sábado, 3 de outubro de 2009

Porque quebrar espelho é simbolo de mal agouro?


No mundo antigo, os espelhos eram usados para predizer o futuro. Se um espelho quebrasse durante a leitura, a pessoa estaria amaldiçoada. Posteriormente, a imagem de alguém representaria um sinal de boa saúde, mas se fosse observada em um espelho quebrado, significaria uma doença iminente. Já a superstição dos sete anos de azar era difundida na Idade Média, para fazer com que os servos europeus tomassem cuidado ao polir os caros espelhos de seus senhores.


A história de um símbolo - O Espelho de Portugal

O Espelho de Portugal é a designação de uma jóia - pregadeira ou fivela - que ganhou o nome em Inglaterra no tempo dos Stuart, assim referida em crónicas e inventários da época. Por exemplo, sabe-se que o então príncipe de Gales, que depois viria a ser Carlos I, o transportou numa jornada, em 1623. Em Inglaterra havia várias jóias chamadas espelhos: o Espelho da Grã-Bretanha e o Espelho de Nápoles são conhecidos.

O Espelho de Portugal era um adorno que tem um grande diamante central, talhado em mesa rectangular, chamado o diamante de Portugal. Essa jóia é transportada ao peito pela raínha Henriqueta Maria, mulher de Carlos I, neste retrato.

Embora a pregadeira esteja de perfil, foi proposta no final do século XIX, esta reconstituição frontal da jóia:



(Espelho de Portugal, reconstituição publicada por Germain Bapst em 1889)

Sabe-se que o diamante de Portugal - provavelmente um cabochão rectangular de mais de 30 quilates - foi apropriado por Isabel I de Inglaterra a D. António, prior do Crato, em 1582. D. António, no exílio, entregou o diamante como garantia junto da rainha de Inglaterra, que proporcionou uma armada. Isabel I usou este pretexto para se apoderar do diamante.

O diamante era pertença de Portugal desde D. Manuel, o Venturoso. Talvez tenha provindo dos despojos de Carlos o Temerário, duque de Borgonha, morto em 1477 na batalha de Nancy, de quem se sabe que D. Manuel obteve outro diamante famoso. No retrato do duque observa-se que a fivela do ombro direito contém um grande diamante rectangular.

Deverá ter sido, depois, o diamante que D. Joana de Aústria, princesa de Portugal, mãe de D. Sebastião, traz no toucado, num retrato datado de 1552.

Certo é que o Espelho de Portugal foi uma jóia criada na coroa inglesa no início do século XVII, que incluía como pedra central o diamante de Portugal. Às tantas o diamante começou a ser designado com o nome da jóia; as pedras não eram fixas, transitavam ocasionalmente de jóia em jóia. é assim que o diamante também figura na coroa de Henriqueta Maria, no aro basal.

Em 1644 Henriqueta Maria desloca-se para a Holanda e França onde vende parte das jóias da coroa para financiar tropas e armas para Carlos I, seu marido. é desta maneira que o Espelho de Portugal entra em França e é adquirido por Mazarino em 1657, primeiro-ministro de Luís XIV. Mazarino morre em 1661 e lega a sua colecção de diamantes á coroa francesa. A rainha Maria Teresa de Áustria, consorte de Luís XIV, usa-o no topo do toucado neste retrato.

O Espelho de Portugal, como pregadeira ou fivela, vai permanecer nas jóias da coroa de França até ao final do século XVIII. O jovem Luís XV transporta-o neste retrato.

Em 1795 o Espelho de Portugal é vendido na Turquia, juntamente com outras peças, para obter financiamentos. Não conhecemos o destino posterior deste diamante.

Mas entretanto, em Portugal, retomada a independência em 1640, tornando-se reinante a casa dos duques de Bragança, vemos que na 1ª metade do século XVIII, D. João V, o Magnânimo, ostenta uma fivela semelhante á de Carlos o Temerário, a prender a capa.

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