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quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Grupo de Leitura
Sugeri para as meninas do telecentro uma roda de leitura sobre temas pertinentes a atmosféra virtual. Vamos pensar os dias que vamos fazer isso. A idéia é que o grupo se expanda, abrindo para a comunidade...
O Primeiro capítulo do livro chama-se "As Tecnologias têm um Impacto?"
Partindo dele vamos iniciar nosso bate-papo...
Segundo os levamtamento de dados do autor, quando se fala do desenvolvimento da multimidia, fala-se muitas vezes no "impacto" das novas tecnologias da informação sobre a sociedade ou a cultura. Lévy coloca a metáfora do Impacto como inadequada, pois o que se deve levar em consideração é a tentativa de esclarecer o esquema de leitura dos fenômenos que a metafora do impacto nos revela.
"Seria a tecnologia um ator autônomo, separado da sociedade e da cultura, que seria apenas entidades passivas percutidas por umagente exterior?"
Lévy diz que é impossivel separar o humano de seu ambiente material, assim como dos signos e das imagens por meio dos quais ele atribui sentido à vida e ao mundo. Diz também que as atividades humanas abrangem interações entre:
- pessoas vivas e pensantes
- entidades materiais naturais e artificiais
- idéias e representações
Portanto, em vez de enfatizar o impacto das tecnologias, poderiamos igualmete pensar que as tecnologias são produtos de uma sociedade e de uma cultura e que as verdadeiras relações, portanto, não são criadas entre a tecnologia e a cultura, mas sim entre o grande número de atores humanos que inventam, produzem, utiizam e interpretam de diferentes formas as tecnicas...
A CIBERCULTURA DE PIERRE LEVY
Ao contrário de outras obras sobre a era "high tech" o livro Cibercultura de Pierre Levy não traz revelações bombásticas, nem faz previsões sombrias à Paul Virilio ou paradisíacas à Bill Gates. Ao contrário de outros analistas, Levy procura abordar as questões colocadas pelas novas tecnologias de forma realista e cuidadosa.
Cibercultura divide-se em três partes. Na primeira, o autor define com precisão alguns dos termos empregados largamente na era digital. Na segunda, partindo do pressuposto da continuidade histórica no processo de evolução dos meios de comunicação, Pierre Levy procura demonstrar que a Internet traz benefícios para a espécie humana. Na última parte do livro o autor dedica-se à desconstrução dos mitos criados pelos críticos da rede que não foram capazes de perceber o potencial humanizador e humanitário da era "high tech".
Aqueles que já estão familiarizados com a era digital, que navegam na rede com desenvoltura o bastante para chegar ilesos até o site onde está hospedado este texto, que já conhecem algo sobre a história da Internet, podem dispensar a leitura da primeira parte de Cibercultura. Afinal, a mesma se destina fundamentalmente aos leitores que não tiveram qualquer contato com a nova tecnologia ou com informações precisas sobre a Internet. Seguindo os princípios de sua teoria de que a rede de computadores é includente, o infofilósofo francês procura fornecer aos desconectados subsídios valiosos para avaliarem o universo "on line". De fato seria muito difícil para qualquer navegante de primeira viagem compreender os temas desenvolvidos ao longo dos dois outros capítulos de Cibercultura se não tivesse acesso às definições feitas no início do livro.
O conceito mais importante desenvolvido na obra é o de que a rede de computadores é um universal sem totalidade, ou seja, que ela permite às pessoas conectadas construir e partilhar a inteligência coletiva sem submeter-se a qualquer tipo de restrição político-ideológica. Partindo deste princípio, Levy encara a Internet como um agente humanizador (porque democratiza a informação) e humanitário (porque permite a valorização das competências individuais e a defesa dos interesses das minorias).
As implicações sócio-políticas da rede de computadores não passaram desapercebidas ao autor francês, que nos dá uma clara dimensão do potencial educacional e desinstitucionalizador da Internet. Conectado, o cidadão tem condições de interferir diretamente no controle das decisões públicas sem mediadores, algo que pode ajudar a descentralizar, democratizar e otimizar os serviços públicos. A recente batalha travada na rede pelos defensores e opositores do senador Antonio Carlos Magalhães, que acabou resultando numa inundação de mensagens nas caixas postais dos senadores e interferindo de alguma maneira na decisão da questão, é uma evidência da vocação democrática da Internet.
Apesar de defender as vantagens da vida "on line", Pierre Levy não comete o erro de afirmar que a conecção substitui ou substituirá a interação social, o contato entre as pessoas. Ao contrário, segundo o autor a Internet possibilita contatos mais freqüentes e produtivos na medida em que aproxima os atores sociais antes mesmo dos acontecimentos coletivos. Nesse sentido, a rede de computadores (assim como o correio e o telefone) não é um agente de desumanização ou de isolamento do ser humano.
Como dissemos no início, Pierre Levy não perde de vista a profunda relação de dependência entre a era "high tech" e a história da evolução das comunicações entre os seres humanos. Da oralidade aos e-mails a humanidade desenvolveu sistemas de comunicação que coexistem e são mutuamente dependentes. Assim como a escrita pressupõe a linguagem oral que descreve e normatiza e não foi capaz de substituí-la, o armazenamento e transmissão de textos "on line" depende da escrita e não irá condená-la ao esquecimento, mesmo que doravante ela esteja mais do que nunca associada à imagem.
E por falar em imagem, não podemos nos esquecer que desde da Idade Média o homem ilustra seus escritos com ícones que possibilitam a melhor intelecção dos textos escritos. Nesse sentido, a superposição de imagem e texto nas páginas "on line" é apenas um estágio mais desenvolvido de uma tradição milenar.
A rede não somente valoriza a comunicação escrita como a torna mais eficiente, na medida em que possibilita a navegação entre textos afins instantaneamente. Quem já teve oportunidade de fazer uma pesquisa na Internet à procura de informações sobre um tema específico sabe muito bem como a rede é uma ferramenta útil e indispensável de pesquisa. Útil, indispensável mas não única. Talvez seja por isto que Pierre Levy não deixou de colocar no centro das discussões os processos de comunicação escrita e verbal, fornecendo ao leitor informações precisas e preciosas sobre estas modalidades de comunicação humana.
Levy faz uma analogia entre a oralidade original e a oralidade reorientada pela era digital, que retira de cena os mediadores no processo de comunicação escrita (jornais, revistas, televisão, ou seja, as mídias que permitem a comunicação um-todos) e possibilita a comunicação direta e transversal (todos-todos). Seu procedimento nos faz imediatamente comparar a morte de um ancião numa sociedade ágrafa à destruição física de um dos nós da rede. Porém, se numa sociedade ágrafa a perda de um ancião é irreparável, pois todas as informações que ele armazenou morrem com ele, a destruição de um servidor não acarreta "ipso facto" a destruição de todos micros que o alimentaram. Assim, na era "high tech" é muito mais fácil para a humanidade se recompor de uma perda tão drástica. Além disto, as bibliotecas virtuais não substituíram as reais e os livros continuarão a ser nossos companheiros por muito tempo. A propósito, nunca se editou e publicou tanto quanto na atualidade, o que prova que o perigo da digitalização nos conduzir ao retorno à barbárie primitiva não passa de uma doce ilusão borgeana.
Pierre Levy se recusa a discutir os efeitos militares das novas tecnologias. É uma pena, pois a desterritorialização proporcionada pela rede, que ele mesmo define e defende como sendo uma das melhores conseqüências da era "high tech", exige que entremos neste árido terreno reservado aos especialistas fardados. Afinal, a desterritorialização provoca fraturas nos conceitos de nacionalidade, território e soberania, três questões que dizem respeito diretamente à integridade dos Estados e às suas relações com os povos que representam ou pretendem representar. Para se ter uma idéia do problema, basta lembrar que durante o ataque americano à Sérvia, podíamos ter acesso à versão dos fatos de ambos contendores usando servidores localizados na Europa ou nos EUA. Resumindo, de certa maneira os americanos e seus aliados também ajudavam o esforço de guerra inimigo.
