sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Manuel Castells faz panorama da sociedade em rede em novo livro

27 de Novembro de 2009

O sociólogo espanhol Manuel Castells, pesquisador da sociedade em rede e dos novos formatos de comunicação, está lançando mais um livro, ‘Comunicación y poder’
fonte: Nós da Comunicação (26.11.2009)

Para falar da obra e do atual estágio do processo comunicacional, o pensador concedeu uma longa entrevista ao diário espanhol ‘El País’. Confira a seguir os temas abordados pelo escritor.

A web

A internet não elimina a solidão, mas se as pessoas se encontram sozinhas, se sentirão menos na internet. O uso da web favorece a sociabilidade e diminui a sensação de isolamento. As pessoas que usam a internet têm mais amigos, saem mais frequentemente, participam de questões políticas, têm maiores interesses e atividades culturais.

A internet expande o mundo. A mim, deu a capacidade de pesquisar como jamais havia podido. Se você sabe onde buscar, e essa é a grande condição, estará sempre atualizado. Minha filha vive em Genebra, a filha de minha mulher vive na Sibéria, tenho dois netos em Genebra, outra neta em Los Angeles, minha mulher e eu viajamos muito. E sempre estamos em contato. Não apenas por e-mail, falamos pelo Skype, grátis.


A qualidade da comunicação

A comunicação que construímos é muito mais intensa porque podemos praticá-la muito mais intensamente. A comunicação de banda mais larga, é claro, é a face a face, porque existe comunicação onde existem não apenas palavras. Não podemos colocar uma contra a outra, e sim uni-las.


Aprender com os EUA?

Não creio que tenhamos de aprender com os norte-americanos. As taxas de audiência da internet no norte da Europa são mais altas do que nos Estados Unidos. O maior grupo de internautas – 300 milhões – está na China. A língua da internet não é o inglês, já que apenas 28% dos sites estão nessa língua.


Internet e poder

Os Estados têm medo porque perderam o controle da comunicação e da informação, em que se baseou o poder ao longo da história. A internet é extremamente útil para a educação, para os serviços públicos, para a economia. E não se pode ter um pouco de internet. Temos de ter a internet na plenitude de sua capacidade de comunicação. Eles podem fechar um servidor, mas abre-se outro. O Estado vigia a internet, entra na privacidade das pessoas. Mas sempre fez isso, mesmo sem ordem judicial. Se o Estado quer, ele nos vigia. Todos os governos, de todo o mundo, fazem isso. A novidade é que nós também podemos vigiá-los.

A internet incrementou o poder dos que tinham menos poder. Mas isso não quer dizer que aqueles que tinham o poder deixarão de tê-lo. Eles têm, mas menos. E tentam reduzir os espaços de liberdade. Nos Estados Unidos, estão buscando criar uma nova internet, com a banda mais larga e com preços mais altos. Outro método é tentar censurar, fechar servidores, mas sempre se pode desviar o tráfego para outros circuitos. Outro método é criar leis que sirvam para uma coisa – pornografia infantil, controle da pirataria... –, mas que podem ser usadas para outras. O objetivo desse tipo de lei é controlar a rede.


O fim do papel

Nunca faço previsões, pois sempre me equivoco. Acredito que o jornal em papel deixará de existir apenas no dia em que a edição for um produto de luxo, que só a elite poderá comprar, pondo fim a um prazer que eu compartilho, que é o de ler o jornal no café da manhã. Quando tivermos de pagar 10 euros pelo jornal, a maior parte dos leitores será formada na internet.


O momento atual

É um momento decisivo. Há uma crise muito profunda: as empresas não têm recursos nem as pessoas podem se permitir comprar em papel o que podem fazer na web. A ideia é como fez o ‘El País’: fechar o acesso e cobrar. O jornal, porém, teve de mudar, fazer outro modelo baseado na publicidade, nos serviços. Estamos em um ponto de aceleração rumo ao jornalismo na internet.

A entrevista foi concedida ao jornal espanhol ‘El País’.

http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/22F4BE85A6E8403403256FE7004B0C19/$File/NT000A69C2.pdf

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