadual
Kiko (DEM-SP) - Membro do grupo KLB, concorre a deputado federal
Leandro (DEM-SP) - Integrante do KLB, concorre a deputado estadual

Faltou o Bruno... aí poderiam até lançar um novo partido chamado KLB. O que mais tem nesse país é gente safada e partido político!!!

Netinho (PCdoB-SP) - Cantor do grupo Negritude, concorre a senador (Aquele que bateu na mulher, lembram?)
Reginaldo Rossi (PDT-PE) - Cantor, concorre a deputado estadual
Renner (PP-GO) - Integrante da dupla Rick&Renner, concorre ao Senado
Sérgio Reis (PR-MG) - Cantor e ator, concorre a deputado federal
Tati Quebra-Barraco (PTC-RJ) - Funkeira, concorre a deputada federal

Na Televisão:

Ronaldo Esper (PTC-SP) - O estilista quer ser deputado federal
Pedro Manso (PRB-RJ) - Humorista, disputa na vaga na Assembleia Legislativa
Dedé Santana (PSC-PR) - Humorista, quer ser deputado estadual
Tiririca (PR-SP) - Humorista, disputa uma vaga na Câmara Federal
Batoré (PP-SP) - Humorista, quer uma vaga na Câmara Federal

No Pomar:

Mulher Melão (PHS-RJ) - Cristina Célia Antunes Batista concorre a deputada federal
Mulher Pera (PTN-SP) - Suellen Aline Mendes Silva quer ser deputada federal

Tobias 700- a História de uma Ocupação


A Artver, o ECLA ( Espaço Cultural Latino Americano ) e o Encontro de Utopias convidam à todos para a projeção do filme Tobias 700 e o debate sobre a questão da moradia e ocupações populares, que seguirá à exibição do filme. Com a presença de Daniel Rúbio, diretor do filme premiado na Mostra Cinesul, na R. Abolição, 224 - Bixiga.

Tobias 700- a História de uma Ocupação

Na sua primeira versão, Tobias 700 foi ganhador do Cinesul 2005 escolhido o melhor documentário entre 70 filmes documentários da America do Sul.

E foi exibido no festival do Prix Du film Documentaire Union Latine - Festival de Biarritz na França ,no Festival Internacional Del Nuevo Cinema Latinoamericano de Havana-Cuba, no festival Black Movie em Genebra- Suíça e na Mostra Brasil em Mouvementos, em Paris no ano do Brasil na França 2005

Aline Reis

Aline Reis é compositora intuitiva e visceral. Dotada de um estilo muito próprio de cantar e tocar violão, sua voz doce e sutil cativa à primeira escuta. O contraste entre a pujança de suas letras e a doçura da voz capta e intriga o ouvinte, que aguarda ansioso pelo melodioso refrão. Os arranjos de Aline Reis, releituras livres de ritmos tradicionais brasileiros, sonoridades modernas e poemas cantados, marcam a obra criativa da compositora. Jongos, sambas, funk e pop são ingredientes de sua receita bem temperada, que faz a crítica às contradições de nosso tempo com simplicidade poética. Como não poderia deixar de ser, Aline Reis canta o amor, e rima, primorosamente, com a dor de amores inconclusos e confusos pelos quais viveu. Filha mais velha de um casal de mineiros migrantes, Aline Reis cresceu em bairro periférico de São Paulo, onde entrou em contato com a produção cultural situada às margens da indústria cultural. Sagaz, cursou 3 anos e meio da Escola de Sociologia e Política, o qual interrompeu quando deu-se conta de sua pulsão inexorável para a criação artística.


Por Anna Maria de Andrade

RESUMO EXPANDIDO

Uma realidade social historicamente menosprezada pelo Estado e pouco estudada pela sociologia no Sul do País se refere ao pluralismo cultural inscrito nas formas de expressão territorial e identitária manifestado pelas modalidades de uso comum da terra gestadas por distintos grupos étnicos presentes na formação agrária desta região, como no caso em estudo referido aos faxinais e aos recentes processos sociais pela qual a identidade faxinalense é socialmente construída. Delinear o debate no campo intelectual sobre os faxinais para compreender o processo de construção das fronteiras sociais desse grupo e, simbolicamente compreender como se engendram os mecanismos de passagem que conduzem os sujeitos sociais a construírem sua identidade coletiva é a proposta deste artigo.
No caso dos faxinalenses em estudo, a escolha de critérios diferenciados de composição da identidade coletiva se coloca como um novo componente no campo de debates ampliando a definição dessas fronteiras sociais. Tal como o critério étnico – mesmo que a noção de étnico não se atenha a uma língua, laços de sangue ou uma origem comum – construído a partir de mobilizações que expressam formas de agrupamento político em torno de elementos consensoados, como o uso comum da terra; e o critério ecológico, que se refere a forma de apropriação da natureza, isto é, a um território onde o domínio e a gestão comum dos recursos naturais objetivando sua economia em consonância com a conservação da natureza é essencial para sua existência social.
Presentes na Região Sul do País desde o período colonial, os faxinais se apresentam hoje, mediante formas diferenciadas de apropriação comum da terra, que se desdobraram marginalmente ao sistema econômico dominante. Tal modalidade emergiu como estratégia de reprodução social de camponeses que buscam por meio de sua organização social, acesso e manutenção à terra e possibilidades alternativas à repressão da mão-de-obra num cenário atravessado por conflitos sociais. Estabeleceram-se, de modo geral, em regiões periféricas onde a força política dos grupos dominantes encontrava-se fragilizada e enfraquecida. Não obstante, a fim de assegurar o livre acesso aos recursos básicos, defrontaram-se sistematicamente contra o avanço de antagonistas históricos em diferentes tempos, tal como: fazendeiros de gado, ervateiros, madeireiros, durante um período que ultrapassa dois séculos, e mais recentemente a “agricultura moderna”.
Todavia, seu reconhecimento social ganha contornos efetivos enquanto uma existência coletiva, com o surgimento, desde 2005, da Articulação Puxirão dos Povos Faxinalenses – APF, cujo um dos principais desafios é mudar a posição social dos faxinalenses em relação aos agentes sociais e agências em um campo de poder atravessado por lutas simbólicas e materiais, onde está em jogo à distribuição do capital simbólico, capital fundamental que convertido em capital político traduz possibilidades de transformação social ao grupo.
Cabe ressaltar, que o interesse em desenvolver este tema, deve-se, sobretudo, ao intuito de provocar reflexões a partir do campo de debates sobre os faxinais, onde incluem-se intelectuais, agentes públicos produtores de interpretações oficiais registradas nos Levantamentos Preliminares sobre os Faxinais, além do próprio movimento faxinalenses que produz com apoio de pesquisadores do Projeto Nova Cartografia Social os denominados fascículos e o seu mapeamento social. A finalidade desta análise é produzir uma revisão critica das classificações que visam significar os faxinais, considerando o conhecimento científico acumulado, bem como as relações que se estruturam face às agências e aos diferentes agentes sociais em disputa no campo social agrário do Paraná relacionados aos faxinalenses. Tal discussão objetiva explicar, portanto, o descompasso entre os esquemas analíticos e interpretativos utilizados para definir os faxinais em oposição a força das realidades localizadas inscritas na trajetória de mobilizações dos faxinalenses, que desde a fundação da APF inaugura um novo padrão de relação política neste campo, concernente a documentos, discursos e atos produzidos pelos faxinalenses.
De outro modo, o que pretendo problematizar por meio do exercício de uma sociologia reflexiva, num primeiro momento é examinar criticamente a regra de formação do objeto intitulado faxinal, partindo da escolha de outro objeto de pesquisa (faxinalenses) para explicar situações referidas aos faxinais que só podem ser compreendidas de modo relacional mediante a ação dos sujeitos sociais que resultam na formação de um campesinato com laços de solidariedade singulares e formas de apropriação dos recursos naturais, consoante características específicas de uso comum definidos por uma identidade coletiva, explicitando uma nova e emergente fase política das lutas sociais agrárias em gestação no Paraná, destacada pelo recorte dado agora à ação dos sujeitos faxinalenses.
Para tanto, se faz necessário amparar-se metodologicamente em uma definição que carregue um significado capaz de incorporar a abrangência das diferentes formas de expressão social referidas aos faxinais observadas pela pesquisa Mapeamento Social dos Faxinais no Paraná (SOUZA, 2009), já que este estudo possibilitou o conhecimento de distintas expressões territoriais e sociais deste grupo. Para melhor compreensão dos significados utilizados nesta pesquisa, sobre o qual orbitam as discussões teóricas e lutas políticas enfocadas nesta tese, propus provisoriamente um significado analítico para os faxinais, como: terras tradicionalmente ocupadas que designam situações a produção familiar de acordo com suas possibilidades variavelmente combina apropriação privada e comum dos recursos naturais, sendo o controle e uso dos recursos considerados comuns à existência física e social - especialmente pastagens naturais, cursos d’água, subprodutos florestais - exercido de maneira livre e aberta de acordo com normas específicas consensualmente definidas pelo grupo social, circunstancialmente denominado por expressões locais, a saber: “criador comum aberto”, “criador comum cercado”, “criador criação alta” e “mangueirão”.
As diferentes denominações empregadas resultam da verificação de situações referidas a categorias produzidas localmente pelos agentes sociais para designar sua condição social, tais expressões territoriais compõe distintas unidades sociais, decorrentes de diferentes níveis de organização e conflitos face antagonistas históricos e atuais, em que o controle e domínio dos recursos considerados básicos para a reprodução do grupo social é o centro das disputas.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

"Assim que o sol se põe Os pássaros descansam..." (Victor Batista)

Cinema Belas Artes

No final de março deste ano, o banco HSBC interrompeu o patrocínio ao cinema Belas Artes, um dos poucos cinemas de rua que ainda existem em São Paulo, que possui programação diferenciada e de alto nível.

Localizado na esquina das avenidas Consolação e Paulista, ele poderá ter suas portas fechadas após 43 anos de funcionamento. No início do mês de abril, André Sturm, sócio-proprietário do Cine Belas Artes, iniciou uma batalha para conseguir um novo patrocinador, infelizmente sem sucesso até o momento.

Inconformada com a possibilidade do fechamento, Marie-France Henry, proprietária do Restaurante La Casserole, reuniu outros 16 restaurantes para criar uma campanha de Apoio, batizada de “Salve o Belas Artes: Tudo Pode Dar Certo” (segue abaixo a relação dos restaurantes e a forma de funcionamento da Campanha).



Ajude-nos a buscar uma forma de não permitir o fechamento de mais uma sala de cinema na cidade de São Paulo. Mais informações sobre o projeto de Patrocínio com: Léo Mendes (11) 5093.0839 – 5041.0133.



Funcionamento da Campanha: No momento do fechamento da sua conta em um dos restaurantes listados abaixo, você autoriza uma contribuição no valor de R$ 5,00 para a Campanha e recebe um ingresso para assistir um filme no Cine Belas Artes. Este ingresso será carimbado no momento em que você for ao cinema e ele passará a valer uma sobremesa no mesmo restaurante, em sua próxima refeição.





Arábia

Rua Haddock Lobo, 1.397 - Cerqueira César

Telefone: 3061-2203

Sobremesa: qualquer doce árabe



Arábia Café

Praça. Vilaboim, 73 - Higienópolis

Telefone: 3476-2201

Sobremesa: qualquer doce árabe



Amadeus

Rua Haddock Lobo, 807 - Cerqueira César

Telefone: 3061-2859

Sobremesa: Sfraciatelli (doce siciliano com frutas secas, mel e sorvete de creme)



Eñe

Rua Dr. Mario Ferraz, 213 - Jardim Europa

Telefone: 11 3816-4333

Sobremesa: Crema catalana



Ici Bistrô

Rua Pará, 36 - Consolação

Telefone: 3257-4064

Sobremesa: Terrine de chocolate



Tappo Trattoria

Rua da Consolação, 2.967 - Cerqueira César

Telefone: 3063-4864

Sobremesa: Semifreddo de chocolate



Diner 210

Rua Pará, 210 - Consolação

Telefone: 3661-1219

Sobremesa: Cup Cake



Tordesilhas

Rua Bela Cintra, 465 - Consolação

Telefone: 3107-7444

Sobremesa: Pudim de tapioca com baba de moça



Mestiço

Rua Fernando de Albuquerque, 277 - Consolação

Telefone: 3256-3165

Sobremesa: Frozen Iogurt com caldas variadas



Dona Onça

Avenida Ipiranga, 200, lj. 27/29 - República

Telefone: 3257-2016

Sobremesa: a definir



Adega Santiago

Rua Sampaio Vidal, 1.072 - Jardim Paulistano

Telefone: 3081-5211

Sobremesa: Pudim de doce de leite



Così

Rua Barão. de Tatuí, 302 - Vila Buarque

Telefone: 3826-5088

Sobremesa: Tiramisú ao mascarpone artesanal



Dui

Alameda Franca, 1.590 - Jardim Paulista

Telefone: 2649-7952

Sobremesa: Fondant de chocolate e doce de leite, farofa de café e sorvete de canela



La Casserole

Largo do Arouche, 346 - República

Telefone: 3331-6283

Sobremesa: Crêpes Suzette



Martin Fierro

Rua Aspicuelta, 683 - Vila Madalena

Telefone: 3814-6747

Sobremesa: Alfajor de chocolate



La Frontera

Rua Cel. José Eusébio, 105 - Higienópolis

Telefone: 3159-1197

Sobremesa: Banana ouro grelhada, creme de iogurte e doce de leite, farofa de biscoito e castanha do Pará



Obá

Rua Dr. Melo Alves, 205 - Cerqueira César

Telefone: 3086-4774

Sobremesa: Massa crocante mexicana, sorvete de creme, melado de rapadura e canela com farofinha de milho seco

CEMESPP - Centro de Estudos do Mapeamento da Exclusão Social para Politicas Publicas

http://www4.fct.unesp.br/grupos/cemespp/prodcient.php

7 Mostra Academica UNIMEP

A Universidade e a Costrução do Futuro

17º Congresso de Iniciação Científica

MAPEAMENTO DAS AÇÕES SOCIAIS NO SEGMENTO SUCROALCOOLEIRO

Autor(es)
JULIANA CARVALHO DA SILVA
Orientador(es)
VALÉRIA RUEDA ELIAS SPERS
Apoio Financeiro
PIBIC/CNPQ

1. Introdução
Nos últimos anos, a responsabilidade social tem, cada vez mais, despertada o interesse e o tema vem sendo cada vez mais divulgado,
tanto no meio acadêmico e empresarial, como na mídia. È um conceito complexo e dinâmico, apresenta significados diferentes em
contextos diversos e exige reflexões sobre o assunto.
Um dos aspectos consiste em diferenciar as maneiras pelas quais se entendem a responsabilidade social, primeiramente em duas
óticas: a da obrigação social e a da responsabilidade social. Obrigação social corresponde àquilo que a empresa faz pelo social que
está previsto em lei, desde o pagamento de impostos até a utilização de filtros nas chaminés de fábricas. Já a ótica da responsabilidade
social pressupõe que a empresa considera as metas econômicas e sociais nas suas decisões, e vai além dos limites da legislação.
Oliveira afirma que:
Para uns, é tomada como uma responsabilidade legal ou obrigação social; para outros, é o comportamento socialmente responsável
em que se observa à ética, e para outros ainda, não passa de contribuições de caridade que a empresa deve fazer. Há também os que
admitem que a responsabilidade social seja, exclusivamente, a responsabilidade de pagar bem aos empregados e dar-lhes bom
tratamento. Logicamente, responsabilidade social das empresas é tudo isto, muito embora não sejam somente estes itens isoladamente.
(1984, p.204).
Para os empresários, a empresa contrai uma divida social com a comunidade na qual esta inserida, pelo simples fato deles usufruírem
dos recursos naturais para beneficio próprio. Assim, a responsabilidade social de uma empresa esta associada ao seu desempenho a ao
consumo de recursos pertencentes à sociedade, e ao desenvolver projetos sociais, a empresa oferece alguma coisa em troca àquilo que
ela extraiu da sociedade (MELO NETO E FROES, 2001).
A sociedade atual de alguma maneira está exigindo uma redefinição do papel social da empresa e das organizações públicas. Cresce a
conscientização de que as organizações, apesar de gerar empregos, criar produtos e trazer benefícios às pessoas e à sociedade,
produzem também resultados indesejáveis, como a poluição, os acidentes de trabalho, a degradação do meio ambiente e de conflito
com a sociedade. Esses efeitos ruins são os custos sociais - danos ocasionados por uma empresa a terceiros - pessoas ou comunidades
- que não são compensados nem pela empresa, nem pelo comprador de seus produtos. Tal situação não está sendo mais aceita pela
sociedade. Além disso, as organizações devem mostrar que não são regidas apenas pelo interesse dos acionistas e pelas leis (LÓPEZ
PARRA, 2003, p.34)

Links - Mapeamento Social

http://www.pmscs.rs.gov.br/index.php?acao=areas&areas_id=11&acao2=noticias¬icias_id=1683

http://www.pnud.org.br/cidadania/reportagens/index.php?id01=1936&lay=cid

http://www.guarulhosweb.com.br/gwebnoticia.php?nrnoticia=32006

http://pegadomeublog.tumblr.com/post/927862712/mapeamento-da-internet-social

http://www.ufpa.br/beiradorio/novo/index.php/2010/111-edicao-81-marco/1004-alem-das-coordenadas-geograficas

http://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/15280

http://www.dpi.inpe.br/geopro/exclusao/oficinas/metodologia_mapa.pdf

Seminário vai mapear vulnerabilidade social em

http://www.itsbrasil.org.br/projetos/sistematizacao-e-mapeamento-de-tecnologias-sociais-no-estado-de-sao-paulo-2005

http://www.cinform.ufba.br/vi_anais/docs/MarcusTulioPinheiro.pdf

http://www.comciencia.br/reportagens/ppublicas/pp11.htm

http://seminariodoambiente.ufam.edu.br/2010/resources/docs/anais/DS15.pdf

http://www.novacartografiasocial.com/apresentacao.asp

http://www.pontomidia.com.br/raquel/arquivos/mapeamento_de_redes_sociais_conversacao_e_midia_social.html - VIRTUAL

http://cresspb.org.br/noticias/cress-pb-realiza-mapeamento-dos-espacos-socio-ocupacionais-dos-assistentes-sociais-inseridos-nas-politicas-sociais-das-prefeituras-e-nos-servicos-de-saude-do-estado-da-paraiba/

http://dominiopublico.qprocura.com.br/dp/100094/Mapeamento-da-exclusao-social-em-cidades-medias:-interfaces-da-geografia-economica-com-a-geografia-politica.html

MAPEAMENTO SOCIAL

A Pesquisa Social, ou o Mapeamento Social, pode ser entendido como o processo que, utilizando a metodologia científica, permite a obtenção de novos conhecimentos no campo da realidade social.