Cibercultura nos dá um panorama amplo e profundo das conseqüências socioculturais da universalização da informação. Pena que Pierre Levy não tenha abordado os reflexos desta nova realidade na mitologia. Ele afirma que:-
"A partir do século XX, com a ampliação do mundo, a progressiva descoberta de sua diversidade, o crescimento cada vez mais rápido dos conhecimentos científicos e técnicos, o projeto de domínio do saber por um indivíduo ou por um pequeno grupo tornou-se cada vez mais ilusório."
Não podemos deixar de notar as implicações disto para o mito de Fausto. Construído na Idade Média, o mito de Fausto tinha por finalidade preservar o monopólio do saber nas mãos da Igreja e advertir o homem de que a busca do saber e do poder que dele resulta tem efeitos perversos.
O mito pode ser resumido da seguinte forma:- o cientista Fausto celebrou com Mephistópheles um contrato, através do qual se comprometeu a entregar sua alma em troca de conhecer o mundo, de experimentar intensamente os prazeres mundanos. O resultado é funesto. Por onde passa Fausto espalha infelicidade e no final descobre-se vítima de sua própria sede de saber. Este mito pressupõe duas coisas:- o desejo de saber de Fausto e o monopólio do conhecimento por Mephistópheles. Sem elas não há sedução, contrato ou resultado da ação
Já vimos que Pierre Levy defende a tese de que a rede impossibilita o monopólio do saber. Sendo assim, mesmo que alimente e seja alimentada pelo desejo de conhecimento do usuário, a Internet não é dotada e não pode dotar ninguém do maligno poder de Mephistópheles. A rede não tem poder de barganha nem pode conferir um poder absoluto a um só homem ou a um pequeno grupo humano. Sendo assim, a rede de computadores afogou o mito faustico no dilúvio incontrolável de informações possíveis mas intotalizáveis.
O mito de Fausto é produto do conflito entre religião e ciência na Idade Média. Apesar disto, ele resistiu de certa maneira ao iluminismo, pois os cientistas reivindicaram e exerceram algum poder em razão do monopólio do conhecimento substituindo a Igreja. Entretanto, na era digital os últimos resquícios de um poder imanente ao saber foram pulverizados, de forma que isto traz profundas conseqüências mitológicas. Mas teremos que esperar surgiu um autor que aprofunde este tema.
A maior critica que pode ser feita ao infofilósofo francês é o fato dele adotar uma perspectiva utilitarista da Internet. É claro que não podemos reduzir sua teoria à formula:- a rede de computadores é boa porque é útil. Todavia, não podemos deixar de dar alguma razão àqueles que apontam os problemas que ela representa ou pode representar para o processo de socialização. E não estou aqui me referindo aos desconectados, pois é o processo de exclusão econômica que propicia esta modalidade de segregação social. Os problemas a que me refiro dizem respeito aos incluídos, aos conectados. A existência de pessoas que defendem abertamente que a vida "on line" substituirá a vida real (como Nicolas Negroponte, cujas teorias são criticadas por Pierre Levy), nos dá uma idéia do grau de miopia intelectual que o excesso de informação é capaz de produzir em algumas pessoas. Entretanto, Pierre Levy deixa bem claro que não pretende definir "a" cibercultura, mas a maneira como concebe-a. Admitindo na teoria a pluralidade que a Internet possibilita na prática, o infofilósofo nos convida à reflexão. Mãos à obra.
Fábio de Oliveira Ribeiro
Por Cibele Apps
Alice não mora mais aqui
não mora mais ali...
resolveu sair de si
cansou de ser siri
está mudando para o centro
...o centro de si mesma
está voltando para dentro
dentro de seu centro
Vai andar com as próprias pernas
Vai ascender sua lanterna
Pois a sua viajem é eterna
vai viver fora da kaverna...
não mora mais ali...
resolveu sair de si
cansou de ser siri
está mudando para o centro
...o centro de si mesma
está voltando para dentro
dentro de seu centro
Vai andar com as próprias pernas
Vai ascender sua lanterna
Pois a sua viajem é eterna
vai viver fora da kaverna...
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Pensamentos de uma madrugada de quinta
Um vazio nas palavras...
Havia um vão...
No vão das palavras...
Do vão...
Entre o vão da vírgula e um ponto...
Entre o abismo da palavra que não cabia.
No abismo da palavra que não cabia, surgia o vão que não cabiam as palavras pras coisas que ali existiam...
Aline Reis
Havia um vão...
No vão das palavras...
Do vão...
Entre o vão da vírgula e um ponto...
Entre o abismo da palavra que não cabia.
No abismo da palavra que não cabia, surgia o vão que não cabiam as palavras pras coisas que ali existiam...
Aline Reis
Astronautas
Quarta-feira, 29/09/2010 foi dia da Lidia visitar o telecentro pra apresentar seu projeto "Astronautas". Discutimos e pensamos o projeto todas juntas. A idéia é que o projeto de inicio no dia 03 de Novembro.
Cronograma das Aulas
Será dada uma aula por semana com carga horario de duas horas, todas as quartas-feiras.
Primeira aula - Apresentação do Projeto Astronauta para os participantes e mostragem dum projeto em andamento de Lidia.
Segunda aula - Escuta das músicas escolhidas, trazidas pelos participantes. Discução das músicas e inicio do ensino da calagem das músicas num programa que esta em processo de escolha pela Lidia.
Terceira aula - Pedir para os participantes do projeto trezerem as colagens.
Quarta aula - Fechamento das Músicas.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Agenda de Apresentações
A primeira apresentação será no dia 2 de outubro de 2010 às 16 horas. Local: São Paulo, 700 – Jardim Gaivota - São Paulo capital;
A segunda apresentação será no dia 9 de outubro de 2010 às 16 horas. Local: Rua Francisco Inácio Solano, 61, Jd. Grajaú – Cantinho do Céu - São Paulo capital;
Dia 13 de Outubro - Oficina e Música - Grupo: CIC Sul – Jardim São Luis – Associação Rainha da Paz - das 10h00 as 12h00
A terceira apresentação será no dia 16 de outubro de 2010 às 16 horas. Local: Espaço da Associação de Moradores do Jardim das Embuias – Jardim Embuias – São Paulo capital;
Dia 16/10 (sábado) 21hs no Bagaça (o bar do Vlado Lima, que fica na lapa (Rua Clélia).
A quarta apresentação será no dia 23 de outubro de 2010 às 16 horas. Local: Praça (Rua Raul Lino, 33) – Jardim Caiçara – São Paulo capital;
Dia 24 de Outubro - AABB
A quinta apresentação será no dia 30 de outubro de 2010 às 16 horas. Local: Quadra da Escola Estadual Professora Ester Gárcia - Rua Antônio Carlos Bejamin dos Santos – Jardim Reimberg – Grajaú – São Paulo Capital;
Dia 31 de Outubro na Mostra de Artes Cênicas, domingo as 16:30 - Grupo Caldeirão comemora 22 anos
A sexta apresentação será no dia 6 de novembro de 2010 às 16 horas. Local: Praça Doutor Oswaldo Cruz – São Luiz do Paraitinga – SP;
A sétima apresentação será no dia 13 de novembro de 2010 às 16 horas. Local: Praça Nossa Senhora da Guia – Centro de Eldorado – SP.
Dia 27 de novembro (sexta feira) Reabertura do espaço Clariô Com o Gunnar
Dia 28 de Novembro - FUNART - Indiara
Dia 05/12- FUNART - Indiara
A segunda apresentação será no dia 9 de outubro de 2010 às 16 horas. Local: Rua Francisco Inácio Solano, 61, Jd. Grajaú – Cantinho do Céu - São Paulo capital;
Dia 13 de Outubro - Oficina e Música - Grupo: CIC Sul – Jardim São Luis – Associação Rainha da Paz - das 10h00 as 12h00
A terceira apresentação será no dia 16 de outubro de 2010 às 16 horas. Local: Espaço da Associação de Moradores do Jardim das Embuias – Jardim Embuias – São Paulo capital;
Dia 16/10 (sábado) 21hs no Bagaça (o bar do Vlado Lima, que fica na lapa (Rua Clélia).
A quarta apresentação será no dia 23 de outubro de 2010 às 16 horas. Local: Praça (Rua Raul Lino, 33) – Jardim Caiçara – São Paulo capital;
Dia 24 de Outubro - AABB
A quinta apresentação será no dia 30 de outubro de 2010 às 16 horas. Local: Quadra da Escola Estadual Professora Ester Gárcia - Rua Antônio Carlos Bejamin dos Santos – Jardim Reimberg – Grajaú – São Paulo Capital;
Dia 31 de Outubro na Mostra de Artes Cênicas, domingo as 16:30 - Grupo Caldeirão comemora 22 anos
A sexta apresentação será no dia 6 de novembro de 2010 às 16 horas. Local: Praça Doutor Oswaldo Cruz – São Luiz do Paraitinga – SP;
A sétima apresentação será no dia 13 de novembro de 2010 às 16 horas. Local: Praça Nossa Senhora da Guia – Centro de Eldorado – SP.
Dia 27 de novembro (sexta feira) Reabertura do espaço Clariô Com o Gunnar
Dia 28 de Novembro - FUNART - Indiara
Dia 05/12- FUNART - Indiara
Registro
Nesta terça-feira, dia 28/09/2010 às 10h00, aconteceu o segundo encontro com integrantes do grupo Articulador com representantes de algumas ONGs da Vila Sônia.
Estiveram presentes:
Ana Patricia do Projeto Viver
Teresa Cristina e Américo da Plataforma dos Centro Urbanos
Elaine do Telecentro Pequeninos do Jockey
Geraldinha
Selma
Antonio do Aprendiz
Paulo Camargo - Supervsor Técnico dos Telecentros
Aline Reis - Estagiaria de Mapeamento Social
O Próximo encontro ficou marcado para o dia 26/10 às 09h00 da manhã, sendo que aconteceram em todas as ultimas terças-feiras de cada mês.
Estiveram presentes:
Ana Patricia do Projeto Viver
Teresa Cristina e Américo da Plataforma dos Centro Urbanos
Elaine do Telecentro Pequeninos do Jockey
Geraldinha
Selma
Antonio do Aprendiz
Paulo Camargo - Supervsor Técnico dos Telecentros
Aline Reis - Estagiaria de Mapeamento Social
O Próximo encontro ficou marcado para o dia 26/10 às 09h00 da manhã, sendo que aconteceram em todas as ultimas terças-feiras de cada mês.
Segundo encontro com representantes de ONGs da Vila Sônia
28/09/2010
Ata feira por: Antonio Euzébios Filho
Projeto Cores da Vida
Núcleo Aprendiz da Praça
Associação Cidade Escola Aprendiz
tel: (11) 3032-1519/ (11) 3034-6229
cel: (11) 6590-2352
www.cidadeescolaaprendiz.org.br
2ª Reunião Grupo articulador
Data: 28/09/2010
Presentes:
Antonio – Aprendiz
Américo – Plataforma dos centros Urbanos
Xênia – Casa de Apoio Maria H. Paulina
Tereza – Grupo articulador Jabaquara
Selma – Obras sociais Mosteiro São Geraldo (Casa Azul)
Aline – Telecentro (mapeamento social)
Elaine – Telecentro (supervisora)
Paulo – Telecentro (coordenador regional)
Iris – mestranda filosofia da Educação
Ana Patrícia – Projeto Viver
Geralda (Gracinha)
Pauta: (1) apresentação dos participantes e discussões sobre o caráter do grupo articulador; (2) encaminhamentos
Discussões:
Os participantes do grupo apresentaram-se e contaram o que os motivaram a participar do encontro.
Após a apresentação, levantamos a necessidade de o grupo definir suas prioridades e objetivos, bem como aprimorar a comunicação entre os membros e com as comunidades. Debatemos como poderíamos atrair mais pessoas para o grupo e se esse seria o caso – houve ponderações apontando a importância de fortalecer o grupo existente, mais do que englobar outras pessoas nesse momento, uma vez que estamos num momento de consolidação do coletivo.
Nosso foco será, portanto, aproximar as instituições que já participam do grupo articulador, sem, no entanto, restringir a participação de outras entidades, pessoas, associações ou movimentos.
Apontamos a importância de aproximar lideranças do bairro - presidente das associações, jovens que atuam no bairro, etc. Elegemos a lista de emails para comunicação do grupo. Propuseram a construção de um blog e de um calendário geral de atividades promovidas pelas instituições parceiras.
Encaminhamentos:
Das discussões realizadas, foram propostos alguns encaminhamentos:
1-Uma comissão para planejamento e divulgação do próximo encontro – Esta comissão é composta pelo Antonio (Aprendiz), Aline (Telecentro), Ana Patrícia (Projeto Viver Mais) e Xênia (Casa de Apoio).
2-Próxima reunião será elaborada uma carta de princípios com objetivos e metas do grupo articulador.
3-O mapeamento da região será assumido como tarefa coletiva pelo grupo articulador.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
D R A M A R T U R G I A & L A C A N ?
A ESCRITA E A PSICOSE NO ENSINO LACANIANO
A escrita é correntemente considerada uma possibilidade de estabilização, um modo de suplência aos casos de psicose, ainda que seja uma solução raramente encontrada na clínica. O estudo de Lacan sobre Joyce talvez tenha estimulado essa associação. O que, entretanto, a prática clínica com os psicóticos na verdade testemunha é uma variedade muito grande de relações entre a escrita e as soluções psicóticas.
Essa noção atravessa vicissitudes consequentes ao próprio avanço da teoria lacaniana em seu conjunto. Segundo Sauvagnat (1999), Lacan trabalha a questão da escrita em toda sua obra, havendo, ao menos, três momentos em que uma nova proposição é por ele apresentada. A primeira é elaborada na década de 1930, com seus estudos sobre a “esquizografia” como escrita inspirada. A segunda proposta aparece na década de 1960, com a escrita a partir do traço unário, que teria que dar conta da inscrição do Nome-do-Pai. E, por fim, na década de 1970, assistiríamos à escrita que faz nó entre Real, Simbólico e Imaginário, bem como ao que resiste a se escrever, à escrita de um impossível remetido à relação sexual. Sigamos essa trajetória.
2.1 ANOS 1930: A PSICOPATOLOGIA E O ELOGIO DA ESCRITA
Lacan, na década de 1930, hesita entre uma concepção estereotipada da escrita na psicose e outra na qual a escrita é exaltada em sua potência criativa e reveladora dos conflitos típicos de sua época. No texto “Écrits inspirés: schizographie”, de 19312, publicado originalmente no periódico Annales medico-psychologiques e, posteriormente, incorporado à edição francesa de sua tese de doutoramento, Lacan (1932-1975) comenta as práticas poéticas e epistolares de uma professora primária psicótica. Ele se inspira nos trabalhos de linguística pós-saussuriana de Pfersdorff e Henri Delacroix sobre o mesmo caso. A razão do exame desse caso é a reticência da doença da qual se supõe que os transtornos elementares se exprimiriam mais facilmente pela escrita. O termo esquizografia é forjado do termo esquizofasia, que designa a existência de uma dissociação. No caso estudado, a maioria dos escritos da paciente era absurdamente incoerente, “contrastando com o caráter absolutamente normal de sua linguagem falada e a integridade de suas funções intelectuais” (HULAK, 2006, p. 18).