A realidade social é entendida, neste trabalho, em sentido bastante amplo, envolvendo todos os aspectos relativos ao homem em seus múltiplos relacionamentos com outros homens e organizações.

O Mapeamento Social é de grande importância para todos aqueles que pretendem ter uma visão maior e ampla de seus colaboradores, a fim de exercerem seu papel de cidadão corporativo juntamente com seus impactos sociais.


Mapeamento Social Corporativo

Introdução:

Mapeamento social corporativo
Uma organização ou instituição, seja ela uma empresa, universidade ou o Estado, precisa conhecer o perfil de seus membros ou cidadãos para melhor funcionar. Elas são redes sociais compostas por indivíduos reunidos sob sua estrutura, seja por vínculos políticos, empregatícios ou de interesses diversos. “Funcionar” implica otimizar processos internos e output, e para isso é necessário que elementos conflitivos, negativos ou de outra forma improdutivos implicados nestas relações sejam analisados e devidamente contornados. Por outro lado, o conhecimento do perfil dos membros conforme a segmentação da organização permite vislumbrar propriedades emergentes antes invisíveis com amplo potencial para otimizar resultados desejados.
O objetivo dos estudos compreendidos sob o termo “mapeamento social corporativo” são
investigações conduzidas com o objetivo de gerar este perfil. O perfil é uma descrição de determinantes comportamentais. Toda a informação obtida na investigação visa compreender e prever comportamentos. Qualquer planejamento – seja de estratégia
empresarial ou de políticas públicas – requer um preciso conhecimento sobre as atitudes e comportamentos dos atores sociais envolvidos.
Dois tipos diferentes de comportamento são cruciais ao planejamento estratégico e
administração de uma empresa: o comportamento do cliente e o comportamento de seus
membros (funcionários, quadros administrativos, prestadores de serviço, etc.). O
mapeamento social empresarial é o resultado analisado das investigações sobre o
comportamento dos membros da organização.
Todos estes comportamentos se dão num contexto de relações sociais de trabalho, em
primeiro lugar, mas também relações sociais que o indivíduo mantém com a sociedade em
geral e suas instituições predominantes. A resposta a uma situação de stress, a uma
demanda ou a uma recompensa são uma função de atitudes e comportamentos codificados
no sistema de valores e representações do indivíduo, construído socialmente. Assim, em última instância, o que determina o papel que o funcionário vai de fato adotar em uma organização, por mais bem delimitadas que sejam suas funções, são suas percepções
prévias sobre si mesmo e o mundo, materializadas nas relações sociais.
A identificação, análise e solução de problemas organizacionais envolvendo o
comportamento do funcionário requerem uma compreensão destas percepções, atitudes e
valores que os condicionam.
Objetivos
Geral:
1. Identificar os principais condicionantes das atitudes e comportamentos do
funcionário frente ao trabalho e à empresa
Específicos:
1. Identificar percepções quanto às relações de trabalho;
2. Identificar percepções quanto ao ambiente de trabalho;
3. Identificar a origem valorativa das mesmas e sua relação com a percepção factual e
as representações das relações de trabalho
4. Identificar características sócio-econômicas detalhadas, determinadas por

processos
decisórios informados por elementos culturais (organização do orçamento
doméstico, composição do mesmo, estrutura familiar, condicionantes religiosas,
políticas e morais do comportamento social, etc.)

Estrutura
Este estudo de mapeamento poderá ser conduzido em até cinco etapas, sendo a seqüência
obrigatória, mas o arranjo opcional:
1. Identificação de elementos valorativos da mobilização dos atores: essa parte
consiste na aplicação de técnicas de entrevista em profundidade que estimulem a
expressão livre dos elementos de percepção mais ou menos conscientes do
entrevistado sobre si mesmo, sobre suas relações sociais majoritárias, sobre
expectativas próprias e de terceiros sobre si, e sobre o trabalho. Três técnicas
distintas devem ser utilizadas:
a. Entrevista narrativa (história de vida) – onde o entrevistado é estimulado a
“contar histórias” relativas a elementos simbolicamente relevantes para os
itens investigados (valores éticos, políticos, morais, sobre família, etc.).
b. Entrevista situacional (dia típico) – onde o entrevistado é solicitado a
descrever um dia típico de trabalho, do momento em que acorda até a hora
em que vai dormir.
c. Entrevista em profundidade com roteiro com funcionários até nível gerencial
abordando temas como: sonhos e expectativas, planos para o futuro
(pessoais e profissionais), opiniões sobre a profissão, etc..
d. Duas entrevistas com diretores, abordando a história organizacional.
2. Estudo das relações sociais “in situ”: trata-se de uma observação dos atores
sociais (todos os segmentos funcionais abrangidos) no local de trabalho, em
situações diversas. A metodologia preferencial é a etnografia, onde um pesquisador
é colocado nos ambientes onde se dão as situações em estudo e observa com a
menor interferência possível.
3. Estudo da construção das atitudes coletivas: nesta etapa, estuda-se como a atitude
individual se coletiviza num processo de “negociação” entre atores relevantes.
Assim, por exemplo, procura-se entender como se expressa a aprovação ou rejeição
de uma situação ou episódio pelos funcionários em diálogo, cada um trazendo,
apresentando e negociando seu aporte valorativo individual. A técnica indicada é o
grupo de foco.
4. Quantificação dos indicadores identificados: a análise de discurso realizada sobre
os textos de transcrições de entrevistas, depoimentos de informantes (etnografia, ver
abaixo) e discussão em grupo permite a identificação de “indicadores” (elementos
discretos na expressão, atitude e comportamento do indivíduo). Estes indicadores
podem, uma vez estudados ser quantificados em sua expressão populacional através
de um survey quantitativo.
5. Análise dos resultados


Metodologias

Etapa Metodologia
1 - Identificação de elementos
valorativos da mobilização dos atores
Entrevistas em profundidade com
metodologias diversas (GILLHAM 2000)
2 - Estudo das relações sociais “in situ” Etnografia (BARLEY 1996)
3 - Estudo da construção das atitudes
coletivas
Grupo de foco (CORNWALL & JEWKES,
1995)
4 - Quantificação dos indicadores
identificados
Surveys (REA & PARKER 1997 )
5 - Análise dos resultados Análise qualitativa (TALJA 1999) e análise
quantitativa (WEISBERG et al. 1996)
1. Entrevistas em profundidade: embora diferentes metodologias conduzam de forma
diversa a entrevista, o que há em comum a todas elas é o arranjo onde o
pesquisador/entrevistador estimula a fala do entrevistado através de perguntas ou
“sondas” num roteiro relativamente aberto. As entrevistas não devem ultrapassar
uma hora de duração. As entrevistas são gravadas e transcritas.
2. Etnografia: método próprio à antropologia, que é a área das ciências sociais
dedicada ao estudo das culturas humanas e das relações sociais culturalmente
contextualizadas. É realizada através da chamada “observação participante”, onde o
pesquisador se coloca na situação que se deseja estudar e observa a ação dos atores
sociais. Um ou mais “informantes” são escolhidos durante o estudo. O “informante”
é um membro do grupo social estudado que de certa forma guiará o pesquisador,
fornecendo informações e explicações sobre a lógica do sistema de representações
do grupo estudado.
3. Grupo de foco: O grupo focal é uma técnica que se desenvolveu a partir do
entendimento de que o processo decisório se dá num contexto interativo e social. A
ênfase da técnica do grupo focal é o CONTEXTO DIALÓGICO. Ela revela
aspectos detalhados da interação entre membros de um mesmo grupo social. Em
geral, o grupo focal consiste da reunião de membros de um determinado grupo,
escolhidos por critérios que combinam diversidade e comensurabilidade cultural. A
interação moderada se dá num ambiente mais neutro possível, sob observação
inconspícua (sala de espelho) de atores interessados
4. Survey: Trata-se de um método de pesquisa quantitativa, baseada em técnicas de
amostragem que otimizam a representatividade dos resultados. O instrumento de
pesquisa é o questionário, que pode conter perguntas fechadas ou abertas. Se forem
abertas, é necessário uma etapa de codificação das respostas para quantificar o
resultado. O resultado de uma pesquisa quantitativa é analisado com ferramentas
estatísticas que permitem relacionar diferentes elementos do comportamento da
população pesquisada.
Resultados esperados
Um perfil detalhado das condicionantes culturais, políticas e sociais dos comportamentos e
atitudes dos funcionários da empresa.
Principais marcos de controle
1. Final da etapa de entrevistas em profundidade e relatório parcial;
2. Final da etapa de etnografia e relatório parcial;
3. Feedback da empresa;
4. Final de outras etapas e respectivos relatórios parciais
5. Relatório final e apresentação dos resultados do estudo
Referências bibliográficas
BARLEY, S.R. 1996. Technicians in the Workplace: Ethnographic Evidence for Bringing Work into
Organization Studies. Journal article by Stephen R. Barley; Administrative Science Quarterly, Vol. 41.
BATES, J.A. 2004. Use of narrative interviewing in everyday information behavior research Jessica A.
Library & information science research, 26 (1)15-28.
CARTWRIGHT, S. & COOPER, C.L. 1990. The Impact of Mergers and Acquisitions on People at Work:
Existing Research and Issues. British Journal of Management 1 (2) , 65–76
CORNWALL, A. & JEWKES, R. 1995. What is participatory research? Social Science & Medicine. 41, 12,
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GILLHAM, B. 2000. The Research Interview. London, Continuum.
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Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Administração. EnANPAD 2002. Apresentação.
Salvador / BA. 22 a 25 de setembro de 2002.
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Information Science Research, Volume 21, Number 4, pages 459–477.
VILELA, L.V.O. e ASSUNÇÃO, A.A. 2004. - Os mecanismos de controle da atividade no setor de
teleatendimento e as queixas de cansaço e esgotamento dos trabalhadores - Cad. Saúde Pública,
20(4):1069-1078.
WEISBERG, H.F., KROSNICK J.A., BOWEN, B.D. 1996. An Introduction to Survey Research, Polling, and
Data Analysis. London, Sage Publications.

http://www.qualiresearch.com/mapeamentocorporativo.pdf

Ação Educativa

http://www.acaoeducativa.org.br/portal/

CENPEC

http://cenpec.org.br/projetos

Ninjas - André Patricio

Ninjas
MELHOR ATOR PARA FLÁVIO BAURAQUI EM GRAMADO

Dennison Ramalho
Brasil, 2010
23' - Cor
35mm
Meu nome é Lúcifer. Tome minha mão...



Roteiro: Marco de Castro, Marcelo Veloso, Dennison Ramalho
Fotografia: José Roberto Eliezer, ABC
Direção de arte: Fábio Goldfarb
Montagem: Paulo Sacramento
Música original: Paulo Beto
Produção: Pablo Torrecillas, Rodrigo Castellar, Fernando Fraiha, Paulo Boccato e Mayra Lucas
Direção de produção: Pablo Torrecillas e Rodrigo Castellar
Produção executiva: Pablo Torrecillas, Paulo Boccato e Mayra Lucas
Companhia produtora: TC: Filmes
Elenco: Flávio Bauraqui, Juliana Galdino, Carlos Meceni e Celso "Not Dead" Camargo,André Luis Patricio
Som direto: Tiago Bittencourt
Câmera: José Roberto Eliezer, ABC
END div text_news_img tem q refazer a filmografia para o formato

Filmografia do diretor:
The Other Son, 2001 / Se-tong, 1999

Pablo Torrecillas - TC: Filmes

BUSQUE A PROGRAMAÇÃO
Kinoforum - Festival Internacional de Curtas - Metragens de São Paulo
de 19 até 27 de agosto
http://www.kinoforum.org.br/curtas/2010/

sábado, 21 de agosto de 2010

Vou Tocar

Gente, vou tocar na Bienal do Livro, no Palco Literario...

Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural - Edital Nº 1/2010

A Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura (Sefic/MinC) disponibilizou o edital do Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural 2010 para auxilio financeiro a viagens que ocorrerão nos próximos oito meses.

Com recursos oriundos do Fundo Nacional da Cultura (FNC), a ação tem como objetivo promover a difusão e o intercâmbio da cultura brasileira nos diversos segmentos culturais.

O aporte total de R$ 2,4 milhões permitirá custear despesas com transporte de artistas, técnicos e estudiosos convidados a participar de eventos prioritariamente culturais, promovidos por instituições brasileiras ou estrangeiras, de reconhecido mérito. O apoio poderá ser pleiteado para possibilitar apresentação de trabalho próprio, participação em cursos de capacitação e residência artística.


>> Confira o Edital e Cronograma das inscrições
Fonte: http://www.bancocultural.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=5742&Itemid=424

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Vou tocar


Gente, vou tocar umas musicas lá na Tarde Poética – Encontro de Utopias e Lançamento do livro "Luminosidades"



O Autor na Praça convida o Encontro de Utopias para uma Tarde Poética no Espaço Plínio Marcos, na feira de antiguidades e artesanato da Praça Benedito Calixto ( Pinheiros - São Paulo). Sábado, dia 21 de agosto das 14 às 18horas. Palco aberto em uma homenagem a Leminski com os convidados especiais Aline Reis, poetisa, cantora, compositora e instrumentista, e dos poetas Zé Moreira e Claudio Laureatti, que lança seu livro Luminosidades . Compareça munido de seus instrumentos, livros, poemas, textos, sua reverência ou sua saudação. Traga sua voz para somar àquelas que acreditam na arte como um instrumento de transformação social.




Aline Reis




Estudou Sociologia (Ciências Sociais) na FESPSP – Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo e Música na FMU – Faculdade Metropolitana Unidas. Têm 24 anos, é musicista (violonista, acordeonista, percussionista e compositora). Aline Reis iniciou sua carreira aos 16 anos, tocando acordeom, desde então interage com músicos, grupos e coletivos de arte compostos por artistas de várias gerações.
Em 2004, Aline Reis deu origem ao Grupo Encantadeiras, cuja proposta é integrar o canto de cinco mulheres sobre efeitos percussivos simples, tendo como mote principal suas composições em violão, voz e acordeom. Além de dança, artes plásticas e literatura (poesia e contação de estórias), o projeto artístico do grupo englobava pesquisa musical, dança contemporânea e poesia falada.

Continuando seu processo de pesquisadora musical, Aline Reis passa a integrar seus trabalhos anteriores e nasce “O Encanta Realejo” - projeto autoral que surgiu em 2007 a partir de apresentações realizadas nas ruas de Paraty durante a FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty) e em espaços públicos como o Circo do Beco e Praça Roosevell em São Paulo. A concepção das duas bandas tocando as composições de Aline Reis foram fundidas e se tornaram um espetáculo de cunho cênico-musical chamado “O Auto do Realejo Encantado” que narra a trajetória de Alice, uma retirante e do Realejeiro Teotônio, também andarilho. O espetáculo foi fio condutor do documentário “Encantos Urbanos à Margem da Memória” incentivado pela Lei VAI. Resultado de um processo experimental sensível e engajado dirigido por Aline Reis, que coloca em evidencia uma rede de bons artistas de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, que não encontram espaços de expressão de sua produção.

Em 2007 integrou-se a Companhia de Teatro Triptal, atuando na trilha sonora da peça “A Longa Viagem de Volta pra Casa”. A Cia apresentou-se no Festival de Chicago – EUA em janeiro de 2009, no Festival de Teatro de Porto Alegre em 2008, no SESCs Pompéia e Santos em 2008 e no Programa Direções da TV Cultura em 2008.
Em Fevereiro de 2010, lança seu primeiro exemplar de livro: (Alice Café)+(Lambrusko)²= da coleção Alice no País das Armadilhas.
Atualmente vem readaptando seus trabalhos autorais dentro de uma dramaturgia experimental para a realização de uma peça teatral.

http://alinereiss.blogspot.com/2010/06/aline-reis.html





Zé Moreira





Zé Moreira , quatro décadas, nasceu em São Paulo mesmo.

Já se enveredou pelo reino da música, de forma amadora e divertida, mas (não sabe o porquê) prefere as escritas. Lançou tempos atrás o livro Asfato Fresco, ao qual pretende somar Comento Mole e Laje Batida, formando a trilogia.

Gostaria de se saber mais sucinto, nem sempre consegue.









Claudio Laureatti



Poeta ( Luminosidades), ator (DRT- 25598), bacharel em Letras ( FFLCH – USP) e cidadão, nasceu em São Paulo em 1974. É performático e artista teatral paulistano. Acesse: http://www.youtube.com/watch?v=c620-uKzwfY



Participantes de saraus desde o final da década de 90. Hoje em dia, ativamente na Cooperifa (Cooperativa dos Poetas de Periferia) em Chácara Santana , zona sul paulistana.



O DVD “Carlos, não se mate”, gravado no Circo-Escola Favela São Remo foi resultado do Quarto Fórum de Cultura do Butantã junto ao poeta Paulo Almeida e o músico Jerônimo Pinheiro.