A pesquisa de Lacan já se apresenta muito seletiva. Ele não se pergunta simplesmente se a paciente é louca, mas sobre quais fundamentos repousa seu delírio polimorfo, acrescentando que talvez os escritos ajudassem a resolver a questão. Na discussão dos elementos psicopatológicos, ele destaca que a doente afirma ser-lhe imposto o que ela exprime, não de uma maneira irresistível nem mesmo rigorosa, mas sob um modo já previamente formulado. É, no sentido forte do termo, uma inspiração, tanto mais presente quanto mais a professora esteja só (LACAN, 1932-1975). Duas convicções contraditórias são acrescentadas. De um lado, ela é acompanhada de um estado de astenia no qual seus escritos experimentam “verdades de ordem superior” imediatamente compreensíveis pelo destinatário de suas cartas. E, de outro lado, uma convicção negativa, a de que ela experimenta, quanto a ela própria, nada compreender disso. Tudo isso acompanhado do sentimento de fazer evoluir a língua.
O conjunto, avalia Lacan, é idêntico à estrutura de todo delírio. Ela associa a uma astenia passional, colorindo os estados de influência e de interpretação, uma formulação minimal e reticente do delírio, e um fundo paranóico. O fenômeno elementar aqui vale como resumo da personalidade e, a escrita, como sua manifestação empobrecida. O fenômeno elementar da ‘inspiração’ parece se tratar de uma forma vazia, cuja expressão limite é a estereotipia aos moldes das palavras intercambiáveis das estrofes de uma canção. Longe de motivar a melodia, é a estereotipia que sustenta essas estrofes e legitima, no caso, seu não sentido (LACAN, 1932-1975). Esta vacuidade formalista aparece em primeiro plano, enquanto a astenia passional lhe confere um assentimento, diz Lacan, de onde o fenômeno da ‘inspiração’ apresentar uma dimensão passional e outra intelectual simultaneamente.
Ainda que algumas fórmulas desse escrito sejam felizes, o mais frequente são as escórias da consciência, as palavras silábicas, as sonoridades obsedantes, as banalidades, as assonâncias, os automatismos diversos, enfim, o que Lacan sintetiza em uma palavra: estereotipia. A ideia de déficit se destaca nessa leitura. “É quando um pensamento é curto e pobre que o fenômeno automático o suplencia. Ele é sentido como exterior porque suplenciando um déficit do pensamento. Ele é julgado como válido porque evocado por uma emoção astênica” (LACAN, 1932-1975, p. 375, tradução nossa).
O interessante é que, em um curtíssimo espaço de tempo no mesmo ano, Lacan (1932-1987) parece passar dessa leitura deficitária para seu contrário, positivando a escrita psicótica, que nada parecerá limitar. Assim, os escritos de Aimée – estudados em seu doutoramento – não mostrariam estereotipia alguma. Eles também foram utilizados como meio de realização do diagnóstico, mas colocavam em evidência a riqueza afetiva da paciente. “A escrita de certos psicóticos como criação autêntica parece, então, excluir o uso bruto da repetição (estereotipia): é uma ‘nova sintaxe’” (SAUVAGNAT, 1999, p. 40, tradução nossa).
A posição de Lacan parece ficar ainda mais clara no ano seguinte, ao escrever “O problema do estilo e a concepção psiquiátrica das formas paranóicas da experiência” (LACAN, 1933-1987)3. Ali, ele localiza os temas ideacionais e os atos significativos do delírio dos paranóicos, bem como suas produções plásticas e poéticas sob três rubricas. Primeiramente, destaca “a significação eminentemente humana desses símbolos” (LACAN, 1933-1987, p. 379), utilizados pelos psicóticos, que seriam análogos às criações míticas, assim como os sentimentos que os animam seriam análogos à inspiração dos artistas. Sob um segundo aspecto, estaria a repetição que, longe de reenviar a uma forma vazia e deficitária, colocaria em jogo uma “identificação iterativa do objeto”, caracterizando o delírio com uma fecundidade próxima à dos processos de criação poética. Por fim, em um terceiro ponto, ‘o mais notável’, destaca o valor de realidade social desses delírios, situados, “com muita frequência, em um ponto nevrálgico das tensões sociais da atualidade histórica” (LACAN, 1933-1987, p. 379). O conjunto apresenta uma contribuição à civilização humana e ao problema do estilo, que esse conjunto resumiria de alguma maneira.
Lacan opera um retorno ao contrário articulado pela passagem da repetição, estigmatizada como estereotipia no primeiro caso, para a amplitude criativa do processo psicótico, presente no segundo, o caso Aimée. Fato é que nesse período, o centro do processo de criação está situado, para Lacan, na escrita dos paranóicos. Não percamos esta assertiva de vista.
Fonte: http://146.164.3.26/seer/lab19/ojs2/index.php/ojs2/article/viewArticle/335/303
A escrita é correntemente considerada uma possibilidade de estabilização, um modo de suplência aos casos de psicose, ainda que seja uma solução raramente encontrada na clínica. O estudo de Lacan sobre Joyce talvez tenha estimulado essa associação. O que, entretanto, a prática clínica com os psicóticos na verdade testemunha é uma variedade muito grande de relações entre a escrita e as soluções psicóticas.
Essa noção atravessa vicissitudes consequentes ao próprio avanço da teoria lacaniana em seu conjunto. Segundo Sauvagnat (1999), Lacan trabalha a questão da escrita em toda sua obra, havendo, ao menos, três momentos em que uma nova proposição é por ele apresentada. A primeira é elaborada na década de 1930, com seus estudos sobre a “esquizografia” como escrita inspirada. A segunda proposta aparece na década de 1960, com a escrita a partir do traço unário, que teria que dar conta da inscrição do Nome-do-Pai. E, por fim, na década de 1970, assistiríamos à escrita que faz nó entre Real, Simbólico e Imaginário, bem como ao que resiste a se escrever, à escrita de um impossível remetido à relação sexual. Sigamos essa trajetória.
2.1 ANOS 1930: A PSICOPATOLOGIA E O ELOGIO DA ESCRITA
Lacan, na década de 1930, hesita entre uma concepção estereotipada da escrita na psicose e outra na qual a escrita é exaltada em sua potência criativa e reveladora dos conflitos típicos de sua época. No texto “Écrits inspirés: schizographie”, de 19312, publicado originalmente no periódico Annales medico-psychologiques e, posteriormente, incorporado à edição francesa de sua tese de doutoramento, Lacan (1932-1975) comenta as práticas poéticas e epistolares de uma professora primária psicótica. Ele se inspira nos trabalhos de linguística pós-saussuriana de Pfersdorff e Henri Delacroix sobre o mesmo caso. A razão do exame desse caso é a reticência da doença da qual se supõe que os transtornos elementares se exprimiriam mais facilmente pela escrita. O termo esquizografia é forjado do termo esquizofasia, que designa a existência de uma dissociação. No caso estudado, a maioria dos escritos da paciente era absurdamente incoerente, “contrastando com o caráter absolutamente normal de sua linguagem falada e a integridade de suas funções intelectuais” (HULAK, 2006, p. 18).
A pesquisa de Lacan já se apresenta muito seletiva. Ele não se pergunta simplesmente se a paciente é louca, mas sobre quais fundamentos repousa seu delírio polimorfo, acrescentando que talvez os escritos ajudassem a resolver a questão. Na discussão dos elementos psicopatológicos, ele destaca que a doente afirma ser-lhe imposto o que ela exprime, não de uma maneira irresistível nem mesmo rigorosa, mas sob um modo já previamente formulado. É, no sentido forte do termo, uma inspiração, tanto mais presente quanto mais a professora esteja só (LACAN, 1932-1975). Duas convicções contraditórias são acrescentadas. De um lado, ela é acompanhada de um estado de astenia no qual seus escritos experimentam “verdades de ordem superior” imediatamente compreensíveis pelo destinatário de suas cartas. E, de outro lado, uma convicção negativa, a de que ela experimenta, quanto a ela própria, nada compreender disso. Tudo isso acompanhado do sentimento de fazer evoluir a língua.
O conjunto, avalia Lacan, é idêntico à estrutura de todo delírio. Ela associa a uma astenia passional, colorindo os estados de influência e de interpretação, uma formulação minimal e reticente do delírio, e um fundo paranóico. O fenômeno elementar aqui vale como resumo da personalidade e, a escrita, como sua manifestação empobrecida. O fenômeno elementar da ‘inspiração’ parece se tratar de uma forma vazia, cuja expressão limite é a estereotipia aos moldes das palavras intercambiáveis das estrofes de uma canção. Longe de motivar a melodia, é a estereotipia que sustenta essas estrofes e legitima, no caso, seu não sentido (LACAN, 1932-1975). Esta vacuidade formalista aparece em primeiro plano, enquanto a astenia passional lhe confere um assentimento, diz Lacan, de onde o fenômeno da ‘inspiração’ apresentar uma dimensão passional e outra intelectual simultaneamente.
Ainda que algumas fórmulas desse escrito sejam felizes, o mais frequente são as escórias da consciência, as palavras silábicas, as sonoridades obsedantes, as banalidades, as assonâncias, os automatismos diversos, enfim, o que Lacan sintetiza em uma palavra: estereotipia. A ideia de déficit se destaca nessa leitura. “É quando um pensamento é curto e pobre que o fenômeno automático o suplencia. Ele é sentido como exterior porque suplenciando um déficit do pensamento. Ele é julgado como válido porque evocado por uma emoção astênica” (LACAN, 1932-1975, p. 375, tradução nossa).
O interessante é que, em um curtíssimo espaço de tempo no mesmo ano, Lacan (1932-1987) parece passar dessa leitura deficitária para seu contrário, positivando a escrita psicótica, que nada parecerá limitar. Assim, os escritos de Aimée – estudados em seu doutoramento – não mostrariam estereotipia alguma. Eles também foram utilizados como meio de realização do diagnóstico, mas colocavam em evidência a riqueza afetiva da paciente. “A escrita de certos psicóticos como criação autêntica parece, então, excluir o uso bruto da repetição (estereotipia): é uma ‘nova sintaxe’” (SAUVAGNAT, 1999, p. 40, tradução nossa).
A posição de Lacan parece ficar ainda mais clara no ano seguinte, ao escrever “O problema do estilo e a concepção psiquiátrica das formas paranóicas da experiência” (LACAN, 1933-1987)3. Ali, ele localiza os temas ideacionais e os atos significativos do delírio dos paranóicos, bem como suas produções plásticas e poéticas sob três rubricas. Primeiramente, destaca “a significação eminentemente humana desses símbolos” (LACAN, 1933-1987, p. 379), utilizados pelos psicóticos, que seriam análogos às criações míticas, assim como os sentimentos que os animam seriam análogos à inspiração dos artistas. Sob um segundo aspecto, estaria a repetição que, longe de reenviar a uma forma vazia e deficitária, colocaria em jogo uma “identificação iterativa do objeto”, caracterizando o delírio com uma fecundidade próxima à dos processos de criação poética. Por fim, em um terceiro ponto, ‘o mais notável’, destaca o valor de realidade social desses delírios, situados, “com muita frequência, em um ponto nevrálgico das tensões sociais da atualidade histórica” (LACAN, 1933-1987, p. 379). O conjunto apresenta uma contribuição à civilização humana e ao problema do estilo, que esse conjunto resumiria de alguma maneira.
Lacan opera um retorno ao contrário articulado pela passagem da repetição, estigmatizada como estereotipia no primeiro caso, para a amplitude criativa do processo psicótico, presente no segundo, o caso Aimée. Fato é que nesse período, o centro do processo de criação está situado, para Lacan, na escrita dos paranóicos. Não percamos esta assertiva de vista.
Fonte: http://146.164.3.26/seer/lab19/ojs2/index.php/ojs2/article/viewArticle/335/303
Eros e Psiquê - Fernando Pessoa
"Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia."
Vou Tocar na Expomusic 2010
Expomusic 2010 – 27ª Feira da Música – Instrumentos Musicais, Áudio, Iluminação e Acessórios
Data: 26/09/2010 as 15h
Organização: Francal Feiras e Empreendimentos Ltda
Telefone: (11) 2226-3100
E-mail: feiras@francal.com.br
Site: www.expomusic.com.br
Local: Expo Center Norte
Endereço: R. José Bernardo Pinto,333
"Non ducor, duco"
Jacques Lacan
Pensamento
Sua primeira intervenção na psicanálise é para situar o Eu como instância de desconhecimento, de ilusão, de alienação, sede do narcisismo. É o momento do Estádio do Espelho. [1] O Eu é situado no registro do Imaginário, juntamente com fenômenos como amor, ódio, agressividade. É o lugar das identificações e das relações duais. Distingue-se do Sujeito do Inconsciente, instância simbólica. Lacan reafirma, então, a divisão do sujeito, pois o Inconsciente seria autônomo com relação ao Eu. E é no registro do Inconsciente que deveríamos situar a ação da psicanálise.
Esse registro é o do Simbólico, é o campo da linguagem, do significante. Lévi-Strauss afirmava que "os símbolos são mais reais que aquilo que simbolizam, o significante precede e determina o significado”, no que é seguido por Lacan. Marca-se aqui a autonomia da função simbólica. Este é o Grande Outro que antecede o sujeito, que só se constitui através deste - "o inconsciente é o discurso do Outro", "o desejo é o desejo do Outro".
O campo de ação da psicanálise situa-se então na fala, onde o inconsciente se manifesta, através de atos falhos, esquecimentos, chistes e de relatos de sonhos, enfim, naqueles fenômenos que Lacan nomeia como "formações do inconsciente". A isto se refere o aforismo lacaniano "o inconsciente é estruturado como uma linguagem".
O Simbólico é o registro em que se marca a ligação do Desejo com a Lei e a Falta, através do Complexo de Castração, operador do Complexo de Édipo. Para Lacan, "a lei e o desejo recalcado são uma só e a mesma coisa". Lacan pensa a lei a partir de Lévi-Strauss, ou seja, da interdição do incesto que possibilita a circulação do maior dos bens simbólicos, as mulheres. O desejo é uma falta-a-ser metaforizada na interdição edipiana, a falta possibilitando a deriva do desejo, desejo enquanto metonímia. Lacan articula neste processo dois grandes conceitos, o Nome-do-Pai e o Falo. Para operar com este campo, cria seus Matemas.