O monólogo “Fragmentos de poetas” foi resultado de suas intervenções poéticas em diversos saraus, bares culturais, livrarias, feira de artes, Casas de Cultura, Teatro Monte Azul, ONG Ação Educativa e levado à cena no SESC- Interlagos, onde foram realizadas conjuntamente as gravações de Leila Moreira, Alexandre Himer e Daniel Lungareze.



Foi um dos vencedores da Quinta Bienal de Arte, Ciência e Cultura da UNE. Foi publicado também no Concurso de Literatura da faculdade de Filosofia Ciências Humanas e Letras (FFLCH/USP). Foi um dos co-fundadores do Sarauê, foi publicado pelas revistas Não Funciona e Casulo e é proponente do Sarau da Cesta.



Foram publicados poemas pela Casa de Cultura de Santo Amaro, concurso ASSESA. Participou do Projeto 13 Visões do Largo Treze, pelo VAI – Incentivo municipal e foi membro da equipe do Sarau do Querô (Butantã, Morro do Querosene), contemplado pelo PAC 15 do Estado de São Paulo.

Contatos diretos: (11) 9221-3188

(11) 3091-3370 – ramal 604

E-mail : laureate@bol.com.br









Encontro de Utopias - 97172176
Se não quiser mais receber nossas mensagens responda esta colocando "remover" na linha de assunto.

Trupe das Muiezinha

Galéra de Ilhéus - Bahia


MOTIVA GROOVE - MORTIFERA AS 20HS - NA PRAÇA DA CATEDRAL
21/08 - SABADO (AGORA)
APRESENTAÇÃO DA MORTIFERA SERÁ AS 20HS EM PONTO

Lançado Edital Prêmio Palmares de Monografia e Dissertação - 2010

(05/07/2010 - 15:13)

Foram prorrogadas as inscrições para o Concurso Nacional de Pesquisa sobre Cultura Afro-Brasileira, Comunidades Tradicionais e Cultura Afro-Latina. Agora, os trabalhos poderão ser inscritos até 31 de agosto próximo. Instituído pela Fundação Cultural Palmares (FCP), vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), o Concurso vai premiar monografias de conclusão de graduação e dissertações de mestrado que tratem dos temas acima mencionados. Serão selecionados, dentro das três áreas temáticas propostas, os melhores trabalhos em cada uma das cinco regiões brasileiras, somando 30 premiações, com valores individuais de R$ 4 mil para monografias e R$ 8 mil para dissertações, perfazendo um total de R$ 180 mil.



Segundo Mércia Queiroz, coordenadora do CNIRC - Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra, departamento da FCP que está organizando o concurso, o Edital é uma conexão da Palmares com a Academia. "Esta iniciativa é de extrema importância para os novos pesquisadores que se debruçam sobre a temática da cultura afro-brasileira e latina e das comunidades tradicionais, uma ótima oportunidade para que os seus trabalhos sejam divulgados, inclusive internacionalmente, pois todos serão publicados no site do Observatório Afro-Latino. É a abertura de um espaço de diálogo com estudiosos de outras partes do mundo", afirma Mércia.



A participação é gratuita e aberta a qualquer pessoa residente e domiciliada no território brasileiro, com conclusão comprovada de graduação superior em instituições públicas ou privadas. Os interessados podem ter formação em qualquer área do conhecimento e ser de qualquer nacionalidade.



As dúvidas referentes ao Concurso serão esclarecidas através do e-mail premiopalmares2010@palmares.gov.br.



Visite Aruanda Mundi em: http://aruandamundi.ning.com/?xg_source=msg_mes_network

Curso de Extensão: Divulgação Científica em Ciências Sociais

Segue divulgação de curso que será oferecido pelo curso de Ciências Socias. Esclarecemos que as inscrições já estão sendo feitas na Secretaria de Alunos e as vagas serão preenchidas por ordem de inscrição.

Atenciosamente,

Daniela


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Curso de Extensão: Divulgação Científica em Ciências Sociais



Este curso tem por objetivo apresentar técnicas de redação visando a divulgação científica em ciências sociais. Espera-se que o curso contribua para que os participantes desenvolvam suas habilidades de comunicação na forma escrita, tendo a produção científica na área de Ciências Sociais como referência básica. Os trabalhos desenvolvidos durante o curso poderão ser divulgados no Portal de Ciências Sociais da Unifesp na Internet (projeto em desenvolvimento). Os alunos inscrito terão certificado de participação, contando créditos para cumprimento dos requisitos em Atividades Complementares.



Início: 24/08/2010, terça-feira;
Duração: cinco sessões de uma hora (uma sessão por semana, sempre às terças-feiras); espera-se que os alunos dediquem outras três horas em atividades fora da sala de aula;

Horário: das 18h às 19h;
Local: sala de aula 7;

Vagas: 15 vagas para alunos do curso de Graduação em Ciências Sociais e cinco vagas para alunos de outros cursos do Campus Guarulhos;

Inscrições: de 16 a 20 de agosto, na Secretaria de Alunos.



Obs.: como não haverá seleção dos participantes, as vagas serão preenchidas por ordem de inscrição.



Programa:
1. Princípios e técnicas de divulgação científica em ciências sociais - Prof. Dr. Bruno Konder Comparato;
2. Oficina de redação I: Redação pelo parágrafo - Profa. Dra. Christina Andrews;
3. Oficina de redação II: Problemas de pontuação - Profa. Dra. Christina Andrews;
4. Oficina de redação III: Elaboração do press release - Profa. Dra. Christina Andrews;
5. Palestra de encerramento: "Políticas Públicas e a mídia" - Dra. Ana Maria de Abreu Laurenza.



Informações adicionais: Profa. Dra Christina Andrews (christina.andrews@unifesp.br).





--
Profª Ana Lúcia

"Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses."
Rubem Alves

colóquio deleuze

http://deleuzemodernos.blogspot.com/

Clínica de Capoeira

Vem ai a XII Clínica de Capoeira do CEPEUSP, nos dias 27, 28 e 29 de Agosto de 2010 no Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo.

Um dos mais importantes e tradicionais eventos de capoeira do Brasil e do mundo completa 23 anos esse ano. Sua primeira edição aconteceu em 1987. Por aqui já passaram grandes nomes da Capoeira como João Grande, João Pequeno, Canjiquinha, Ezequiel, Aírton Onça, Moraes, Jogo de Dentro, Toni Vargas, Nô, Nenel e muitos outros.

Este ano já está confirmada a presença de importantes representantes do mundo da Capoeira. São eles: o Mestre Russo de Caxias (Rio de Janeiro), Mestre Lua Rasta (Salvador – BA), o Mestre Felipe Santiago (Santo Amaro da Purificação – Recôncavo Baiano – BA) e Carlos Eugênio Libano Soares (Universidade Federal da Bahia).

Oficinas, palestras, apresentações culturais, Mesas Redondas, Apresentações Culturais e Apresentações de trabalhos científicos farão parte da programação, que segue abaixo.

Todas as informações sobre o evento podem ser encontradas no blog www.clinicadecapoeira2010.wordpress.com



Para se inscrever os interessados deverão fazê-lo via internet no seguinte endereço: http://www.cepe.usp.br/site/?q=eventos/27/08/10

O pagamento pode ser feito via depósito bancário.

O valor da inscrição é de R$70,00 até o dia 20 de Agosto, R$75,00 até o dia 26 de Agosto e R$80,00 no dia do evento.

Serão oferecidos certificados de participação.

Dúvidas e informações mandem e-mail para vheine@gmail.com

Programação:

27 de agosto – sexta-feira

17h – Recepção dos participantes e entrega dos materiais

18h – Mesa de Abertura

19h – Palestra com o historiador Carlos Eugenio Líbano – Aspectos históricos da Capoeira – ORIGEM DA CAPOEIRA (Local: Auditório A do CEPEUSP).

21h – Apresentação Cultural (Local: NURI – CEPEUSP)

28 de agosto – Sábado

9h – Oficina e vivência teórica prática – Fundamentos e Tradições da Capoeira com Mestre Felipe Santiago – Recôncavo Baiano – BA (Local: Módulos das quadras cobertas)

12h – Intervalo para almoço

13:30h – Apresentação Cultural (Local: NURI)

14h – Palestra DIÁSPORA AFRICANA com Carlos Eugenio Líbano (UFBA) – (Local: Auditório A do CEPEUSP)

16:00 – Oficina e Vivência de Capoeira com Mestre Russo de Caxias (Jonas Rabelo – RJ) – (Local: Módulos das quadras cobertas do CEPEUSP)

20:00 – Encerramento das atividades do dia.

29 de Agosto – Domingo

9h – Congresso Científico – Apresentação de trabalhos e painéis (Local: Módulos das quadras cobertas)

10h – Mesa Redonda – Capoeira: encontro de saberes: unidade na diversidade

Carlos Eugenio Líbano, Mestres Russo de Caxias, Gladson, Lua Rasta, Felipe Santiago, Professores Vinicius Heine, Javier Mcdonalds (Argentina).

Local: Módulos das quadras cobertas.

12h – Intervalo para almoço

13:30h – Apresentação Cultural (Local: Módulos das quadras cobertas)

14:00 – Oficina e vivência de Capoeira com Mestre Lua Rasta (Gilson Fernandes) – BA (Local: Módulos das quadras cobertas)

17h – Roda de Encerramento e confraternização

19h – Entrega dos certificados

Abraço!


--
Prof. Vinícius Heine
Centro de Práticas Esportivas da USP
Projete Liberdade Capoeira
11-9670-1017
11-3091-3563



--
Prof. Vinícius Heine
Centro de Práticas Esportivas da USP
Projete Liberdade Capoeira
11-9670-1017
11-3091-3563

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

LEITURA DRAMÁTICA

"LIBERDADE, LIBERDADE" DO CEPECA NO SEMINÁRIO INTERNACIONAL "COMUNICAÇÃO & CENSURA" DA ECA - USP. DIA 17 DE AGOSTO DE 2010 ÀS 17H. De Flávio Rangel & Millôr Fernandes. Com Cadu Witter, Evinha Sampaio, Letticia Chiochetta e Raoni Garcia. Direção: João Bourbonnais. Supervisão Prof. Dr. Armando Sérgio da Silva.
setembro = iniciação cientifica + edital votorantin

A Sociedade em Rede e a Cibercultura: dialogando com o pensamento de Manuel Castells e de Pierre Lévy na era das novas tecnologias de comunicação

Por Isabella de Araújo Garcia Simões
* Mestre em Sociologia pela UFPB (2007); graduada em Comunicação Social, na habilitação de Jornalismo,pela mesma instituição. E-mail: isabellaag@gmail.com

Resumo

Este artigo propõe realizar um diálogo/confronto entre dois analistas das novas tecnologias de comunicação, Manuel Castells e Pierre Lévy, a partir de um estudo exploratório das obras produzidas pelos pesquisadores. A Internet é a base estruturante de todos os conceitos e de novas relações que compõem a sociedade em rede ou a cibercultura.
Procuramos apontar as principais ideias que estão relacionadas ao tema e como o processo de comunicação recebe essas mudanças que interferem no pensamento humano, na
sociedade, que culmina numa nova cultura.

Introdução

A Era da Informação, de maneira geral, constitui o novo momento histórico em que
a base de todas as relações se estabelece através da informação e da sua capacidade de processamento e de geração de conhecimentos. A este fenômeno Castells (1999) denomina “sociedade em rede”, que tem como lastro revolucionário a apropriação da Internet com seus usos e aspectos incorporados pelo sistema capitalista.
A sociedade em rede também é analisada por Lévy (1999) sob o codinome de
“cibercultura”, sendo, pois, este novo espaço de interações propiciado pela realidade
virtual (criada a partir de uma cultura informática). Ao explicar o virtual, a cultura cibernética, em que as pessoas experienciam uma nova relação espaço-tempo, Lévy (1998) utiliza a mesma analogia da “rede” para indicar a formação de uma “inteligência coletiva”.
Muito embora a linha de análise dos autores abordados siga caminhos díspares,
sendo Castells com uma abordagem marxista da sociedade capitalista e Lévy com um
pensamento antropológico, há um aspecto que não pode ser recusado na intersecção dos
autores acerca dos estudos das tecnologias de comunicação, que nos leva a uma conclusão primordial: não é possível mais ignorar o impacto dessas tecnologias à vida humana, muito menos à vida em sociedade.
A possibilidade de participação e a exclusão do universo digital, integrando-se ao
processamento de dados e à geração de conhecimentos, ou mesmo estando à margem dessa
dinâmica, afeta, sobretudo, a relação humana em que a comunicação se faz atuante,
perpassando os aspectos antropológico, social e mesmo filosófico.
São linguagens, usos, percepções sensoriais, novas identidades formadas e trocas
simbólicas que estão emaranhadas em rede, que não descarta nem mesmo o aspecto
econômico dentro dessas novas relações. Do ponto de vista da economia, a rede trouxe
mudanças profundas à sociedade, redefinindo as categorizações de Divisão Internacional do Trabalho (DIT) entre os países e as economias.
Mas, afinal de contas, as tecnologias de comunicação estão a serviço de que, ou de
quem? Que mudanças são trazidas por essas tecnologias à vida do homem e à sociedade?
O que desencadeou todo esse processo? E mais: o que pode ser apreendido dessa relação
humana mediada por máquinas?
Para responder a estas perguntas, nos propomos a utilizar, neste artigo, as obras de
dois grandes pensadores da Era da Informação: Manuel Castells e Pierre Lévy, trazendo à tona a contribuição e as elucidações sobre os assuntos tratados, quer seja do ponto de vista do homem, que seja do ponto de vista da sociedade.
Este artigo está dividido em três partes, sendo o primeiro tópico uma abordagem
das tecnologias de comunicação e da rede, com uma alusão específica ao surgimento
computador e da cultura informática.
No segundo item realizamos um levantamento sócio-econômico da rede, dentro da
lógica de reformulação do sistema capitalista que se deu na década de 70 no século
passado, interpondo a abordagem utilitarista exposta por Castells (1999) e a dimensão
subjetiva explorada por Lévy (1998) na formação de uma inteligência coletiva.
Por fim, indicamos as mudanças trazidas pelas tecnologias de comunicação, dentro
das concepções dos autores sobre o novo processo comunicativo que se desvela na
sociedade em rede ou na cibercultura.

As tecnologias de comunicação e a rede

Desde que o computador foi criado em 1945, nos Estados Unidos da América e na
Inglaterra, as inovações e reformulações desse suporte e sistema de processamento de
dados não param de ser ampliadas a partir das criações humanas. Lévy aborda essa cultura informática em várias obras, entre as quais “A Máquina Universo” (1998), na qual aponta o computador como uma nova ferramenta de experiência e de pensamento:
A mediação digital remodela certas atividades cognitivas fundamentais
que envolvem a linguagem, a sensibilidade, o conhecimento e a imaginação inventiva. A escrita, a leitura, a escuta, o jogo e a composição musical, a visão e a elaboração das imagens, a concepção, a perícia, o ensino e o aprendizado, reestruturados por dispositivos técnicos inéditos, estão ingressando em novas configurações sociais.

Essa engenharia informática está presente em praticamente todos os campos das
atividades humanas, compondo o que Lévy denomina de tecnologia intelectual. Ao longo
de todos os momentos históricos, o homem foi desenvolvendo técnicas que o auxiliaram a construir seus mecanismos de atuação sobre a realidade. Em outras palavras, as técnicas são também maneiras de produzir conhecimento.
Na medida em que a informática processa e difunde a informação com uma gama
de interfaces, projeta a ideia de que o real não possui mais precedentes, adquirindo, assim, um aspecto transcendental:
Os sistemas de processamento da informação efetuam a mediação prática de nossas interações com o universo. Tanto óculos como espetáculo, nova pele que rege nossas relações com o ambiente, a vasta rede de processamento e circulação da informação que brota e se ramifica a cada dia esboça pouco a pouco a figura de um real sem
precedente. É essa a dimensão transcendental da informática.
Isto é possível a partir de certas características que o meio propala através da
simulação, abstração e interação. Os mecanismos de interligação de dados se estabelecem a partir da hipertextualidade, ou seja, através de uma leitura não-linear. E embora saibamos que o universo digital é composto por qualquer sistema organizado por dígitos binários, é a partir da Internet, com os dispositivos de transferência de arquivos, correio eletrônico, fóruns de discussão e, principalmente, com a World Wide Web, que todas essas experiências são potencialmente vivenciadas.
“A galáxia da Internet” é analisada por Castells (2003) com as imbricações aos
negócios e à sociedade. Todo esse processo de instauração da Internet ocorre na década de 70 e culmina com a abertura comercial na década de 90, o que, na visão do autor, faz parte de uma necessidade de reformulação do sistema capitalista, que se deu nesta época.
Mas, assim como Lévy, o autor Castells aponta o dilema do determinismo
tecnológico como um aspecto que deve ser refutado, uma vez que “a tecnologia é a
sociedade, e a sociedade não pode ser entendida ou representada sem suas ferramentas
tecnológicas.” (CASTELLS, 1999, p.43).
Diante do cenário da rede, Castells (2003, p.34-55) aponta a existência de uma
cultura própria da Internet, que foi fomentada a partir da conjunção de outras quatro
culturas: a tecnomeritocrática, a hacker, a comunitária virtual e a empreendedora.
De uma forma geral, a cultura tecnomeritocrática diz respeito à elite científica que
foi responsável pelo desenvolvimento da tecnologia informática. E o grande ideal da
cultura tecnomeritocrática é a crença no progresso humano através da incorporação da
tecnologia.
Por sua vez, a cultura hacker foi outro grupo que deu impulso ao crescimento da
Internet. Neste caso, o hacker tem uma concepção diferenciada da que vulgarmente se
associa ao “pirata da Internet”, correspondendo aos grupos de programadores que foram
responsáveis pelas inovações tecnológicas do meio.
A cultura comunitária virtual é formada por todas as pessoas que utilizam a rede e
que conhecem em maior ou em menor grau seus recursos em termos de linguagem e de
domínio de programações. É nesse espaço da cultura comunitária que as pessoas
experienciam as potencialidades do meio, em termos de percepção e de interação.
Por fim, a cultura empreendedora também integra a cultura da Internet, composta
pelos capitalistas de alto risco que incorporaram o meio como instrumento de geração de riquezas.
Mas o fato é que a Internet representa o sistema hipertextual pensado pelos
primeiros cientistas da computação, como Vanevar Bush e Ted Nelson, que associaram a
dinâmica não-linear à forma como o pensamento humano é executado, sendo o meio uma
possibilidade de formação de uma biblioteca universal de informações interligadas por essa hipertextualidade.