É na década de 1970 que Lacan dará cada vez mais prioridade ao registro do Real. Em sua tópica de três registros, Real, Simbólico e Imaginário, RSI, ao Real cabe aquilo que resiste a simbolização, "o real é o impossível", "não cessa de não se inscrever". Seu pensamento sobre o Real deriva primeiramente de três fontes: a ciência do real, de Meyerson, da Heterologia, de Bataille, e do conceito de realidade psíquica, de Freud. O Real toca naquilo que no sujeito é o "improdutivo", resto inassimilável, sua "parte maldita", o gozo, já que é "aquilo que não serve para nada". Na tentativa de fazer a psicanálise operar com este registro, Lacan envereda pela Topologia, pelo Nó Borromeano, revalorizando a escrita, constrói uma Lógica da Sexuação ("não há relação sexual", "A Mulher não existe"). Se grande parte de sua obra foi marcada pelo signo de um retorno a Freud, Lacan considera o Real, junto com o Objeto a ("objeto ausente"), suas criações.
Fonte: Jacques Lacan - Wikipédia, a enciclopédia livre
Links sujeridos:
http://www.psicanaliselacaniana.com/estudos/magicoreal.html
http://www.appoa.com.br/noticia_detalhe_no_borromeano.php
http://www.campolacanianosp.com.br/textos_aescritadoego.html
Revista do Arquivo Municipal (1934)
Conhecida por muitos como RAM, a mais antiga publicação do Arquivo Histórico Municipal constitui um significativo repertório de estudos sobre a cidade de São Paulo por mais de 80 anos. Num primeiro momento, a revista concentrou um leque de contribuições das mais diversas origens e, ao mesmo tempo, era um veículo dos serviços da instituição e difusor do acervo custodiado.
Neste página: http://www.arquiamigos.org.br/ram/index.html concentra-se as poucas edições disponíveis em formatos eletrônicos - em diversas opções como PDFs e "flip books" - na tentativa de sanar a ausência, por enquanto, de uma versão integral na internet.
Primeiros passos da Sociologia no país
Janeiro/Fevereiro 2010 - Ano XXII - nº 252
Fonte: http://www.unesp.br/aci/jornal/252/cienciashumanas-3.php
Livro traz estudos pioneiros de norte-americanos com operários em São Paulo nos anos 1930
Os norte-americanos Horace Davis e Samuel Lowrie foram pioneiros da Sociologia Aplicada no Brasil. Agora, dois de seus textos, considerados clássicos, estão sendo resgatados no livro As pesquisas sobre o padrão de vida dos trabalhadores da cidade de São Paulo (Editora Sociologia e Política, 252 páginas).
A obra foi organizada por Angelo Del Vecchio, presidente do Conselho Superior da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) e professor da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, câmpus de Araraquara, e Carla Dieguez, professora e pesquisadora da Fundação.
A publicação reúne os trabalhos Padrão de vida dos operários da cidade de São Paulo, de Davis, e Pesquisa de padrão de vida das famílias dos operários de Limpeza Pública de São Paulo, de Lowrie, publicados em 1934 e 1938, respectivamente, na revista do Arquivo Municipal de São Paulo.
“A obra é uma iniciativa valiosa, pois dá conhecimento aos especialistas e ao público em geral dos primórdios do ensino e da pesquisa em Ciências Sociais em nosso país”, afirma Del Vecchio. “Além disso, o registro da experiência pedagógica proporcionada pela participação dos alunos da Escola nas pesquisas de campo como atividade curricular guarda, ainda hoje, atualidade e boa dose de arrojo.” Diretor-geral da FESPSP, Waltercio Zanvettor ressalta que a edição fac-similar reproduz textos na íntegra, “com paginação, tipologia e ortografia originais”.
Del Vecchio aponta que as duas pesquisas subsidiaram de maneira significativa a implantação do salário mínimo no país e são um marco na institucionalização da Sociologia no Brasil. “Pela primeira vez, houve a associação entre o ensino da disciplina e a pesquisa empírica”, afirma o professor. “Davis e Lowrie merecem destaque por terem sido, por meio de estudos sobre os operários da cidade de São Paulo, os introdutores dos inquéritos sobre o padrão de vida da população.”
Análise do consumo – A pesquisa coordenada por Davis, então responsável pela disciplina de Economia Social da FESPSP, teve a participação de alunos da instituição em todas as fases. Entre abril e junho de 1934, foram levantados dados sobre 221 famílias operárias em 39 bairros da capital.
O objetivo era determinar o consumo dessas famílias no período de um mês, em particular no item alimentação. “Outros objetivos foram obter dados de referência sobre o estudo das condições e do custo de vida no país e formar pesquisadores capazes de dominar e desenvolver, praticamente, metodologia para o tratamento científico de temas dessa natureza, em especial por meio da interpretação das estatísticas sociais”, diz Del Vecchio.
A metodologia utilizada era a técnica da caderneta. Os pesquisadores auxiliavam no preenchimento dos itens de alimentação e vestuário na residência. Depois, durante um mês, o morador se responsabilizava por anotar os gastos diários dos itens mencionados. Ao final do período, a caderneta era recolhida.
“Foram ainda usados questionários para obter dados como nacionalidade do chefe da família, endereço domiciliar, condições de moradia, composição da família e dos salários, locais de compras e despesas mensais totais”, explica o organizador da edição.
Referência para salário – O estudo dirigido por Lowrie, professor de Sociologia da Fundação e técnico em pesquisas sociais da Divisão de Documentação Histórica e Social do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal de São Paulo no período do trabalho, envolveu servidores municipais que eram, em sua maioria, alunos da Escola.
Os estudantes foram treinados para estabelecer contato com os pesquisados para obter confiança na realização do seu objetivo. O levantamento compreendeu três períodos mensais de observação, um em 1936 e dois em 1937. Foram observadas 465 cadernetas, mas 37, por problemas na apuração de dados, não foram utilizadas.
Para Del Vecchio, o que une as duas pesquisas é a proposta de fornecer informações para auxiliar no planejamento de políticas salariais. “A Prefeitura paulistana pretendia sugerir aos particulares o estabelecimento de um salário mínimo, investigar o custo de vida de pessoas de baixo salário, estabelecer e manter índices que refletissem as variações desse custo e cooperar com as autoridades federais quando solicitado”, esclarece.
De acordo com o professor, a publicação recém-lançada é fundamental para a institucionalização da Sociologia no Brasil, “na qual surgem em posição de relevo as pesquisas sobre padrão de vida dos trabalhadores”. Além de Del Vecchio, o Conselho Superior da FESPSP conta com outros ex-professores da Unesp, como o exreitor Jorge Nagle e José Ênio Casalechi, além de Claudio França, atual assessor da Pró-reitoria de Pós-graduação (Propg).
Oscar D’Ambrosio
Fonte: http://www.unesp.br/aci/jornal/252/cienciashumanas-3.php
Livro traz estudos pioneiros de norte-americanos com operários em São Paulo nos anos 1930
Os norte-americanos Horace Davis e Samuel Lowrie foram pioneiros da Sociologia Aplicada no Brasil. Agora, dois de seus textos, considerados clássicos, estão sendo resgatados no livro As pesquisas sobre o padrão de vida dos trabalhadores da cidade de São Paulo (Editora Sociologia e Política, 252 páginas).
A obra foi organizada por Angelo Del Vecchio, presidente do Conselho Superior da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) e professor da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, câmpus de Araraquara, e Carla Dieguez, professora e pesquisadora da Fundação.
A publicação reúne os trabalhos Padrão de vida dos operários da cidade de São Paulo, de Davis, e Pesquisa de padrão de vida das famílias dos operários de Limpeza Pública de São Paulo, de Lowrie, publicados em 1934 e 1938, respectivamente, na revista do Arquivo Municipal de São Paulo.
“A obra é uma iniciativa valiosa, pois dá conhecimento aos especialistas e ao público em geral dos primórdios do ensino e da pesquisa em Ciências Sociais em nosso país”, afirma Del Vecchio. “Além disso, o registro da experiência pedagógica proporcionada pela participação dos alunos da Escola nas pesquisas de campo como atividade curricular guarda, ainda hoje, atualidade e boa dose de arrojo.” Diretor-geral da FESPSP, Waltercio Zanvettor ressalta que a edição fac-similar reproduz textos na íntegra, “com paginação, tipologia e ortografia originais”.
Del Vecchio aponta que as duas pesquisas subsidiaram de maneira significativa a implantação do salário mínimo no país e são um marco na institucionalização da Sociologia no Brasil. “Pela primeira vez, houve a associação entre o ensino da disciplina e a pesquisa empírica”, afirma o professor. “Davis e Lowrie merecem destaque por terem sido, por meio de estudos sobre os operários da cidade de São Paulo, os introdutores dos inquéritos sobre o padrão de vida da população.”
Análise do consumo – A pesquisa coordenada por Davis, então responsável pela disciplina de Economia Social da FESPSP, teve a participação de alunos da instituição em todas as fases. Entre abril e junho de 1934, foram levantados dados sobre 221 famílias operárias em 39 bairros da capital.
O objetivo era determinar o consumo dessas famílias no período de um mês, em particular no item alimentação. “Outros objetivos foram obter dados de referência sobre o estudo das condições e do custo de vida no país e formar pesquisadores capazes de dominar e desenvolver, praticamente, metodologia para o tratamento científico de temas dessa natureza, em especial por meio da interpretação das estatísticas sociais”, diz Del Vecchio.
A metodologia utilizada era a técnica da caderneta. Os pesquisadores auxiliavam no preenchimento dos itens de alimentação e vestuário na residência. Depois, durante um mês, o morador se responsabilizava por anotar os gastos diários dos itens mencionados. Ao final do período, a caderneta era recolhida.
“Foram ainda usados questionários para obter dados como nacionalidade do chefe da família, endereço domiciliar, condições de moradia, composição da família e dos salários, locais de compras e despesas mensais totais”, explica o organizador da edição.
Referência para salário – O estudo dirigido por Lowrie, professor de Sociologia da Fundação e técnico em pesquisas sociais da Divisão de Documentação Histórica e Social do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal de São Paulo no período do trabalho, envolveu servidores municipais que eram, em sua maioria, alunos da Escola.
Os estudantes foram treinados para estabelecer contato com os pesquisados para obter confiança na realização do seu objetivo. O levantamento compreendeu três períodos mensais de observação, um em 1936 e dois em 1937. Foram observadas 465 cadernetas, mas 37, por problemas na apuração de dados, não foram utilizadas.
Para Del Vecchio, o que une as duas pesquisas é a proposta de fornecer informações para auxiliar no planejamento de políticas salariais. “A Prefeitura paulistana pretendia sugerir aos particulares o estabelecimento de um salário mínimo, investigar o custo de vida de pessoas de baixo salário, estabelecer e manter índices que refletissem as variações desse custo e cooperar com as autoridades federais quando solicitado”, esclarece.
De acordo com o professor, a publicação recém-lançada é fundamental para a institucionalização da Sociologia no Brasil, “na qual surgem em posição de relevo as pesquisas sobre padrão de vida dos trabalhadores”. Além de Del Vecchio, o Conselho Superior da FESPSP conta com outros ex-professores da Unesp, como o exreitor Jorge Nagle e José Ênio Casalechi, além de Claudio França, atual assessor da Pró-reitoria de Pós-graduação (Propg).
Oscar D’Ambrosio
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
JOGO DANADO É ESSA TAL DE POLÍTICA
Por Assis Ângelo
O jogo político é um jogo engraçado, cruel e mesquinho, e quase sempre seus jogadores são falsos e traiçoeiros.
Alguns candidatos ao descobrirem que não têm jeito pra coisa se dão por vencidos e entregam os pontos antes até de consolidarem suas ambições levadas embutidas nas candidaturas; caso, tempos atrás, do empresário do cimento e aço Antonio Ermírio de Morais e do dono do Baú, Silvio Santos, que a tempo diagnosticaram despreparo no fofo e perigoso campo da delicada arte de engolir sapos.
E há casos graves, de indução, isto é: de pessoas que levadas por outras fazem o diabo para alcançar o alvo.
No caso, a Presidência da República.
No caso, José Serra.
Zé, como o seu comando de bastidor quer que o povo o chame, escorregou ao se deixar levar pelo mavioso canto da sereia azul, que tantos estragos e vítimas tem feito.
Resultado: ele está agora numa enrascada colossal, perigando até de encerrar a carreira que iniciou nos tempos da União Nacional dos Estudantes, UNE, agremiação da qual foi presidente.
E para seu desespero, sem faturar o prêmio maior e que tanto almeja desde criancinha: o de presidente da República.
É fato notório que o Zé ex-tudo sempre ambicionou ocupar o cargo máximo da carreira. Para tanto, cortou caminho e fez o que fez, abandonando antes do fim o mandato de governador do maior Estado da Federação, São Paulo, que o povo, a quem de novo recorre, lhe confiou.
E antes de abandonar a cadeira dos Bandeirantes, abandonou também a cadeira de prefeito da 5ª maior cidade do mundo: São Paulo, isso após garantir em cartório que não concorreria ao governo do Estado.
Dá pra confiar?
Geraldo Alckimin, seu colega de partido, no papel de sereia, afagou seu ego dizendo que é um piloto experiente, de rota segura, etc., etc., por isso, acrescentou, “vamos fazer uma bela jornada”.
O barco do Zé está afundando.
Aliás, o seu barco começou a fazer água logo após o ex-governador de Minas Aécio Neves não topar integrar a sua chapa; o que o levou a aceitar, sem discussão, o nome de um deputado carioca sem muita experiência no ramo e nenhuma expressão nacional: Índio não-sei-o-quê.
A coisa tá feia, como na cantiga de Tião Carreiro e Lourival dos Santos.
Ah! E acaba de sair nova pesquisa Datafolha, aumentando as agruras do Zé: 50% dos votos do eleitorado para Dilma, 27% para Zé e 11 para Marina.
O negócio está feio.
Isto é, dirão os engraçadinhos: parecido com Zé.
Eu, hein!
PS – a foto acima, batida no dia 30 de março de 1988, registra um dos debates que Assis mediava no jornal O Estado de S.Paulo, publicados nas edições de domingo. Na ocasião, reuni os deputados Victor Faccioni, Lula, Roberto Cardoso Alves, José Serra e Afif Domingos, que não aparece.
http://assisangelo.blogspot.com/2010/09/jogo-danado-e-essa-tal-de-politica.html
Prêmio Pesquisador 2010
Estão abertas, de 20/9 a 22/10/2010, as inscrições para a seleção de até cinco projetos de pesquisa que deverão ser desenvolvidos em até dez meses. Serão apreciados projetos nas linhas interdisciplinaridade, acessibilidade e acervo. Os projetos deverão ter como base de referência o Arquivo Multimeios do CCSP, seja atualizando ou complementando seu acervo, seja propondo novos recortes ou mapeamentos da produção cultural e artística na cidade de São Paulo.
http://www.centrocultural.sp.gov.br/ccsp_editais.asp
http://www.centrocultural.sp.gov.br/ccsp_editais.asp
Interdisciplinar
União de duas ou mais disciplinas trabalhando em prol de um objetivo comum. Ensinar melhor e melhorar o aprendizado dos alunos.