Assim como a computação, a Internet é uma criação americana, que surgiu durante
a Guerra Fria, por volta de 1969, sob o nome de Arpanet. Tratava-se de um sistema
utilizado pelo Departamento de Defesa Americano, que depois se estendeu à universidades e centros de pesquisa, para posteriormente ter o uso irrestrito. A Internet no formato em que conhecemos, com os sistemas HTTP, WWW e linguagem HTML, emergiu em 1991, sendo uma criação do cientista Tim Berners-Lee.
Portanto, sedimentação social da Internet é a base da sociedade em rede, conforme
indica Castells. Mas a Internet deve ser compreendida como uma rede que congrega
diversos grupos de redes. E essas redes não são apenas de computadores, mas também de
pessoas e de informação.
Dentro da mesma lógica da rede, essa congregação forma uma nova cultura que
Lévy denomina de cultura do ciberespaço, ou “cibercultura”:
O ciberespaço (que também chamarei de “rede”) é o novo meio de
comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O
termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação
digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga,
assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo.
Quanto ao neologismo “cibercultura”, especifica aqui o conjunto de
técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de
pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o
crescimento do ciberespaço. (LÉVY, 1999, p.17).

Aspectos sócio-econômicos da rede

A partir deste tópico nos propomos a abordar o contexto sócio-econômico que
fomentou todo esse processo capaz de estabelecer novas dinâmicas, desde ao pensamento
humano até as relações institucionais. Afinal de contas, de que sociedade estamos
tratando? Que sociedade é essa que estabelece um novo modo de ser e de agir em rede?
Como isso está sendo possibilitado?
Essas questões são tratadas por Castells em seu minucioso estudo acerca das
sociedades capitalistas, com enfoque à Europa, EUA, Ásia e América Latina, em que o
autor observa a capacidade que essas localidades possuem de se integrar à lógica da
sociedade em rede, ou não: Ela originou-se e difundiu-se, não por acaso, em um período histórico da reestruturação global do capitalismo, para o qual foi uma ferramenta básica. Portanto, a nova sociedade emergente desse processo de
transformação é capitalista e também informacional, embora apresente
variação histórica considerável nos diferentes países, conforme sua
história, cultura, instituições e relação específica com o capitalismo
global e a tecnologia informacional. (CASTELLS, 1999, p.50).
Muito embora haja uma certa especificidade da apropriação dessa nova lógica do
processo capitalista, existem algumas características gerais que acompanham as sociedades tratadas no que diz respeito às mudanças sociais da época da incorporação da rede.
Entre os principais pontos que demarcam o momento histórico das sociedades estão
a firmação das relações através do indivíduo, gerando mudanças nas relações de trabalho, com a perda da força dos sindicatos, em que no trabalho a flexibilização das relações é negociada com o próprio indivíduo; crise do patriarcalismo, surgimento de movimentos feministas, imersão da mulher no mercado de trabalho; desintegração da família nuclear tradicional; novos modelos de urbanização; desconexão entre megacidades e microlugares; e crise da legitimidade política. (CASTELLS, 1999, p.39-41).
Em termos gerais, esse é o quadro que pode ser encontrado nas sociedades
analisadas pelo autor. O fato é que a partir da década de 70, a informação e o
conhecimento adquirem uma nova projeção social e econômica, na medida em que dentro
de uma lógica de geração, processamento e transmissão da informação, as inovações e o
conhecimento são a marca da sociedade e da economia.
Castells faz uma diferenciação entre “informação” e “informacionalismo”, sendo
para ele a questão da informação um elemento inerente a todas as sociedades em qualquer modo-de-produção vivenciado, ou seja, a informação sempre exerceu um papel importante na composição sócio-econômica. Entretanto, na sociedade em rede, a informação passa a ser uma força produtiva direta dentro do processo capitalista, o que para o autor caracteriza o informacionalismo:
O termo sociedade da informação enfatiza o papel da informação na
sociedade. Mas afirmo que informação, em seu sentido mais amplo, por
exemplo, como comunicação de conhecimentos, foi crucial a todas as
sociedades, inclusive à Europa medieval que era culturalmente
estruturada e, até certo ponto, unificada pelo escolasticismo, ou seja, no
geral uma infra-estrutura intelectual (ver Southern, 1995). Ao contrário,
o termo informacional indica o atributo de uma forma específica de
organização social em que a geração, o processamento e a transmissão
da informação tornam-se as fontes fundamentais de produtividade e
poder devido às novas condições tecnológicas surgidas nesse período
histórico. (CASTELLS, 1999, p.64-65).
Ano V, n. 05 – Maio/2009
Há uma tendência de cada vez mais as sociedades informacionais estabelecerem
relações com outras sociedades informacionais, gerando um processo de exclusão daqueles que não estiverem circunscritos nessa lógica. Isso se deve a um conjunto de fatores, como a produtividade, a inovação tecnológica, a criação de redes e a globalização, o que influencia os índices sócio-econômicos de determinada localidade:
A nova economia afeta a tudo e a todos, mas é inclusiva e exclusiva ao
mesmo tempo; os limites da inclusão variam em todas as sociedades,
dependendo das instituições, das políticas e dos regulamentos. Por outro
lado, a volatilidade financeira sistêmica traz consigo a possibilidade de
repetidas crises financeiras com efeitos devastadores nas economias e
nas sociedades. (CASTELLS, 1999, p. 203).
Muito embora a cultura da Internet tenha sido apontada pela influência e formação
das culturas tecnomeritocrática, hacker, comunidades virtuais e empreendedoras, Castells vai indicar que o maior propagador da rede é o Estado, na medida em que atua enquanto força incentivadora impulsionando a competitividade das empresas, demandando em produtividade e lucratividade.
Esses três elementos, competitividade, produtividade e lucratividade são
distribuídos de maneira que ao Estado cabe garantir a competitividade dos mercados,
ficando as empresas responsáveis pelos sistemas de produtividade e lucratividade. A
economia se torna interdependente, assimétrica e diversificada de acordo com as
características das localidades.
Há, pois, uma nova Divisão Internacional do Trabalho (DIT), que subdivide-se
entre os produtores de alto valor que mantem seus negócios com base na lógica
informacional; produtores de grande volume e com trabalho de menor custo; produtores de matérias-primas que se baseiam nos recursos naturais; e os produtores cujo trabalho perde valor nesse sistema.
A nova DIT deve ser pensada a partir do papel que a informação exerce,
influenciando ou atuando diretamente dentro do processo produtivo. A possibilidade do
consumo inovador é algo que traz volatilidade ao mercado; por sua vez, as decisões
tomadas no âmbito da rede adquirem uma dimensão bastante palpável no que diz respeito
às consequências das medidas tomadas, que geram uma imprevisibilidade do mercado.
Na e-economia, o trabalhador passa a ser um e-learning, acumulando espírito de
iniciativa, autonomia, responsabilidade e talento para os negócios eletrônicos. O grande ponto que Castells vai colocar a respeito do e-learning e da sociedade em rede talvez seja o maior contraponto ao pensamento de Lévy) é o aspecto utilitarista que o indivíduo, no caso o trabalhador, adquire, que estaria acima dos aspectos cultural, social ou político, algo que se reflete também sobre o sistema educacional.
O aspecto econômico da rede, embora não seja o foco central da abordagem de
Lévy, também é apresentado pelo autor na medida em que aponta o saber como infraestrutura de atuação das “redes de inovação”, capitaneada pelas empresas e indústrias.
Também o capitalismo é apresentado como o sistema produtivo que absorveu a lógica da
rede, que o autor desenvolve com a concepção de inteligência coletiva, algo que para Lévy é impossibilitado de suceder nas economias planificadas.
E o papel do sujeito trabalhador segue uma lógica similar à apresentada em
Castells:
Doravante não basta mais identificar-se passivamente com uma
categoria, uma profissão, uma comunidade de trabalho; é necessário
ainda engajar a singularidade, a própria identidade pessoal na vida
profissional. É precisamente essa dupla mobilização subjetiva, bastante
individual, de um lado, mas ética e cooperativa, de outro, que o universo
burocrático e totalitário era incapaz de suscitar. (LÉVY, 1998, p.21).
No caso, o que o Lévy vai afirmar é que é preciso observar esses engajamentos
subjetivos para além dos imperativos econômicos:
Uma vez que um verdadeiro engajamento subjetivo é requerido dos
atores humanos, as finalidades econômicas devem remeter ao político,
no sentido amplo, ou seja, à ética e à vida da cidade. Devem fazer eco,
igualmente, a significações culturais. (...) A empresa não é só
consumidora e produtora de bens e de serviços, como quer o enfoque
econômico clássico. Não se contenta em aplicar, elaborar, distribuir
savoir-faire e conhecimento, como mostra a nova abordagem cognitiva
das organizações. Deve-se reconhecer, além disso, que a empresa, com
outras instituições, acolhe e constrói subjetividades. (LÉVY, 1998,
p.21).
A inteligência coletiva, a partir dos pressupostos da cultura informática e do novo
sistema cognitivo humano, emerge dentro desse contexto de cibercultura, em que a
inteligência não é mais fixa ou automatizada, mas reformulada e estabelecida em tempo
real, constituindo um grande cérebro global: “É uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências.” (LÉVY, 1998, p.28).
Os aspectos da inteligência coletiva, que levam em consideração a análise
antropológica da formação das redes, bem como os aspectos imbricados à vida social de
que estamos tratando, serão desenvolvidos a seguir, a partir do viés da experiência firmada com as tecnologias de comunicação.

O processo comunicativo

As abordagens de Castells e Lévy apontam como similaridades as inovações
trazidas pela Internet, o que firmou a constituição da rede, projetando novas experiências ao homem e à sociedade. No entanto, se para Castells há um aspecto utilitarista da apropriação da dinâmica da rede, em Lévy essa observação não se faz presente, na medida em que o meio está por constituir a inteligência coletiva, onde a subjetividade adquire um caráter especial no jogo das relações, sendo eliminado o aspecto do poder: O projeto da inteligência coletiva supõe o abandono da perspectiva
do poder. Ele quer abrir o vazio central, o poço de clareza que permite o jogo com a alteridade, a quimerização e a complexidade labiríntica. (LÉVY 1998, 211-212).
O aspecto principal que deve ser observado, no que diz respeito à comunicação, é a
mediação que ao mesmo tempo é interativa e massiva, ou na lógica indicada por Lévy,
avançando ao longo dos modelos UM-TODOS, UM-UM, para TODOS-TODOS.
Castells (1999, p.413) aponta a existência de uma cultura da virtualidade real, que
ocorre através da integração das novas tecnologias com a comunicação eletrônica, a
eliminação de uma audiência de massa e o surgimento das redes interativas. O aspecto
multimídia das novas tecnologias transforma as experiências humanas de percepção e
criação simbólica:
“Nossos meios de comunicação são nossas metáforas Nossas metáforas
criam o conteúdo da nossa cultura”. Como a cultura é mediada e
determinada pela comunicação, as próprias culturas, isto é, nossos
sistemas de crenças e códigos historicamente produzidos são
transformados de maneira fundamental pelo novo sistema tecnológico e
o serão ainda mais com o passar do tempo. (CASTELLS, 1999, p.414).
O caráter da comunicação é outro, pois a rede global se constitui enquanto sistema
aberto. A comunicação é um elemento que molda a cultura, porque é através da
comunicação que a vida em sociedade se faz possível, nas suas diversas manifestações,
constituindo o sistema de valores e de símbolos. E esse sistema de valores e símbolos
recebe uma influência do sistema tecnológico:
Ano V, n. 05 – Maio/2009
É precisamente devido a sua diversificação, multimodalidade e
versatilidade que o novo sistema de comunicação é capaz de abarcar e
integrar todas as formas de expressão, bem como a diversidade de
interesses, valores e imaginações, inclusive a expressão de conflitos
sociais. (CASTELLS, 1999, p.461).
São novas sociabilidades e relações com espaço e tempo que demarcam a vida
contemporânea. Nesse ínterim, o indivíduo tem adiante novos mecanismos de interação e
de composição de uma identidade própria e múltipla, formação de grupos ou tribos, um
novo espaço-tempo a ser experienciado, em que o espaço físico é praticamente eliminado e o tempo acelerado, a fusão homem-máquina, constituindo o “cyborg”.
A idéia de centralidade do processo de emissão-recepção também sofre profundas
mudanças na cultura do ciberespaço, conforme apresenta Lévy:
O computador não é mais um centro, e sim um nó, um terminal, um
componente da rede universal calculante. Suas funções pulverizadas
infiltram cada elemento do tecno-cosmos. No limite, há apenas um único
computador, mas é impossível traçar seus limites, definir seu contorno.
É um computador cujo centro está em toda parte e a circunferência em
lugar algum, um computador hipertextual, disperso, vivo, fervilhante,
inacabado: o ciberespaço em si. (LÉVY, 1999, p.44).
Para Lévy, o exercício democrático passa pela apropriação social do fenômeno
técnico. A inteligência coletiva é uma proposta da cibercultura que dispõe ao usuário, ou ao indivíduo, a participação, a socialização, a descompartimentalização e a emancipação, sendo um indicativo ao modelo desestabilizante e excludente da mutação técnica:
Novo pharmakon, a inteligência coletiva que favorece a cibercultura é ao
mesmo tempo um veneno para aqueles que dela não participam (e
ninguém pode participar completamente dela, de tão vasta e multiforme
que é) e um remédio para aqueles que mergulham em seus turbilhões e
conseguem controlar a própria deriva no meio de suas correntes. (LÉVY,
1999, p.30).
Ao apontar três momentos de experiências com tecnologias de comunicação (as
galáxias de Gutemberg, de Macluhan e da Internet), Castells classifica a galáxia da

Internet

enquanto constituição de um espaço democrático em termos de comunicação, na medida
em que o meio é aberto à pluralidade e ao amplo acesso, ainda que as questões da
desigualdade estejam refletidas na rede.
A galáxia de Gutemberg caracteriza o homem tipográfico, com percepção mais
analítica e objetiva; a galáxia de Macluhan, representa a consolidação da televisão
enquanto veículo de comunicação de massa que quebra com a estrutura do homem
tipográfico. Na galáxia da Internet, o grande diferencial ocorre com a possibilidade de interatividade e comunicação personalizada, mesmo que seja um meio de comunicação de massa.
Toda a proposta de análise indicada neste artigo teve como objetivos situar o
momento histórico no qual a informação ocupa uma posição de destaque no sentido de
processamento e geração de conhecimentos. Buscamos apontar alguns dos principais
pontos das relações e dos conceitos que envolvem todo o processo de composição da
sociedade em rede ou da cibercultura.
A Internet, este espaço propiciador da rede, permite a pluralidade e a participação,
ainda que de certa forma neste meio também exista a reprodução de padrões sociais já
existentes. As sociabilidades são firmadas especialmente em laços fracos, as identidades mudam, as fronteiras são quebradas, as incertezas navegam junto com os indivíduos neste oceano, que ao mesmo tempo permite novas experiências com o pensamento e a cognição, em tempo real e em constante processo de ressignificação.

Referências
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999;
______. A galáxia da Internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003;
LEVY, Pierre. O que é o virtual. São Paulo: Ed. 34, 1996;
______. As tecnologias da inteligência. São Paulo: Ed. 34, 1997;
______. A inteligência coletiva. São Paulo: Edições Loyola, 1998;
______. A máquina universo. Porto Alegre: ArtMed, 1998;
______. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999;
PELLANDA, Nize Maria Campos; PELLANDA, Eduardo Campos (org.). Ciberespaço: um
hipertexto com Pierre Lévy. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2000.

Manuel Castells faz panorama da sociedade em rede em novo livro

27 de Novembro de 2009

O sociólogo espanhol Manuel Castells, pesquisador da sociedade em rede e dos novos formatos de comunicação, está lançando mais um livro, ‘Comunicación y poder’
fonte: Nós da Comunicação (26.11.2009)

Para falar da obra e do atual estágio do processo comunicacional, o pensador concedeu uma longa entrevista ao diário espanhol ‘El País’. Confira a seguir os temas abordados pelo escritor.

A web

A internet não elimina a solidão, mas se as pessoas se encontram sozinhas, se sentirão menos na internet. O uso da web favorece a sociabilidade e diminui a sensação de isolamento. As pessoas que usam a internet têm mais amigos, saem mais frequentemente, participam de questões políticas, têm maiores interesses e atividades culturais.

A internet expande o mundo. A mim, deu a capacidade de pesquisar como jamais havia podido. Se você sabe onde buscar, e essa é a grande condição, estará sempre atualizado. Minha filha vive em Genebra, a filha de minha mulher vive na Sibéria, tenho dois netos em Genebra, outra neta em Los Angeles, minha mulher e eu viajamos muito. E sempre estamos em contato. Não apenas por e-mail, falamos pelo Skype, grátis.


A qualidade da comunicação

A comunicação que construímos é muito mais intensa porque podemos praticá-la muito mais intensamente. A comunicação de banda mais larga, é claro, é a face a face, porque existe comunicação onde existem não apenas palavras. Não podemos colocar uma contra a outra, e sim uni-las.


Aprender com os EUA?

Não creio que tenhamos de aprender com os norte-americanos. As taxas de audiência da internet no norte da Europa são mais altas do que nos Estados Unidos. O maior grupo de internautas – 300 milhões – está na China. A língua da internet não é o inglês, já que apenas 28% dos sites estão nessa língua.