Ex: Um professor de Português e um de Matemática juntos, ministrando aula na mesma sala poderá fazer com que o aluno entenda melhor as duas matérias , e aprenda a relacionar um coisa com a outra. Isso pode tornar a aula mais agradavel para todos.
Ex: Um professor de Português e um de Matemática juntos, ministrando aula na mesma sala poderá fazer com que o aluno entenda melhor as duas matérias , e aprenda a relacionar um coisa com a outra. Isso pode tornar a aula mais agradavel para todos.
O Poder Corrompe?
Blog do Emir
Segunda-feira, 22 de Setembro de 2010.
Pausa para uma Reflexão -
O Poder Corrompe?
Algumas frases que correm soltas e parecem, inclusive pela força da sua formulação, parecer evidentes por si mesmas, se prestam a somar-se à desmoralização da política, das ações coletivas, do Estado, favorecendo, como contrapartida, o individualismo, o egoísmo, o mercado – que busca congregar a todos como indivíduos na sua dimensão de consumidores.
Há poderes corruptos e outros não. Absolutizar é fazer o jogo dos que querem governos e Estados fracos, como os monopólios privados da mídia. Como dizer que “político é corrupto”, que “partidos são tudo a mesma coisa”, que “as pessoas não prestam”, que “todo mundo é egoísta”, “que o mundo não tem jeito”, “que as coisas estão cada vez pior no Brasil e no mundo”.
O senso comum costuma ser a representação popular de grandes preconceitos.
Aparece como “verdades” evidentes por si mesmas, que nem precisam demonstração. E camuflam valores muito reacionários. Para isso, precisam naturalizar as coisas, tirando seu caráter histórico.
O poder da ditadura, o do Collor, o do FHC e o do Lula são iguais? Basta se chegar ao poder, para alguém se tornar corrupto? O poder de uma grande potência imperialista, como os EUA, é mais ou menos corrupto que o poder de um país da periferia? O poder de um grande conglomerado econômico transnacional é maior ou menor do que o dos governos?
Uma ONG internacional publica anualmente o ranking do que seriam os governos mais corruptos do mundo. Um deles colocou o Haiti entre os lideres.
Será que o governo do Haiti é mais ou menos corrupto que o governo dos EUA?
Mas o principal problema dessa lista é que ela lista os corruptos, mas não os corruptores, que certamente estão entre as grandes corporações multinacionais. Mas se trata de uma ONG, busca criminalizar os governos e, por dedução, absolver as empresas privadas.
Essa visão criminalizadora da política e do poder sugere que as pessoas são “boas” na “sociedade civil” e quando “entram” para o Estado, para a política, se corrompem. É a visão que sustenta a opinião, tão disseminada, de “quanto menos imposto se paga, melhor”, de que “o seu imposto está sustentando aos burocratas”, etc.
Do que se trata é de historicizar o tema. Há poderes e poderes. Todos eles têm natureza de classe. Mas mesmo nesse marco, há poderes assentados diretamente em organizações populares, em dirigentes com compromisso ideológico com os processos de transformação profunda da realidade.
Senão contribuiríamos para a rejeição da política, deixando para que ela seja feita justamente pelos políticos tradicionais, acostumados a tirar proveitos do Estado e dos governos, a desmoralizar a política.
SUGESTÕES DE LEITURA
- MEXICO INSURGENTE [John Reed] Boitempo Editorial
- AS GAROTAS DA FÁBRICA [Leslie T. Chang] Editora Intrinseca
- VITÓRIA [Joseph Conrad] Editora Revan
----------------------------------------
Postado por Emir Sader às 06:03
Emir Sader – nasceu em São Paulo. Formou-se em filosofia na USP, nos anos 60. Defendeu tese de mestrado em filosofia política e de doutorado em ciência política, na USP. Esteve 13 anos no exílio, de onde voltou em 1983. É professor de sociologia da USP e da UERJ, onde é responsável por um Laboratório de Políticas Públicas. Escreveu, entre outros, os livros 'Estado e política em Marx', 'A transição no Brasil' e 'Que Brasil é este?', 'O anjo torto - esquerda (e direita) no Brasil' e 'O poder, cadê o poder?'.
Link: http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=545
Segunda-feira, 22 de Setembro de 2010.
Pausa para uma Reflexão -
O Poder Corrompe?
Algumas frases que correm soltas e parecem, inclusive pela força da sua formulação, parecer evidentes por si mesmas, se prestam a somar-se à desmoralização da política, das ações coletivas, do Estado, favorecendo, como contrapartida, o individualismo, o egoísmo, o mercado – que busca congregar a todos como indivíduos na sua dimensão de consumidores.
Há poderes corruptos e outros não. Absolutizar é fazer o jogo dos que querem governos e Estados fracos, como os monopólios privados da mídia. Como dizer que “político é corrupto”, que “partidos são tudo a mesma coisa”, que “as pessoas não prestam”, que “todo mundo é egoísta”, “que o mundo não tem jeito”, “que as coisas estão cada vez pior no Brasil e no mundo”.
O senso comum costuma ser a representação popular de grandes preconceitos.
Aparece como “verdades” evidentes por si mesmas, que nem precisam demonstração. E camuflam valores muito reacionários. Para isso, precisam naturalizar as coisas, tirando seu caráter histórico.
O poder da ditadura, o do Collor, o do FHC e o do Lula são iguais? Basta se chegar ao poder, para alguém se tornar corrupto? O poder de uma grande potência imperialista, como os EUA, é mais ou menos corrupto que o poder de um país da periferia? O poder de um grande conglomerado econômico transnacional é maior ou menor do que o dos governos?
Uma ONG internacional publica anualmente o ranking do que seriam os governos mais corruptos do mundo. Um deles colocou o Haiti entre os lideres.
Será que o governo do Haiti é mais ou menos corrupto que o governo dos EUA?
Mas o principal problema dessa lista é que ela lista os corruptos, mas não os corruptores, que certamente estão entre as grandes corporações multinacionais. Mas se trata de uma ONG, busca criminalizar os governos e, por dedução, absolver as empresas privadas.
Essa visão criminalizadora da política e do poder sugere que as pessoas são “boas” na “sociedade civil” e quando “entram” para o Estado, para a política, se corrompem. É a visão que sustenta a opinião, tão disseminada, de “quanto menos imposto se paga, melhor”, de que “o seu imposto está sustentando aos burocratas”, etc.
Do que se trata é de historicizar o tema. Há poderes e poderes. Todos eles têm natureza de classe. Mas mesmo nesse marco, há poderes assentados diretamente em organizações populares, em dirigentes com compromisso ideológico com os processos de transformação profunda da realidade.
Senão contribuiríamos para a rejeição da política, deixando para que ela seja feita justamente pelos políticos tradicionais, acostumados a tirar proveitos do Estado e dos governos, a desmoralizar a política.
SUGESTÕES DE LEITURA
- MEXICO INSURGENTE [John Reed] Boitempo Editorial
- AS GAROTAS DA FÁBRICA [Leslie T. Chang] Editora Intrinseca
- VITÓRIA [Joseph Conrad] Editora Revan
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Postado por Emir Sader às 06:03
Emir Sader – nasceu em São Paulo. Formou-se em filosofia na USP, nos anos 60. Defendeu tese de mestrado em filosofia política e de doutorado em ciência política, na USP. Esteve 13 anos no exílio, de onde voltou em 1983. É professor de sociologia da USP e da UERJ, onde é responsável por um Laboratório de Políticas Públicas. Escreveu, entre outros, os livros 'Estado e política em Marx', 'A transição no Brasil' e 'Que Brasil é este?', 'O anjo torto - esquerda (e direita) no Brasil' e 'O poder, cadê o poder?'.
Link: http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=545
terça-feira, 21 de setembro de 2010
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
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