Internet e poder

Os Estados têm medo porque perderam o controle da comunicação e da informação, em que se baseou o poder ao longo da história. A internet é extremamente útil para a educação, para os serviços públicos, para a economia. E não se pode ter um pouco de internet. Temos de ter a internet na plenitude de sua capacidade de comunicação. Eles podem fechar um servidor, mas abre-se outro. O Estado vigia a internet, entra na privacidade das pessoas. Mas sempre fez isso, mesmo sem ordem judicial. Se o Estado quer, ele nos vigia. Todos os governos, de todo o mundo, fazem isso. A novidade é que nós também podemos vigiá-los.

A internet incrementou o poder dos que tinham menos poder. Mas isso não quer dizer que aqueles que tinham o poder deixarão de tê-lo. Eles têm, mas menos. E tentam reduzir os espaços de liberdade. Nos Estados Unidos, estão buscando criar uma nova internet, com a banda mais larga e com preços mais altos. Outro método é tentar censurar, fechar servidores, mas sempre se pode desviar o tráfego para outros circuitos. Outro método é criar leis que sirvam para uma coisa – pornografia infantil, controle da pirataria... –, mas que podem ser usadas para outras. O objetivo desse tipo de lei é controlar a rede.


O fim do papel

Nunca faço previsões, pois sempre me equivoco. Acredito que o jornal em papel deixará de existir apenas no dia em que a edição for um produto de luxo, que só a elite poderá comprar, pondo fim a um prazer que eu compartilho, que é o de ler o jornal no café da manhã. Quando tivermos de pagar 10 euros pelo jornal, a maior parte dos leitores será formada na internet.


O momento atual

É um momento decisivo. Há uma crise muito profunda: as empresas não têm recursos nem as pessoas podem se permitir comprar em papel o que podem fazer na web. A ideia é como fez o ‘El País’: fechar o acesso e cobrar. O jornal, porém, teve de mudar, fazer outro modelo baseado na publicidade, nos serviços. Estamos em um ponto de aceleração rumo ao jornalismo na internet.

A entrevista foi concedida ao jornal espanhol ‘El País’.

http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/22F4BE85A6E8403403256FE7004B0C19/$File/NT000A69C2.pdf

Manuel Castells


Manuel Castells (Hellín, 1942) é um sociólogo espanhol. Entre 1967 e 1979 lecionou na Universidade de Paris, primeiro no campus de Nanterre e, em 1970, na "École des Hautes Études en Sciences Sociales". No livro "A sociedade em rede", o autor defende o conceito de "capitalismo informacional".

Foi nomeado em 1979 professor de Sociologia e Planejamento Regional na Universidade de Berkeley, Califórnia. Em 2001, tornou-se pesquisador da Universidade Aberta da Catalunha em Barcelona. Em 2003, juntou-se à Universidade da Califórnia do Sul, como professor de Comunicação.

Segundo o Social Sciences Citation Index Castells foi o quarto cientista social mais citado no mundo no período 2000-2006 e o mais citado acadêmico da área de comunicação, no mesmo período [1][2].

Atualmente Castells reside em Barcelona e Santa Monica, junto com a esposa Emma Kiselyova.
[editar] Teoria

Durante a década de 70, Castells teve um importante papel no desenvolvimento da sociologia urbana Marxista. Enfatizou o papel dos movimentos sociais na transformação conflitiva da paisagem urbana.

Introduziu o conceito de "consumo coletivo" para compor um amplo alcance dos esforços sociais, deslocado do campo econômico para o campo político pela intervenção do Estado. Ao abandonar as estruturas Marxistas no início da década de 80, começou a se concentrar no papel das novas tecnologias de informação e comunicação na reestruturação econômica.

Nos meados da década de 90, juntou os lados de sua pesquisa em um sólido estudo, chamado "A Era da Informação", publicado como uma trilogia entre 1996 e 1998.
[editar] Sociedade em Rede

O primeiro volume da Trilogia, "Sociedade em Rede - A Era da informação: Economia, sociedade e cultura", mapeia um cenário mediado pelas novas tecnlogias de informação e comunicação - TICs - e como estas interferem nas estruturas sociais. O autor propõe o conceito de capitalismo informacional, e constrói seu raciocínio partindo da história do forte desenvolvimento das tecnologias a partir da década de 70 e seus impactos nos diversos campos das relações humanas. Demonstra como tecnologias, inicialmente impulsionadas pelas pesquisas militares, foram amplamente utilizadas pelo setor financeiro, justamente em um momento de necessidade de reestruturação do capitalismo. Aproveitando-se do processo de desregulamentação promovido pelos Estados Unidos e organismos internacionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, o capital financeiro multiplicou sua circulação entre os diversos mercados mundiais, em movimentos cada vez menos vinculados ao processo produtivo. As tecnologias também tiveram papel fundamental na reestruturação das empresas, que puderam horizontalizar suas estruturas e, por meio de TICs de baixo custo, transnacionalizar a produção. Ao analisar a questão da produtividade, Castells ressalta que a introdução das novas tecnologias somente começou a ter efeito a partir do final da década de 1990, o que justificaria a ausência de aumento de produtividade no período 1970-80. Ressalta, também, o impacto dessa reestruturação do capital financeiro e da nova sociedade organizada em rede em relação ao trabalho. Argumenta que, mais do que as novas tecnologias, as políticas empresariais e governamentais, bem como aspectos institucionais e culturais é que determinam os impactos na questão do emprego. Sustenta, ainda, que há um processo tendente à dualização do trabalho, com aumento substancial dos trabalhadores de alto nível e também de nível de menor qualificação, havendo um claro achatamento dos empregados de padrão intermediário de conhecimento e rendimento. Castells, igualmente, apresenta sua formulação teórica do que intitula "a cultura da virtualidade real", lembrando que as culturas consistem processos de comunicação e que, uma vez sendo a comunicação baseada em sinais, não há separação entre "realidade" e representação simbólica. Isso é importante para destacar que as relações humanas, cada vez mais, se darão em um ambiente multimídia, cujos impactos ainda estão por serem estudados.

http://www.scribd.com/doc/19852635/CASTELLS-Manuel-a-Sociedade-Em-Rede-Parte-1


CASTELLS, Manuel. A Era da Informação: economia, sociedade e cultura, vol. 3, São Paulo: Paz e terra, 1999, p. 411-439


CONCLUSÃO: DEPREENDENDO NOSSO MUNDO



Esta é a conclusão geral de um livro em três volumes. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. Tentei evitar repetições. Sobre a definição dos conceitos teóricos empregados nesta conclusão (por exemplo, informacionalismo ou relações de produção), favor consultar o Prólogo do livro no volume I. Vide também a conclusão do volume I para uma abordagem do conceito de sociedade em rede e a conclusão do volume II para uma análise das relações entre identidade cultural, movimentos sociais e política.
Um novo mundo está tomando forma neste fim de milênio. Originou-se mais ou menos no fim dos anos 60 e meados da década de 70 na coincidência histórica de três processos independentes: revolução da tecnologia da informação; crise econômica do capitalismo e do estatismo e a conseqüente reestruturação de ambos; e apogeu de movimentos sociais e culturais, tais como libertarismo, direitos humanos, feminismo e ambientalismo. A interação entre esses processo e as reações por eles desencadeadas fizeram surgir uma nova estrutura social dominante, a sociedade em rede; uma nova economia, a economia informacional/global; e uma nova cultura, a cultura da virtualidade real. A lógica inserida nessa economia, nessa sociedade e nessa cultura está subjacente à ação e às instituições sociais em um mundo interdependente.
Algumas características cruciais deste novo mundo foram identificadas na análise apresentada nos três volumes deste livro. A revolução da tecnologia da informação motivou o surgimento do informacionalismo como a base material de uma nova sociedade. No informacionalismo, a geração de riqueza, o exercício do poder e a criação de códigos culturais passaram a depender da capacidade tecnológica das sociedades e dos indivíduos, sendo a tecnologia da informação o elemento principal dessa capacidade. A tecnologia da informação tornou-se ferramenta indispensável para a implantação efetiva dos processos de reestruturação socioeconômica. De especial importância, foi seu papel ao possibilitar a formação de redes como modo dinâmico e auto-expansível de organização da atividade humana. Essa lógica preponderante de redes transforma todos os domínios da vida social e econômica.
A crise dos modelos de desenvolvimento econômico tanto do capitalismo como do estatismo motivaram sua reestruturação paralela a partir de meados dos anos 70. nas economias capitalistas, empresas e governos estabeleceram várias medidas e políticas que, em conjunto, levaram a uma nova forma de capitalismo. Suas características são a globalização das principais atividades econômicas, flexibilidade organizacional e maior poder para o patronato em suas relações com os trabalhadores. Pressões competitivas, flexibilidade de trabalho e enfraquecimento de mão-de-obra sindicalizada levaram à redução de despesas com o Estado do bem-estar social, alicerce do contrato social na era industrial. As novas tecnologias da informação desempenharam papel decisivo ao facilitarem o surgimento desse capitalismo flexível e rejuvenescido, proporcionando ferramentas para a formação de redes, comunicação à distância, armazenamento/processamento de informação, individualização coordenada do trabalho e concentração e descentralização simultâneas do processo decisório.
Nessa economia global interdependente, novos concorrentes, empresas e países, vieram reivindicar uma participação crescente na produção, no comércio e no trabalho. O surgimento de uma economia poderosa e competitiva na região do Pacífico e os novos processos de industrialização e expansão de mercado em várias regiões do mundo ampliaram o escopo e a escala da economia global, estabelecendo uma base multicultural de interdependência econômica. Por intermédio da tecnologia, redes de capital, de trabalho, de informação e de mercados conectaram funções, pessoas e locais valiosos ao redor do mundo ao mesmo tempo em que desconectaram as populações e territórios desprovidos de valor e interesse para a dinâmica do capitalismo global. Seguiram-se exclusão social e não-pertinência econômica de segmentos de sociedades, de áreas urbanas, de regiões e de países inteiros, constituindo o que chamo de "o Quarto Mundo". A tentativa desesperada de alguns desses grupos sociais e territórios para conectar-se à economia global e escapar da marginalidade levou a uma situação que chamo de "a conexão perversa", quando o crime organizado em todo o mundo tirou vantagem de sua condição para promover o desenvolvimento da economia do crime global. O objetivo é satisfazer o desejo proibido e fornecer mercadorias ilegais à contínua demanda de sociedades e indivíduos abastados.
A reestruturação do estatismo provou ser mais difícil, sobretudo para a sociedade estatista predominante no mundo, a União Soviética, no centro de uma ampla rede de países e partidos estatistas. Está comprovado que o estatismo soviético foi incapaz de assimilar o informacionalismo e, com isso, bloqueou o crescimento econômico e enfraqueceu, de forma decisiva, seu aparato bélico, fonte básica de poder em um regime estatista. A conscientização sobre a estagnação e o declínio levou alguns líderes soviéticos, de Andropov a Gorbachev, a tentarem uma reestruturação do sistema. Para superar a inércia e a resistência do partido/Estado, os líderes reformistas franquearam o acesso a informações e pediram o apoio da sociedade civil. A poderosa expressão de identidades nacionais/culturais e as demandas populares por democracia não puderam ser facilmente canalizadas para um programa de reformas preestabelecido. A pressão dos acontecimentos, os erros táticos, a incompetência política e a eterna divisão dos aparatos estatistas levaram ao súbito colapso do comunismo soviético em um dos mais extraordinários eventos da história política. Com ele, o império soviético também desmoronou, e os regimes estatistas em sua esfera global de influência enfraqueceram-se de forma decisiva. Assim terminou, em espaço de tempo equivalente a um instante pelos padrões históricos, a experiência revolucionária mais importante do século XX. Também significou o fim da Guerra Fria entre o capitalismo e o estatismo, uma guerra que dividira o mundo, determinara geopolíticas e assombrara nossa vida nesta última metade de século.
Em seu modelo comunista, o estatismo praticamente acabou ali, apesar de o tipo de estatismo da Chima ter tomado um caminho mais complicado e sutil para sua saída histórica, como tentei mostrar no capítulo 4 deste volume, a bem da coerência da argumentação aqui apresentada, deixe-me lembrar o leitor de que nos anos 90, o Estado chinês, embora sob controle total do Partido Comunista, apresenta uma organização voltada para a incorporação da China no capitalismo global com base em um projeto nacionalista representado pelo Estado. Esse nacionalismo chinês com características socialistas está se afastando rapidamente do estatismo em direção ao capitalismo global e, ao mesmo tempo, tentando encontrar um modo de adaptar-se ao informacionalismo sem uma sociedade aberta.
Após o fim do estatismo como sistema, em menos de uma década o capitalismo prospera no mundo e aumenta sua penetração nos países, culturas e domínios da vida. Não obstante um panorama social e cultural bastante diversificado, pela primeira vez na história, todo o planeta está organizado com base em um conjunto de regras econômicas em grande parte comuns. É, todavia, um tipo de capitalismo diferente daquele formado ao longo da Revolução Industrial ou do capitalismo resultante da Depressão dos anos 30 e da Segunda Guerra Mundial, sob a forma de keynesianismo econômico e ênfase no estado do bem-estar social. É uma forma de capitalismo com objetivos mais firmes, porém com meios incomparavelmente mais flexíveis que qualquer um de seus predecessores. É o capitalismo informacional, que consta com a produtividade promovida pela inovação e a competitividade voltada para a globalização a fim de gerar riqueza e apropriá-la de forma seletiva. Está, mais que nunca, inserido na cultura e é equipado pela tecnologia, mas, desta vez, tanto a cultura como a tecnologia dependem da capacidade de conhecimentos e informação agirem sobre conhecimentos e informação em uma rede recorrente de intercâmbios conectados em âmbito global.
As sociedades, contudo, não são apenas o resultado da transformação tecnológica e econômica, nem pode a mudança social ficar limitada a crises e adaptações institucionais. Mais ou menos ao mesmo tempo em que esses desenvolvimentos começaram a ocorrer ao fim dos anos 60, explodiram importantes movimentos sociais quase simultâneos por todo o mundo industrializado, primeiro nos Estados Unidos e na França, depois na Itália, Alemanha, Espanha, Japão, Brasil, México, Tchecoslováquia, com ecos e reações em muitos outros países. Como participante desses movimentos sociais (era professor adjunto de sociologia no campus Nanterre da Universidade de Paris em 1968), sou testemunha de seu libertarismo. Apesar de, muitas vezes, adotarem expressões ideológicas marxistas em suas vanguardas militantes, eles tinham pouco a ver com o marxismo ou, a esse respeito, com a classe operária. Eram movimentos essencialmente culturais, querendo mudar a vida em vez de assumir o poder. Sabiam, por intuição, que o acesso às instituições do Estado coopta o movimento, ao passo que a construção de um novo Estado revolucionário perverte o movimento. Suas ambições abrigavam reação multidimensional à autoridade arbitrária, revolta contra a injustiça e busca por experimentação pessoal embora quase sempre postos em prática por estudantes, não eram, em absoluto, movimentos estudantis, visto que permeavam toda a sociedade, acima de tudo entre os jovens, e seus valores repercutiram em todas as esferas da vida. É claro que no plano político eram derrotados, pois, como a maioria dos movimentos utópicos da história, eles nunca visavam à vitória política. Mas desapareciam com alta produtividade histórica, com muitas de suas idéias e alguns de seus sonhos germinando nas sociedades e florescendo como inovações culturais que políticos e ideólogos terão de entender e aceitar nas gerações futuras. Desses movimentos surgiram as idéias que se transformariam na fonte do ambientalismo, do feminismo e da contínua defesa dos direitos humanos, da liberdade sexual, da igualdade étnica e da democracia popular. Os movimentos culturais dos anos 60 e do início da década de 70, com sua afirmação de autonomia individual contra o capital e o Estado deram nova ênfase à política da identidade. Essas idéias prepararam caminho para a construção de comunas culturais na década de 90, quando a crise de legitimidade das instituições da era industrial obscurecia o significado de política democrática.
Os movimentos sociais não eram reações à crise econômica. Sem dúvida, eles explodiram no fim dos anos 60, no auge do crescimento sustentado e pleno emprego, como crítica à "sociedade do consumismo". Embora tenham induzido algumas greves de trabalhadores, como na França, e auxiliado a esquerda política, como na Itália, esses movimentos não pertenciam à política de esquerda nem de direita da era industrial que fora organizada com base nas divisões de classes, próprias do capitalismo, e, embora em termos gerais eles coexistissem com a revolução da tecnologia da informação, a tecnologia estava em grande parte ausente dos valores ou críticas da maioria dos movimentos, se excetuarmos alguns apelos contra o maquinismo desumanizador e a oposição à energia nuclear (tecnologia antiga na Era da Informação). Todavia, mesmo que tenham sido fundamentalmente culturais e independentes das transformações econômicas e tecnológicas, esses movimentos tiveram impacto sobre a economia, a tecnologia e os resultantes processos de reestruturação. Seu espírito libertário exerceu influência considerável no movimento para os usos individualizados e descentralizados da tecnologia. Sua profunda separação da política trabalhista tradicional contribuiu para o enfraquecimento da mão-de-obra sindicalizada e, com isso, facilitou a reestruturação capitalista. Sua abertura cultural estimulou a experimentação tecnológica com manipulação de símbolos, constituindo um novo mundo de representações imaginárias que evoluiriam para a cultura da virtualidade real. seu cosmopolitismo e internacionalismo lançaram as bases intelectuais para um mundo interdependente. E sua aversão ao Estado enfraqueceu a legitimidade dos rituais democráticos, apesar de alguns líderes do movimento terem prosseguido no intuito de renovar as instituições políticas. Além disso, ao recusarem a transmissão ordeira dos códigos eternos e dos valores estabelecidos, tais como o patriarcalismo, o tradicionalismo religioso e o nacionalismo, os movimentos dos anos 60 prepararam terreno para uma divisão fundamental nas sociedades de todo o mundo: por um lado, as elites ativas com cultura auto-definida, construindo os próprios valores embasados em sua experiência; por outro, grupos sociais inseguros e cada vez mais incertos, desprovidos de informação, recursos e poder, cavando as próprias trincheiras de resistência exatamente com base nesses valores eternos execrados pelos rebeldes dos anos 60.
A revolução da tecnologia, a reestruturação da economia e a crítica da cultura convergiram para uma redefinição histórica das relações de produção, poder e experiência em que se baseia a sociedade.

UMA NOVA SOCIEDADE

Surge uma nova sociedade quando e se uma transformação estrutural puder ser observada nas relações de produção, de poder e de experiência. Essas transformações conduzem a uma modificação também substancial das formas sociais de espaço e tempo e ao aparecimento de uma nova cultura.
As informações e as análises apresentadas nos três volumes deste livro representam forte indicação dessa transformação multidimensional neste fim de milênio. Resumirei as principais características da mudança de cada dimensão, encaminhando o leitor aos respectivos capítulos que tratam de cada assunto para material empírico que confere alguma credibilidade às conclusões apresentadas a seguir.
As relações de produção transformaram-se tanto em termos sociais como técnicos. Na verdade, elas são capitalistas, mas de um tipo de capitalismo historicamente diferente que chamo de capitalismo informacional. Para maior clareza, analisarei, em seqüência, as novas características do processo produtivo, do trabalho e do capital. Então, a transformação das relações de classes poderá tornar-se visível.
A produtividade e a competitividade constituem os principais processos da economia informacional/global. A produtividade origina-se essencialmente da inovação, e a competitividade, da flexibilidade. Portanto, empresas, regiões, países, unidades econômicas de todas as espécies preparam suas relações de produção para maximizar a inovação e a flexibilidade. A tecnologia da informação e a capacidade cultural de utilizá-la são fundamentais no desempenho da nova função da produção, além disso, um novo tipo de organização e administração, com vistas à adaptabilidade e coordenação simultâneas, torna-se a base do sistema operacional mais efetivo, exemplificando pelo que rotulei de a empresa em rede.
Nesse novo sistema de produção, a mão-de-obra é redefinida, no que diz respeito a seu papel de produtora, e bastante diferenciada conforme as características dos trabalhadores. Uma diferença importante refere-se ao que chamo de mão-de-obra genérica versus mão-de-obra auto-programável. A qualidade crucial para a diferenciação desses tipos de trabalhadores é a educação e a capacidade de atingir níveis educacionais mais altos, ou sejam, os conhecimentos incorporados e a informação, deve-se estabelecer distinção entre o conceito de educação e o de conhecimento especializados. Conhecimentos especializados podem tornar-se obsoletos com rapidez mediante mudança tecnológica e organizacional. Educação ou instrução (diferentemente do internamento de crianças e estudantes em instituições) é o processo pelo qual as pessoas, isto é, os trabalhadores, adquirem capacidade para uma redefinição constante das especialidades necessárias à determinada tarefa e para o acesso às fontes de aprendizagem dessas qualificações especializadas. Qualquer pessoa instruída, em ambiente organizacional adequado, poderá reprogramar-se para as tarefas em contínua mudança no processo produtivo. Já a mão-de-obra genérica recebe determinada tarefa sem nenhum recurso de reprogramação, e não se pressupõe a incorporação de informações e conhecimentos além da capacidade de receber e executar sinais. É claro que esses "terminais humanos" podem ser substituídos por máquinas ou por "outro corpo" da cidade, do país ou do mundo em função das decisões empresariais. Embora, no conjunto, sejam imprescindíveis ao processo produtivo, individualmente esses trabalhadores são dispensáveis, pois o valor agregado de cada um deles representa uma pequena fração do que é gerado pela e para a organização. Máquinas e mão-de-obra genérica de várias origens e locais coabitam os mesmo circuitos sibservientes do sistema de produção.
A flexibilidade instituída em termos organizacionais pela empresa em rede requer trabalhadores ativos na rede e trabalhadores de jornada flexível, bem como uma ampla série de sistemas de trabalho, inclusive trabalho autônomo e subcontratações recíprocas. A geometria variável desses sistemas leva à descentralização coordenada do trabalho e à individualização dos trabalhadores.
A economia informacional/global é capitalista; sem dúvida, mais capitalista que qualquer outra economia na história. Mas o capital está tão mudado quanto o trabalho nessa nova economia. A norma continua sendo a produção pelo lucro e para a apropriação privada dos lucros com base nos direitos de propriedade – o que constitui a essência do capitalismo. Mas como ocorre essa apropriação de lucros? Quem são os capitalistas? Devem-se considerar três diferentes níveis para responder a essa pergunta básica. Apenas o terceiro nível é específico ao capitalismo informacional.
O primeiro nível diz respeito aos detentores dos direitos de propriedade que são basicamente de três tipos: (a) acionistas de empresas, grupo em que acionistas institucionais anônimos predominam cada vez mais e cujas decisões sobre investimento e desinvestimento são, muitas vezes, determinadas apenas por análises financeiras de curto prazo; (b) proprietários familiares, forma de capitalismo ainda importante, sobretudo na região do Pacífico asiático: e (c) empresários individuais, donos dos próprios meios de produção (a inteligência é seu maior patrimônio), empreendedores que correm riscos, e donos de sua própria fonte geradora de lucros. Esta última categoria, que havia sido fundamental para as origens do capitalismo industrial e depois foi, em grande parte, sendo extinta de forma gradativa pelo industrialismo empresarial, retornou de forma notável com o capitalismo informacional, usando a preeminência da inovação e da flexibilidade como características essenciais do novo sistema de produção.
O segundo nível de formas capitalistas refere-se à classe de administradores, ou seja, os controladores dos bens de capital em nome dos acionistas. Esses administradores, cuja primazia Berle e Means j;á haviam mostrado na década de 30, ainda constituem o centro do capitalismo no informacionalismo, sobretudo nas empresas multinacionais. Não vejo motivo para não incluir entre eles. Os administradores de empresas estatais que praticamente seguem a mesma lógica e compartilham a mesma cultura, menos o risco de perdas, que são cobertas pelo contribuinte.
O terceiro nível do processo de apropriação de lucros pelo capital é história antiga, mas também é característica fundamental do novo capitalismo informacional. Diz respeito à natureza dos mercados financeiros globais. Nesses mercados, os lucros de todas as fontes acabam convergindo em busca de maiores ganhos. Na verdade, as margens de lucro nos mercados acionário, monetário, de títulos, futuros, opções e derivativos, isto é, nos mercados financeiros em geral, são em média muito mais altas que na maior parte dos investimentos diretos, à exceção de alguns casos de especulação. Essa vantagem não decorre da natureza do capital financeiro, a forma mais antiga de capital na história, mas sim das condições tecnológicas em que o capital opera no informacionalismo. Ou seja, este último invalida o conceito de espaço e tempo mediante meios eletrônicos. Sua capacidade tecnológica e informacional de fazer análises contínuas, por todo o planeta em busca de oportunidades de investimento, e de mudar de uma opção para outra em questão de segundos faz com que o capital esteja em movimento constante, fundindo nesse movimento capital de todas as origens, como em investimentos em fundos mútuos. Os recursos de programação e previsão dos modelos de gerenciamento financeiro possibilitam colonizar o futuro e seus interstícios (isto é, possíveis cenários alternativos), vendendo esse "patrimônio irreal" como direitos de propriedade do imaterial. Jogando-se segundo as regras, não há nada de errado com esse cassino global. Afinal de contas, se uma gestão cautelosa e tecnologia apropriada evitam crises drásticas de mercado, as perdas de algumas frações de capital representam os ganhos de outras, de forma que no longo prazo o mercado faz um balanço e mantém um equilíbrio dinâmico. Contudo, em razão do diferencial entre o montante de lucros obtidos com a produção de bens e serviços e o valor que se pode conseguir com investimentos financeiros, os capitais individuais de todos os tipos, sem dúvida, dependem da sorte de seus investimentos nos mercados financeiros globais, visto que o capital nunca pode ficar ocioso. Desse modo, os mercados financeiros globais e suas redes de gerenciamento são o verdadeiro capitalista coletivo, a mãe de todas as acumulações. Não quer dizer que o capital financeiro domine o capital industrial, antiga dicotomia que simplesmente não condiz com a nova realidade econômica. De fato, nos últimos vinte e cinco anos, em geral as próprias empresas de todo o mundo financiaram a maioria dos investimentos co m a receita gerada por suas atividades. Bancos não controlam indústrias nem a si mesmos. Empresas de todos os tipos, agentes financeiros, produtores industriais, agrícolas e de serviços, bem como governos e instituições públicas, utilizam-se das redes financeiras globais como depositárias de suas receitas e fonte potencial de maiores lucros. É dessa forma específica que as redes financeiras globais são o centro nervoso de capitalismo informacional. Seus movimentos determinam o valor de ações, títulos e moedas, trazendo a ruína ou a prosperidade a poupadores, investidores, empresas e países. Mas esses movimentos não seguem uma lógica de mercado. O mercado é torcido, manipulado e transformado por uma combinação de manobras estratégicas acionadas por computadores, psicologia das multidões a partir de fontes multiculturais e turbulências inesperadas causadas por graus cada vez maiores de complexidade na interação entre os fluxos de capital em escala global. Embora economistas de primeira linha estejam tentando elaborar o modelo de comportamento desse mercado com base na teoria de jogo, os dados desses esforços heróicos para encontrar padrões de expectativas racionais são baixados de imediato nos computadores de magos das finanças para obter nova vantagem competitiva desse conhecimento, inovando os padrões de investimentos já conhecidos.
As conseqüências desses progressos sobre as relações das classes sociais são tão profundas quanto complexas. Entretanto, antes de identificá-las, preciso caracterizar os diferentes sentidos de relações de classes. Uma abordagem enfoca a desigualdade social com base na renda e na condição social, segundo a teoria da estratificação social. nessa perspectiva, o novo sistema distingue-se por uma tendência a aumentar a desigualdade social e a polarização, ou seja, o crescimento simultâneo de ambos os extremos da escala social, o mais alto e o mais baixo. Esse cenário resulta de três fatores: (a) uma diferenciação fundamental entre mão-de-obra altamente produtiva e autoprogramável e mão-de-obra genérica dispensável: (b) a individualização dos trabalhadores, que enfraquece a organização coletiva e abandona os segmentos mais frágeis da força de trabalho ao próprio destino; e (c) sob o impacto da individualização dos trabalhadores, da globalização da economia e da deslegitimação do estado, o fim gradativo do estado do bem-estar-social, com isso tirando a rede de segurança das pessoas que necessitam dessa assistência. Essa tendência para a desigualdade e polarização com certeza não é inexorável: pode ser combatida e evitada por políticas públicas deliberadas. Mas a desigualdade e a polarização são predefinidas na dinâmica do capitalismo informacional e prevalecerão a menos que seja tomada alguma ação consciente para contrapor-se a elas.
Um segundo significado de relações de classes diz respeito à exclusão social. Com isso refiro-me à desassociação entre pessoas como pessoas e pessoas como trabalhadores/consumidores como trabalhadores na dinâmica do capitalismo informacional em escala global. No capítulo 2 deste volume, procurei mostrar as causas e as conseqüências dessa tendência em várias situações. Sob a perspectiva da lógica do novo sistema de produção, um número considerável, provavelmente em crescimento, de seres humanos não é mais pertinente nem como produtor, nem como consumidor. Devo enfatizar mais uma vez: isso não equivale a dizer que há (ou haverá) desemprego em massa. Dados comparativos revelam que, no geral, em todas as sociedades urbanas a maior parte das pessoas e/ou suas famílias tem trabalho remunerado, mesmo em bairros e em países pobres. A questão é: que espécie de trabalho, por qual tipo de salário, sob quais condições? É isto que está acontecendo: a massa de trabalhadores genéricos circula por vários empregos, cada vez mais por trabalhos eventuais, com muita descontinuidade. Portanto, milhões de pessoas estão o tempo todo com e sem trabalho remunerado, freqüentemente em atividades informais e, em grande parte, no chão de fábrica da economia do crime, além disso, a perda da relação estável com o emprego e o pequeno poder de barganha de muitos trabalhadores levam a um nível mais alto de incidência de crises profundas na vida familiar: perda temporária de emprego, crises pessoais, doença, vícios em drogas/álcool, perda de empregabilidade, perda de bens, perda de crédito. Muitas dessas crises ligam-se entre si, provocando a espiral descendente da exclusão social rumo ao que chamei de "os buracos negros do capitalismo informacional", dos quais, segundo dados estatísticos, é difícil escapar.
A fronteira entre a exclusão social e a sobrevivência diária está cada vez mais indistinta para grande número de pessoas em todas as sociedades, após perder boa parte da rede de segurança, sobretudo no caso das novas gerações da era pós-Estado do bem-estar social, as pessoas não conseguem acompanhar a constante e necessária atualização profissional. Com isso, ficam para trás na corrida competitiva e transformam-se em prováveis candidatas à próxima rodada de "enxugamento" dessa camada intermediária, que constitui a força das sociedades capitalistas avançadas durante a era industrial e agora se encolher cada vez mais. Portanto, os processos de exclusão social não apenas afetam aqueles que estão em "verdadeira situação de desvantagem", mas também os indivíduos e as categorias sociais que construíram a vida com base em luta constante para não cair em um submundo estigmatizado de mão-de-obra desvalorizada e de pessoas socialmente incapazes.
Um terceiro modo de compreender as novas relações de classes, desta vez na tradição marxista, diz respeito a quem são os produtores e quem apropria os produtos de seu trabalho. Admitindo-se que a inovação seja a fonte principal de produtividade, conhecimentos e informação sejam os elementos essenciais do novo processo produtivo e a educação seja a principal qualidade dos trabalhadores, os novos produtores do capitalismo informacional são esses geradores de conhecimentos e processadores de informação cuja ajuda é valiosíssima para a empresa, a região e a economia nacional. Mas a inovação não ocorre de forma isolada. É parte de um sistema em que a gestão das organizações, o processamento de conhecimentos e de informação e a produção de bens e serviços estão interligados. Definida desse modo, essa categoria de produtores informacionais inclui um enorme grupo de administradores, profissionais especializados e técnicos que formam um "trabalhador coletivo", ou seja, uma unidade produtora formada pela cooperação entre vários trabalhadores individuais inseparáveis. Nos países da OCDE eles podem representar por volta de um terço da população empregada. A maioria dos outros trabalhadores talvez esteja na categoria da mão-de-obra genérica, potencialmente substituível por máquinas ou por outros membros dessa mesma força de trabalho. Esses trabalhadores precisam dos produtores para a produção de seu poder de barganha. Todavia os produtores informacionais não precisam deles, o que representa uma divisão básica no capitalismo informacional, levando à dissolução progressiva dos remanescentes da solidariedade de classe existente na sociedade industrial.
Mas quem apropria uma fatia do trabalho dos produtores informacionais? Sob um aspecto, nada mudou em relação ao capitalismo clássico: são os empregadores. Esse é o motivo básico pelo qual eles dão emprego aos produtores. Entretanto, o mecanismo de apropriação do excedente é bem mais complicado. Primeiro, conforme a tendência, as relações de emprego são individualizadas, isto é, haverá um acordo diferente com cada produtor. Segundo, uma proporção crescente de produtores controla o próprio processo de trabalho e entra em relações de trabalho horizontais específicas de forma que, em grande parte, torna-se produtor independente, submetido às forças do mercado, mas praticando estratégias de mercado. Terceiro, com freqüência suas receitas vão para o turbilhão dos mercados financeiros globais, alimentados exatamente pelo segmento abastado da sociedade da população global, de maneira que eles também são proprietários coletivos de capital coletivo, ficando dependentes do desempenho dos mercados de capital. Nessas condições, não podemos dizer que haja uma contradição de classes entre essas redes de produtores bastante individualizados e o capitalista coletivo das redes financeiras globais. Na verdade, há abuso e exploração freqüente de produtores individuais, bem como de grandes massas de trabalhadores genéricos por quem quer que esteja no comando dos processos produtivos. Porém, a segmentação dos trabalhadores, a individualização do trabalho e a difusão do capital nos circuitos das finanças globais, em conjunto, provocaram o desaparecimento gradativo da estrutura de classes na sociedade industrial. Há (e haverá) intensos conflitos sociais, alguns deles promovidos por trabalhadores e sindicatos, da Coréia à Espanha. Porém, não são a expressão de luta de classes, e sim, de exigências de grupos de interesses e/ou de revolta contra a injustiça.
Estas são as divisões sociais realmente básicas da Era da Informação: primeiro, a fragmentação interna da força de trabalho entre produtores informacionais e mão-de-obra genérica substituível. Segundo, a exclusão social de um segmento significativo da sociedade formado por indivíduos descartados cujo valor como trabalhadores/consumidores já está desgastado e cuja importância como pessoa é ignorada. E, terceiro, a separação entre a lógica de mercado das redes globais de fluxos de capital e a experiência humana de vida dos trabalhadores.
As relações de poder também estão sendo transformadas pelos processos sociais identificados e analisados neste livro. A principal mudança diz respeito à crise do Estado-nação como entidade soberana e a crise conexa da democracia política, como foi construída nos dois últimos séculos. Como os comandos do Estado não poderão ser impostos por completo e visto que algumas de suas promessas fundamentais incorporadas no Estado do bem-estar social não poderão ser cumpridas, sua autoridade e legitimidade são questionadas. Como a democracia representativa concretiza-se na noção de um órgão soberano, a indefinição de fronteiras de soberania leva a incertezas no processo de delegação da vontade popular. A globalização do capital, a "multilateralização" das instituições do poder e a descentralização da autoridade para governos regionais e locais ocasionam uma nova geometria do poder, talvez levando a uma nova forma de Estado, o Estado em rede. Atores sociais e cidadãos em geral maximizam as chances de representação de seus interesses e valores, utilizando-se de estratégias nas redes de relações entre várias instituições, em diversas esferas de competência. Cidadãos de uma determinada região européia terão melhores oportunidades de defender seus interesses se apoiarem as autoridades regionais contra o governo nacional, em aliança com a União Européia. Ou o contrário. Ou ainda nenhuma, nem outra coisa, ouse já, afirmando a autonomia local/regional contra ambos, o Estado-nação e as instituições supranacionais. Norte-americanos descontentes poderão injuriar o governo federal em nome da nação norte-americana. Ou as novas elites empresariais chinesas poderão cuidar de seus interesses unindo-se ao governo provincial, ou ao ainda poderoso governo nacional, ou às redes de comunidades chinesas no exterior. Em outras palavras, a nova estrutura do poder é controlada por uma geometria em rede em que as relações de poder são sempre específicas a determinada configuração de atores e instituições.
Nessas condições, a política informacional posta em prática principalmente por manipulação de símbolos no espaço da mídia combina com este mundo das relações de poder em constante mudança. Jogos estratégicos, representação sob medida e liderança personalizada substituem eleitorados de classes, mobilização ideológica e controle partidário, características da política da era industrial.
À medida que a política se torna um teatro, e as instituições políticas são mais agências de negociação que locais de poder, os cidadãos de todo o mundo defendem-se por meio do voto para impedir que o estado os prejudique, em vez de confiarem as ele a representação de sua vontade. Em certo sentido, o sistema político é destinado de poder, embora não de influência.
O poder, contudo, não desaparece. Em uma sociedade informacional, ele fica fundamentalmente inscrito nos códigos culturais mediante os quais as pessoas e as instituições representam a vida e tomam decisões, inclusive políticas. Em certo sentido, o poder, embora real, torna-se imaterial. É real, pois, onde quer que e quando quer que se consolide, dá aos indivíduos e às organizações, por determinado tempo, a capacidade para impor, suas decisões independentemente de consenso. Mas é imaterial porque tal capacidade deriva-se da capacidade de compor a experiência de vida em categorias que predispõem a determinado comportamento e, depois, poderão ser apresentadas de modo a beneficiar determinada liderança. Por exemplo, se uma população sentir-se ameaçada por temores multidimensionais inidentificáveis, a composição desses temores segundo os códigos de imigração = raça = pobreza = Estado do bem-estar = crime = perda de emprego = impostos = ameaça fornece um alvo identificável, define um NÓS contra ELES e favorece os líderes que se tornam mais merecedores de crédito ao apoiarem uma dose razoável de racismo e xenofobia. Ou, em um exemplo muito diferente, se as pessoas ligarem a qualidade de vida à conservação da natureza e à serenidade espiritual, poderão surgir novos atores políticos, e novas políticas públicas poderão ser implementadas.
Batalhas culturais são as lutas pelo poder da Era da Informação. São travadas basicamente dentro da mídia e por ela, mas os meios de comunicação não são os detentores do poder. O poder, como capacidade de impor comportamentos, reside nas redes de troca de informação e de manipulação de símbolos que estabelecem relações entre atores sociais, instituições e movimentos culturais por intermédio de ícones, porta-vozes e amplificadores intelectuais. No longo prazo, não importa quem está no poder porque a distribuição dos papéis políticos torna-se generalizada e rotativa. Não há mais elites estáveis do poder. Há, contudo, elites resultantes do poder, ou seja elites formadas durante seu breve período de detenção de poder em que tiram, vantagens da posição política privilegiada para obter acesso mais permanente aos recursos materiais e às conexões sociais. A cultura como fonte de poder e o poder como fonte de capital são a base da nova hierarquia social da Era da Informação.
A transformação das relações de experiência gira sobretudo em torno da crise do patriarcalismo, uma das causas da profunda redefinição da família, das relações de gênero, da sexualidade e, portanto, da personalidade. Tanto por motivos estruturais (ligados à economia informacional) como em razão do impacto dos movimentos sociais (feminismo, lutas femininas e liberação sexual), a autoridade patriarcal é contestada na maior parte do mundo, embora sob várias formas e com diferente intensidade dependendo dos contextos culturais/institucionais. O futuro da família é incerto, mas o futuro do patriarcalismo não é; este último só poderá sobreviver sob a proteção de Estados autoritários e do fundamentalismo religioso. Conforme demonstram os estudos apresentados no capítulo 4 do volume II, nas sociedades abertas a família patriarcal está passando por crise profunda, enquanto novos embriões de famílias igualitárias ainda estão lutando contra o velho mundo de interesses, medos e preconceitos. Redes de pessoas (sobretudo para mulheres) substituem cada vez mais as famílias nucleares como formas primárias de apoio emocional e material. Os indivíduos e seus filhos seguem um padrão de família seqüencial e de planos pessoais não-familiares durante a vida. E, embora exista uma tendência bastante crescente de envolvimento dos homens com seus filhos, as mulheres – solteiras ou morando juntas – e os filhos representam, cada vez mais, a forma predominante de reprodução da sociedade, modificando assim os padrões de socialização de maneira profunda. É verdade que estou tomando como ponto principal de referência a experiência dos Estados Unidos e da maior parte da Europa Ocidental (sendo que o sul da Europa e, até certo ponto, exceção no contexto europeu). Todavia, como afirmei no volume II, pode-se demonstrar que as lutas das mulheres sejam ou não reconhecidamente feministas, estão se espalhando por todo o mundo e enfraquecendo o patriarcalismo na família, na economia e nas instituições sociais. A meu ver, é muito provável que, como a difusão das lutas femininas e a crescente conscientização das mulheres sobre sua opressão, o desafio feminino coletivo à ordem patriarcal se generalize, desencadeando processos de crises nas estruturas familiares tradicionais. Vejo sinais de uma recomposição da família, à medida que milhões de homens parecem estar prontos para desistir de seus privilégios e trabalhar ao lado das mulheres para encontrar novas formas de amar, compartilhar e ter filhos. Na verdade, acredito que reconstrução das famílias sob formas igualitárias seja o alicerce necessário para a reconstrução da sociedade pela base. As famílias são mais que nunca as provedoras da segurança psicológica e do bem-estar material em um mundo caracterizado pela individualização do trabalho, destruição da sociedade civil e deslegitimação do Estado. Entretanto, a mudança para novas formas de família implica uma redefinição fundamental das relações de gênero na sociedade de modo geral e, conseqüentemente, uma redefinição da sexualidade. Como são moldados pela família e pela sexualidade, os sistemas de personalidade também estão em mudança contínua. Caracterizei tal estado como personalidades flexíveis, capazes de dedicar-se o tempo todo à reconstrução do ser, em vez de defini-lo mediante a adaptação a comportamentos que no passado foram papéis sociais convencionais, mas são viáveis na atualidade e, portanto, já não fazem sentido. A mudança mais fundamental das relações de experiência na Era da Informação é sua passagem para um padrão de interação social construído sobretudo pela experiência real da relação. Hoje em dia, as pessoas mais produzem formas de sociabilidade que seguem modelos de comportamento.
As mudanças nas relações de produção, poder e experiência convergem para a transformação das bases materiais da vida social, do espaço e do tempo. O espaço de fluxos da Era da Informação domina o espaço de lugares das culturas das pessoas. O tempo intemporal, como tendência social rumo à invalidação do tempo pela tecnologia, supera a lógica do tempo cronológico da era industrial. O capital circula, o poder impera e a comunicação eletrônica rodopia pelos fluxos de intercâmbios entre locais distantes selecionados, enquanto a experiência fragmentada permanece presa aos lugares. A tecnologia reduz o tempo a alguns instantes aleatórios e, com isso, desarticula a seqüência da sociedade e o desenvolvimento da história. Ao encerrar o poder no espaço de fluxos, permitir que o capital escape do tempo e dissolver a história na cultura do efêmero, a sociedade em rede desincorpora as relações sociais e introduz a cultura da virtualidade real. Deixe-me explicar.
Ao longo da história, as culturas foram geradas por pessoas que compartilham espaço e tempo – sob condições determinadas pelas relações de produção, poder e experiência e modificadas por seus projetos – e lutam umas contra as outras para impor valores e objetivos à sociedade. Portanto, as configurações espaciais-temporais eram importantíssimas ao significado de cada cultura e a sua evolução diferencial. No paradigma informacional surgiu uma nova cultura a partir da superação dos lugares e da invalidação do tempo pelo espaço de fluxos e pelo tempo intemporal: a cultura da virtualidade real. conforme observado no capítulo 5 do volume I, chamo de virtualidade real um sistema em que a realidade em si (ou seja, a existência material/simbólica das pessoas) está imersa por completo em um ambiente de imagens virtuais, no mundo do faz-de-conta, em que os símbolos não são apenas metáforas, mas abarcam a experiência real. esse sistema não é a conseqüência dos meios de comunicação eletrônicos, embora estes sejam instrumentos indispensáveis de expressão da nova cultura. A base material que explica por que a virtualidade real é capaz de dominar a imaginação e os sistemas de representação das pessoas é op modo de vida delas no espaço de fluxos e no tempo intemporal. Por um lado, as funções e os valores predominantes na sociedade são organizados em simultaneidade sem contigüidade, ou seja, em, fluxos de informação que se libertam da experiência incorporada em qualquer lugar. Por outro, os valores e interesses predominantes são construídos sem referência ao passado ou ao futuro no panorama intemporal das redes de computadores e da mídia eletrônica, em que todas as expressões ou são instantâneas, ou não apresentam seqüência previsível. Todas as expressões de todos os tempos e de todos os espaços misturam-se no mesmo hipertexto, reorganizado e comunicado a qualquer hora, em qualquer lugar, em função apenas dos interesses dos emissores e dos humores dos receptores. Essa virtualidade é nossa realidade porque está na estrutura desses sistemas simbólicos intemporais desprovidos de lugar cujas categorias construímos e cujas imagens, também por nós evocadas, modelam o comportamento, influenciam a política, acalentam sonhos e provocam pesadelos.
Essa é a nova estrutura social da Era da Informação, por mim chamada de sociedade em rede porque constituída de redes de produção, poder e experiência, que constroem a cultura da virtualidade nos fluxos globais os quais, por sua vez, transcendem o tempo e o espaço. Nem todas as dimensões e instituições da sociedade seguem a lógica da sociedade em rede, do mesmo modo que as sociedades industriais abrigaram por longo tempo muitas formas pré-industriais da existência humana. Mas todas as sociedades da Era da Informação são, sem dúvida, penetradas com diferente intensidade pela lógica difusa da sociedade em rede, cuja expansão dinâmica aos poucos absorve e supera as formas sociais preexistentes.
A sociedade em rede, como qualquer outra estrutura social, não deixa de ter contradições, conflitos sociais e desafios de formas alternativas de organização social. Todavia, tais desafios são provocados pelas características da sociedade em rede, sendo, portanto, muito distintos dos apresentados pela era industrial. Assim, eles são personificados por diferentes sujeitos, mesmo que esses sujeitos trabalhem freqüentemente com materiais históricos fornecidos pelos valores e organizações herdados do capitalismo industrial e do estatismo.
A compreensão de nosso mundo requer a análise simultânea da sociedade em rede e de seus desafios conflituosos. A regra histórica, a saber: onde há dominação há resistência, continua válida. Mas é necessário um esforço analítico para identificar quem são os desafiadores dos processos de dominação implementados pelos fluxos imateriais, porém poderosos, da sociedade em rede.

OS NOVOS CAMINHOS DA TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

Segundo a observação e conforme registrado no volume II, os desafios sociais contra os padrões de dominação na sociedade em rede em geral assumem a forma de identidades autônomas em construção. Essas identidades são externas aos princípios da sociedade em rede. Contra o culto à tecnologia, o poder dos fluxos e a lógica dos mercados, elas opõem seu ser, suas crenças e seu legado. O que caracteriza os movimento sociais e projetos culturais construídos com base em identidades na Era da Informação é que eles não se originam dentro das instituições da sociedade civil. Esses movimentos e projetos introduzem desde o começo uma lógica social alternativa diferente dos princípios de desempenho que embasam o estabelecimento das instituições dominantes na sociedade. Na era industrial, os movimentos de trabalhadores travavam luta ferrenha contra o capital. O capital e o trabalho, contudo, compartilhavam os objetivos e valores da industrialização – produtividade e progresso material – cada um procurando controlar seus desenvolvimentos e obter uma fatia maior do produto de seu esforço. No final, eles chegaram a um pacto social. na Era da Informação, a principal lógica das redes globais predominantes é tão difusa e penetrante, que o único modo de se livrar de seu domínio parece ser ficar fora delas e reconstruir com base em um sistema de valores e crenças inteiramente distinto. Esse é o caso das comunas de identidade de resistência por mim identificadas. O fundamentalismo religioso não rejeita a tecnologia, porém a coloca a serviço da Lei de Deus, à qual todas as instituições e objetivos deve, submeter-se sem uma possível negociação. O nacionalismo, localismo, separatismo étnico e as comunas culturais rompem com a sociedade em geral e reconstroem suas instituições, não a partir da base, mas de dentro para fora, o "quem somos nós" versus aqueles que não são dos nossos.
Mesmo os movimentos pró-ativos à transformação do padrão global de relações sociais entre as pessoas, tal como o feminismo, ou entre as pessoas e a natureza, como o ambientalismo, iniciam-se com a rejeição dos princípios básicos em que nossas sociedades são construídas: patriarcalismo, produtivismo. É natural que haja todos os tipos de nuanças na prática dos movimentos sociais como tentei deixar claro no volume II, mas fundamentalmente, os princípios de autodefinição, uma das fontes de sua existência, representam um rompimento com a lógica social institucionalizada. Se as instituições sociais, econômicas e culturais de farto aceitassem o feminismo e o ambientalismo, transformar-se-iam na essência. Utilizando uma palavra antiga, seria uma revolução.
A força dos movimentos sociais com base em identidades é a sua autonomia vis-à-vis as instituições do Estado, a lógica do capital e a sedução da tecnologia. É difícil cooptá-los, embora, com certeza, alguns dos participantes possam ser cooptados. Mesmo derrotados, sua resistência e projetos têm impacto sobre a sociedade e a transformam, como demonstrei em vários casos selecionados e apresentados no volume II. As sociedades da Era da Informação não podem ser reduzidas à estrutura e à dinâmica da sociedade em rede. De acordo com minha exploração de nosso mundo, parece que as sociedades são formadas pela interação entre a Net e o Ser, entre a sociedade em rede e o poder da identidade.
Contudo, o problema fundamental suscitado pelos processos de mudança social que são na maior parte externos às instituições e aos valores da sociedade, na forma em que esta se encontra, é que eles poderão fragmentar-se e não constituir a sociedade. Em vez de instituições transformadas, teríamos comunas de todos os tipos. Em vez de classes sociais, presenciaríamos o surgimento de tribos. E no lugar de interação conflituosa entre as funções do espaço de fluxos e o significado do espaço de lugares poderemos observar o entrincheiramento das elites globais dominantes em palácios imateriais feitos de redes de comunicação e fluxos de informação. Enquanto isso, as pessoas teriam sua experiência confinada a múltiplos locais segregados, sua existência subjugada e sua consciência fragmentada. Sem nenhum Palácio de Inverno para ser tomado, focos de revolta poderão eclodir, transformados em insensata violência diária.
A reconstrução das instituições da sociedade pelos movimentos sociais culturais, colocando a tecnologia sob oi controle das necessidades e desejos das pessoas, parece requerer um longo caminho a partir das comunas construídas com base na identidade de resistência até o auge de identidades de novos projetos nascidos dos valores acalentados nessas comunas.
Estes são exemplos de tais processos observados nos movimentos sociais e na política contemporânea: constituição de famílias novas e igualitárias; aceitação generalizada do conceito de desenvolvimento sustentado que insere a solidariedade integracional no novo modelo de crescimento econômico; e mobilização universal em defesa dos direitos humanos onde quer que seja necessário. Para que essa transição da identidade de projeto se realizada, será preciso surgir uma nova política. Será uma política cultural partindo da premissa de que a política informacional é posta em prática predominantemente no espaço da mídia e luta contra símbolos, embora se ligue a questões e valores nascidos da experiência de vida das pessoas na Era da Informação.

DEPOIS DESTE MILÊNIO

Em todas as páginas deste livro, sustentei uma recusa obstinada a praticar futurologia, mantendo os comentários o mais próximo possível do que sabidamente nos oferece a Era da Informação, da forma em que se constitui neste último lapso de tempo do século XX. Ao concluir este livro, porém, contando com a boa vontade do leitor, gostaria de utilizar apenas alguns parágrafos para comentar certas tendências que poderão configurar a sociedade no início do século XXI. Quando o leitor estiver lendo este trecho, estaremos no máximo a dois anos desse século (ou talvez já nele), de forma que minha análise não se classifica como futurologia. É, ao contrário, uma tentativa de dar dimensão dinâmica em perspectiva a esta síntese de descobertas e hipóteses.
A revolução das rtecnologia da informação acentuará seu potencial transformativo. O sçeulo XXI será marcado pela conclusão da Infovia global, pela telecomunicação móvel e pela capacidade da informática, descentralizando e difundindo o poder da informação, concretizando a promessa da multimídia e aumentando a alegria da comunicação interativa. Além disso, será o século do pleno progresso da revolução genética. Pela primeira vez, nossa espécie penetrará os segredos da vida e conseguirá fazer manipulações substanciais da matéria viva. Embora tudo isso vá desencadear acalorados debates sobre as conseqüências sociais e ambientais dessa capacidade, as possibilidades a nós abertas são verdadeiramente extraordinárias. Usada com prudência, a revolução genética poderá curar, combater a poluição, melhorar a vida e poupar tempo e esforço de sobrevivência de modo a nos dar a oportunidade de explorar a, em grande parte, desconhecida fronteira da espiritualidade. Todavia, se repetirmos os mesmo erros cometidos no século XX, usando a tecnologia e a industrialização para nos massacrarmos em guerras atrozes, é provável que decretemos o fim da vida no planeta com nosso poder tecnológico. Acabou sendo relativamente fácil interromper o holocausto nuclear em razão do controle centralizado da energia e das armas nucleares. Mas as novas tecnologias genéticas são difusas, os impactos da mutação carecem de controle total, e o comando institucional sobre elas é muito mais descentralizado. Para evitar os efeitos maléficos da revolução biológica, precisamos não apenas de governos responsáveis como de uma sociedade instruída e responsável. O caminho a seguir dependerá das instituições da sociedade, dos valores das pessoas e da consciência e determinação dos novos atores sociais ao traçarem e controlarem o próprio destino. Deixe-me fazer uma breve revisão dessas perspectivas, salientando alguns progressos importantes na economia, na constituição política e na cultura.
É provável que o amadurecimento da economia informacional e a difusão e uso adequado da tecnologia da informação como sistema liberem o potencial de produtividade dessa revolução tecnológica. O fato será notado por meio de mudanças na contabilidade estatística quando as categorias e procedimentos do século XX, já manifestamente inadequados, forem substituídos por novos conceitos capazes de mensurar a nova economia. Sem sombra de dúvida, o século XXI testemunhará o desenvolvimento de um sistema produtivo extraordinário pelos padrões históricos, o ser humano produzirá mais e melhor com esforço muito menor. O trabalho mental substituirá o esforço físico na maior parte dos setores produtivos da economia. Contudo, o compartilhamento dessa riqueza dependerá, para os indivíduos, do acesso à educação e, para a sociedade em geral, da organização social, da política e das políticas, ou seja, dos planos de ação.
A economia global expandir-se-á no século XXI, utilizando-se de progressos substanciais em telecomunicações e informática. Penetrará todos os países, todos os territórios, todas as culturas, todos os fluxos de comunicação e todas as redes financeiras em uma exploração contínua do planeta à procura de novas oportunidades de geração de lucros. Entretanto essa tarefa será seletiva, conectando segmentos valiosos e descartando locais e pessoas inúteis e não-pertinentes. A irregularidade territorial da produção resultará uma geografia extraordinária de realização de valor diferencial que mostrará profundos contrastes entre paises, regiões e áreas metropolitanas. Locais e pessoas valiosos serão encontrados em todos os lugares, até na África subsariana, como afirmei neste volume. Mas territórios e pessoas desconectadas também serão encontrado em todos os lugares, embora em proporções diversas. O planeta está sendo segmentado em espaços claramente distintos, definidos por diferentes sistemas temporais.
Duas reações distintas poderão ser esperadas dos segmentos excluídos da humanidade. Por um lado, haverá profundo aumento na operação do que chamo de "conexão perversa", ou seja, a prática do jogo do capitalismo global com regras diferentes. A economia do crime global, cujo perfil e dinâmica tentei identificar no capítulo 3 deste volume, será característica fundamental do século XXI, e sua influência econômica, política e cultural penetrará todas as esferas da vida. A questão não é se nossas sociedades conseguirão eliminar as redes do crime, ao contrário, se as redes do crime não acabarão controlando uma fatia substancial de nossa economia, de nossas instituições e de nossa vida diária.
Há outra reação contra a exclusão social e a não-pertinência econômica que, ao meu ver, desempenhará papel fundamental no século XXI; a exclusão dos que excluem pelos excluídos. Como o mundo inteiro está (e estará cada vez mais) interligado nas estruturas básicas da vida sob a lógica da sociedade em rede, a não-adesão de pessoas e de países não representará uma saída pacífica.
Assume (e assumirá) a forma de afirmação fundamentalista de um conjunto alternativo de valores e princípios de vida, segundo os quais não há nenhuma possibilidade de coexistência com o sistema maléfico que prejudica a vida das pessoas. Como afirmei, nas ruas de Cabul os corajosos guerreiros do Taliban surram mulheres por estarem vestidas de forma imprópria. Essa atitude não combina com os ensinamentos humanísticos do Islã. No entanto, conforme analisado no volume II, há uma explosão de movimentos fundamentalistas que pegam o Alcorão, a Bíblia ou qualquer outro texto sagrado para interpreta-lo e usá-lo como estandarte de seu desespero e arma de sua fúria. Fundamentalismos de diferentes tipos e de fontes representarão o desafio mais ousado e intransigente ao domínio unilateral do capitalismo global informacional. O acesso potencial de grupos fundamentalistas a armas de destruição em massa obscurece profundamente as perspectivas otimistas da Era da Informação.
Os Estados-nação sobreviverão, mas não sua soberania. Eles se unirão em redes multilaterais com geometria variável de compromissos, responsabilidades, alianças e subordinações. A construção multilateral mais notável será a União Européia, reunindo os recursos tecnológicos e econômicos da maioria dos países europeus, porém não de todos. É provável que a Rússia seja deixada de fora, em razão dos temores históricos do Ocidente, e a Suíça precisa ficar de fora para manter o papel de banqueiro mundial. Mas a União Européia por enquanto não incorpora o projeto histórico de construção de uma sociedade européia. É essencialmente uma construção defensiva em nome da civilização européia para evitar tornar-se colônia econômica de asiáticos e norte-americanos. Os Estados-nação europeus continuarão a existir e a negociar de acordo com seus interesses individuais dentro da estrutura das instituições européias das quais eles precisarão, mas para com as quais, apesar da retórica federalista, nem os europeus, nem seus governos nutrirão carinho. O hino extra-oficial da União Européia ("Ode à Alegria", de Beethoven) é universal, porém seu sotaque alemão poderá tornar-se mais marcante.
A economia global será regida por um conjunto de instituições multilaterais ligadas entre si por um sistema de redes. O principal componente dessa rede é o clube dos países do G7, talvez com alguns membros adicionais e seus braços executivos, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, encarregados da regulamentação e intervenção em nome das regras básicas do capitalismo global. Tecnocratas e burocratas dessas e de instituições econômicas internacionais similares acrescentarão sua dose de ideologia neoliberal e de especialização profissional na implementação de seu amplo mandato. Encontros informais como os realizados em Davos ou equivalentes ajudarão a criar os vínculos culturais/ pessoais da elite global.
A geopolítica global também será administrada pelo multilateralismo, com as Nações Unidas e as instituições regionais internacionais. Associação das Nações do Sudeste Asiático (sigla em inglês ASEAN). OEA ou Organização da Unidade Africana (sigla em inglês OAU), desempenhando um papel cada vez mais importante na administração dos conflitos internacionais ou até mesmo nacionais. Elas tenderão a aumentar o uso de alianças para a segurança, como a OTAN, na implementação de suas decisões. Quando necessário, serão criadas forças policiais internacionais ad hoc para intervir nos lugares com problemas. Por exemplo, em meados do segundo semestre de 1996, a administração Clinton propôs a vários países africanos e à OAU a criação de uma força africana para intervenção rápida, ligada à ONU, armada e treinada pelos EUA e financiada pelos EUA, União Européia e Japão. A proposta não vingou, mas poderá ser o modelo característico dos futuros exércitos internacionais, prontos para manter a paz das redes globais e de seus eleitorados e/ou evitar genocídios do tipo ocorrido em Ruanda. É nesse duplo papel de intervenção internacional que reside a ambigüidade do multilateralismo.
É provável que os problemas globais de segurança sejam influenciados por três questões principais, caso a análise desenvolvida nesta trilogia venha a ser comprovada. A primeira é a crescente tensão na região do Pacífico, à medida que a China afirma seu poderio global, o Japão entra em outra rodada de paranóia, e a Coréia, a Indonésia e a Índia reagem a ambos.
A segunda é o ressurgimento do poder russo, não apenas como superpotência nuclear, mas como nação fortalecida que não tolera humilhações. As condições em que a Rússia pós-comunista será, ou não, conduzida ao sistema multilateral da gestão global determinarão a futura geometria dos alinhamentos relativos à segurança. É provável que a terceira questão de segurança seja a mais decisiva de todas e condicione a segurança para o mundo em geral por longo período de tempo. Refere-se às novas formas de conflitos que serão usadas por indivíduos, organizações e Estados de fortes convicções e parcos recursos militares, mas capazes de obter acesso às novas tecnologias de destruição, bem como de encontrar os pontos vulneráveis de nossas sociedades. Gangues criminosas também poderão recorre à confirmação intensa quando não virem outra opção, como ocorreu na Colômbia na década de 90. O terrorista global ou local já é considerado grande ameaça em todo o mundo neste fim de milênio. Mas, em minha opinião, isso é só o começo. A crescente sofisticação tecnológica leva a duas tendências convergentes para o terror total: por um lado, um pequeno grupo resoluto, bem financiado e bem informado poderá devastar cidades inteiras ou atacar centros nervosos de nossa existência; por outro, a ínfra-estrutura de nossa vida diária – de energia a transportes e o fornecimento de água – ficou tão complexa e interligada, que sua vulerabilidade aumentou de forma exponencial. Embora melhorem os sistemas de segurança, as novas tecnologias também promovem uma exposição maior de nossa vida diária. O preço do aumento da proteção será conviver com sistemas de travas eletrônicas, alarmes e patrulhas policiais on-line. Além disso, significará crescer com medo. É provável que não difira da experiência da maior parte das crianças na história. Trata-se também de uma medida da relatividade do progresso humano.
A geopolítica também será dominada cada vez mais por uma contradição fundamental entre o multilateralismo do processo decisório e o unilateralismo da implementação militar dessas decisões. Isso porque, após o fim da União Soviética e com o atraso tecnológico da nova Rússia, os Estados Unidos são (e serão no futuro previsível) a única superpotência militar. Portanto, a maioria das decisões sobre segurança terão de ser implementadas ou apoiadas pelos EUA para entrarem mesmo em vigor ou ganharem credibilidade. A União Européia, apesar de toda sua retórica arrogante, deu uma clara demonstração de incapacidade operacional na má condução da absurda e atroz guerra da Bósnia, que teve de ser interrompida e resolvida de forma provisória em Dayton, Ohio.
A Constituição da Alemanha proíbe o país de enviar forças de combate para o exterior, e duvido que seus cidadãos tolerem qualquer mudança ainda por muito tempo, o Japão proibiu a si mesmo de constituir um exército, e o sentimento pacifista do país é mais profundo que o apoio a provocações ultranacionalistas. Fora da OCDE, apenas a China e a Índia terão condições de deter um poderio tecnológico e militar suficiente para transformar-se em potência global no futuro previsível, mas com certeza não o suficiente para se equiparar aos Estados Unidos ou mesmo à Rússia. Por conseguinte, à exceção da hipótese improvável de um extraordinário desenvolvimento do setor militar chinês, para o qual a China simplesmente ainda não detém capacidade tecnológica, o mundo fica com uma superpotência, os Estados Unidos. Nessas condições, várias alianças para a segurança terão de contar com as forças norte-americanas. Os Estados Unidos, no entanto, estão enfrentando problemas sociais internos tão profundos, que com certeza não terão os meios nem o apoio político para exercer esse poder, se a segurança de seus cidadãos não estiver sob ameaça direta, como os presidentes norte-americanos descobriram várias vezes na década de 90. esquecida a Guerra Fria e sem nenhum equivalente de uma "nova Guerra Fria" assomando no horizonte, o único modo de os Estados Unidos manterem seu status militar é emprestar suas forças ao sistema de segurança global. E mandar os outros países pagarem a conta. Essa é a característica definitiva do multilateralismo e o exemplo mais surpreendente de perda de soberania do Estado-nação.
O Estado-nação desaparece, porém. É apenas redimensionado na Era da Informação, prolifera sob a forma de governos locais e regionais que se espalham pelo mundo com seus projetos, formam eleitorados e negociam com governos nacionais, empresas multinacionais e órgãos internacionais. A era da globalização da economia também é a era da localização da constituição política. O que os governos locais e regionais não têm em termos de poder e recursos, é compensado pela flexibilidade e atuação em redes. Eles são o único páreo, se é que existe algum, para o dinamismo das redes globais de riqueza e informação.
E as pessoas estão (e estarão) cada vez mais distantes dos corredores do poder e afastadas das instituições falidas da sociedade civil, elas serão individualizadas em termos de trabalho e de vida e constituirão seu significado com base na própria experiência e, se tiverem sorte, reconstruirão a família, sua rocha neste oceano bravio de fluxos desconhecidos e redes incontroladas. Quando forem submetidas a ameaças coletivas, construirão refúgios comunais de onde profetas poderão proclamar a vinda de novos deuses.
O século XXI não será uma era de trevas. E, para a maioria das pessoas, também não trará as recompensas prometidas pela revolução tecnológica mais extraordinária da história. Ao contrário, é provável que seja caracterizada por perplexidade consciente.

O QUE DEVE SER FEITO?

Cada vez que um intelectual tenta tratar dessa questão e elaborar uma resposta séria, segue-se uma catástrofe. Foi o que aconteceu, sobretudo a um certo Ulianov em 1902. Com certeza, não pretendo fazer o mesmo e, portanto, abster-me-ei de sugerir qualquer cura para os males de nosso mundo. Mas, como de fato estou preocupado com o que observei ao longo da jornada pelo cenário inicial da Era da Informação, gostaria de explicar minha abstenção, escrevendo na primeira pessoa, porém pensando em minha geração e cultura política.
Venho de uma época e de uma tradição - esquerda política da era industrial - obcecada pela epígrafe no túmulo de Marx em Highgate, sua (e de Engel) décima primeira tese sobre Feuebach. A ação política transformadora era o objetivo final de um esforço intelectual verdadeiramente significativo. Ainda acredito que haja generosidade considerável nessa atitude, com certeza menos egoísta que a busca ordeira por carreiras acadêmicas burocráticas não afetadas pelos labores das pessoas em todo o mundo. E, em linhas gerais, não acho que a classificação entre intelectuais e cientistas sociais de direita e de esquerda resultasse diferenças significativas na qualidade acadêmica dos dois grupos. Afinal de contas, os intelectuais conservadores também desenvolvem ação política tanto quanto os esquerdistas, muitas vezes com pouca tolerância em relação a seus adversários. Portanto, a questão n!o é que o compromisso político impeça ou deturpe a criatividade intelectual. Com o passar dos anos, muitos de nós aprendemos a conviver com a tensão e a contradição entre o que constatamos e o que gostaríamos que acontecesse. Considero a ação social e os projetos políticos essenciais para a melhoria de uma sociedade que, de fato, precise de mudança e esperança. E espero que este livro, ao suscitar algumas questões e oferecer elementos empíricos e teóricos para abordá-las, possa contribuir para uma ação consciente em busca de transformação social. Nesse sentido, não sou e não quero ser um observador neutro desligado do drama humano.
Contudo, já vi tanto sacrifício malconduzido, tantos impasses causados por ideologia e tantos horrores provocados por paraísos artificiais de política dogmática, que desejo exprimir uma reação salutar contra a tentativa de conceber a prática política de acordo com a teoria social ou a esse respeito, com a ideologia. Teoria e pesquisa em geral e também neste livro, devem ser consideradas meios para o entendimento de nosso mundo e ser julgadas exclusivamente com base em sua exatidão, rigor e pertinência. O modo de utilização dessas ferramentas e os objetivos de seu uso devem ser prerrogativa exclusiva dos próprios atores sociais em contextos sociais específicos e em nome de seus valores e interesses. Basta de metapolítica, basta de “maítres à penser´ e basta de intelectuais com tal pretensão. A liberação política mais fundamental é aquela em que as pessoas se libertam da adesão não-crítica a sistemas teóricos ou ideológicos, constroem sua prática com base na própria experiência, utilizando quaisquer informações ou análises disponíveis, extraídas de várias fontes. No século XX, filósofos estão tentando mudar o mundo. No século XXI, chegará a hora de eles interpretarem o mundo de forma diferente. Daí, minha circunspecção, não indiferença, sobre um mundo conturbado pela própria promessa.

FINAL

A promessa da Era da Informação representa o desencadeamento de uma capacidade produtiva jamais vista, mediante o poder da mente. Penso, logo produzo. Com isso, teremos tempo disponível para fazer experiência com a espiritualidade e oportunidade de harmonização com a natureza sem sacrificar o bem-estar material de nossos filhos. O sonho do Iluminismo está ao nosso alcance. Todavia, há enorme defasagem entre nosso excesso de desenvolvimento tecnológico e subdesenvolvimento social. nossa economia, sociedade e cultura são construídas com base em interesses, valores, instituições e sistemas de representação que, em termos gerais, limita, a criatividade coletiva, confiscam a colheita da tecnologia da informação e desviam nossa energia para o confronto autodestrutivo. Esta situação não é definitiva. Não há mal eterno na natureza humana. Não existe nada que não possa ser mudado por ação social consciente e internacional, munida de informação e apoiada em legitimidade. Se as pessoas forem esclarecidas, atuantes e se comunicarem em todo o mundo; se as empresas assumirem sua responsabilidade social; se os meios de comunicação se tornarem os mensageiros, e não a mensagem,; se os atores políticos reagirem contra a descrença e restaurarem a fé na democracia; se a cultura for reconstruída a partir da experiência; se a humanidade sentir a solidariedade da espécie em todo o globo; se consolidarmos a solidariedade Intergeracional, vivendo em harmonia com a natureza com a natureza; se partirmos para a exploração de nosso ser interior, tendo feito as pazes com nós mesmos. Se tudo isso for possibilitado por nossa decisão bem informada, consciente e compartilhada enquanto ainda há tempo, então, talvez, finalmente possamos ser capazes de viver, amar e ser amados.
Esgotei as palavras. Portanto, pela última vez, tomarei emprestadas as de Pablo Neruda:

Por mi parte y tu parte, cumplimos,
Comprtimos esperanzas e
Inviernos;

Y fuimos heridos no solo por los
Enemigos mortales

Sino por mortales amigos (y esto
Pareció más amargo),

Pero no me parece más dulce
Mi pan o mi libro
Entretanto;

Agregamos viviendo la cifra que
Falta al dolor,

Y seguimos amando el amor y com
Nuestra directa conducta

Enterramos a los mentirosos y
Vivimos com los verdadeiros3