quarta-feira, 26 de maio de 2010
Um estudo crítico da relação entre ser humano e natureza.
Resumo
O texto representa estudos e pesquisa na área do meio ambiente, educação, natureza e sociedade. A partir de reflexos sobre a conceituação terminológica de natureza e analisando as ações históricas do ser humano e a destruição ambiental nos dias atuais indica-se limites e possibilidades de superação dessa relação exploradora e a revisão da conceituação dialética entre teoria e prática presente na conduta ecológica de vida.
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010
O ponto de partida da análise é entender as questões ambientais nas relações sociais, que são propriamente as relações entre o ser humano e a natureza. O texto busca refletir algumas considerações ontológicas para compreender politicamente a destruição ambiental como um problema historicamente construído entre as ações de dominação e exploração do ser humano com ele mesmo, do outro e do mundo.
A base para o entendimento da sociedade atual é a totalidade do modo de produção capitalista na vida humana. Marx ao analisar o ser humano e suas relações com a natureza no atual modo de produção destaca a dialética da ação do ser humano no mundo e em si mesmo:
“O trabalho é antes de tudo um processo entre o homem e a natureza, um processo no qual o homem por sua atividade realiza, regula e controla suas trocas com a natureza. Ele põe em movimento as forças naturais que pertencem à sua natureza corporal, braços e pernas, cabeças e mãos, para se apropriar das substanciais naturais sob uma forma utilizável para sua própria vida. Agindo assim, por seus movimentos sobre a natureza exterior e transformando-a, o homem transforma ao mesmo tempo a sua natureza”. MARX (2001, p. 211).
A relação dialética entre o ser humano e natureza pressupões uma existência e a sua sobrevivência, estabelecendo ao longo da história relação de transformações do meio ambiente. Os estudos recentes sobre meio ambiente1 afirmam que essas relações são destrutivas, a vida coletiva em sociedade difere dos animais quando não consegue acomodar-se e adaptar-se ao meio ambiente em que vive, tendo ele que estabelecer uma relação de transformação e modificação do seu habitat. A relação ser humano e natureza se estabelecem através do trabalho, um trabalho que domina e transforma para atender as necessidades individuais e coletivas (ARENDT, 1996). É nele, trabalho, que ao atingir certo nível de desenvolvimento histórico e industrial, se exigem meio mais elaborado e tecnologicamente mais avançado de desenvolvimento. O que resultou, na modernidade, em devastação e destruição dos espaços.
Marx nos coloca em sua análise que, tudo disposto no planeta, que não seja ainda virgem, é resultado do trabalho humano e, por tanto, representa os meios e a produção final com valor de uso para a sociedade. Para Leff (2001) isto representa a apropriação social da natureza, na qual a responsabilidade está associada as ações que o ser humano em sociedade, tem perante ao meio. É nesta sociedade capitalista que, historicamente, as relações do ser humano e natureza são determinadas e determinam o trabalho alienado. Ele é o meio pelo qual se estabelece a relação entre ser humano e natureza, produzindo, a riqueza das nações e representando a base estrutural desse sistema. Neste sistema, o valor do produto do trabalho e o próprio trabalho são determinados2 pela relação econômica capitalista que tem por base o lucro, e pode ser entendida pelo conceito de mais-valia (MARX, 2000). A mercadoria passa a ter agregado o valor de troca e valor excedente, possibilitando a feitichização da mercadoria, coisificação, valorização do desejo de aquisição, transformando a vida consumo, garantindo a lei básica do capitalismo: o lucro e a acumulação de capital.
Na política, a ação dos ambientalistas, é uma possibilidade alternativa de organização social capitalista sustentável. Neste movimento ativo na política alguns pesquisadores e ativistas identificam a fragilidade dessas propostas no que concerne a falta de radicalização da questão colocada pela destruição ambiental. Para alguns deles, como LEIS (1999), as leis de mercado, lucro, propriedade privada, trabalho assalariado, não permitem alguma possibilidade de identificação do ser humano enquanto o ser transformador da natureza e de si mesmo, ao passo que não permite a relação de não destruição da natureza.
Nesse sentido, Frigotto (2000), afirma que os avanços das ciências e das tecnologias, o desenvolvimento, prometido pela modernidade, ajudaram fomentar, a maior destruição da natureza, o acúmulo exorbitante de capital, a exponencial produção de desemprego, trabalho precário, miséria e destruição dos direitos humanos. Esta tese está embasada na afirmação de que a finalidade da produção industrial é o lucro e a acumulação de bens a partir da exploração da natureza. O lucro e acumulação de capital, nesta sociedade, delineiam as relações entre ser humano e natureza, retirando as possibilidades de relações a partir de necessidades básicas da vida no planeta: alimentação, moradia, transporte, saúde e lazer.
A proposta segue um caminho de aprofundamento dessas questões quando ao elaborar o pensamento ou ações ambientalistas, chegam-se as relações atuais de produção, ou seja, as relações econômicas. Entre esses estão alguns pesquisadores no Brasil do Instituto Paulo Freire, como Gadotti (2000), que indica a possibilidade de através da educação ambiental garantir a crítica à concepção de desenvolvimento sustentável apresentando o conceito de “ecodesenvolvimento” a partir dos seguintes princípios: A satisfação das necessidades básicas da população; A solidariedade com as gerações futuras; A participação da população envolvida; A preservação dos recursos naturais e do e meio ambiente em geral; A elaboração de um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito a ouras culturas; Programas de educação.
A proposta de educação ambiental é uma ação que vem sendo considerada em estudos e pesquisas sobre programas de educação nos diversos níveis. Os programas e as propostas pedagógicas (MEC, 2004) falam de uma educação ambiental que aproxima o ser humano da sua própria realidade, do mundo, seus problemas e suas possibilidades de soluções. Uma proposta, portanto, de educação ambiental no sentido de auxiliar na construção de uma estrutura social digna para todos toca diretamente na relação entre o ser humano e natureza, tendo o trabalho como mediador. Organizações pedagógicas propostas por antigos autores, como Pistrak (2000), ainda muito antes de uma proposta ambientalista existir na educação, indica que o trabalho como princípio educativo é uma possibilidade para entender e conhecer questões da realidade atual, a qual pode ser definida como: luta pelas formas sociais novas de trabalho e de vida.
Pistrak argumenta que as generalizações possíveis, a partir da análise de trabalho humano de transformar a natureza, permitem reconhecer o indivíduo e sua ação na coletividade, a interação com o meio pelo trabalho. É o ser humano quem trabalha, é ele quem age na natureza e nele mesmo, é ele quem determina suas condições de vida, e é ele mesmo quem tem a possibilidade de alterar esse processo. Superando a atual relação de produção pautada no trabalho alienado para o trabalho livre.
Marx (2000) considera o ato de alienação da atividade prática humana, o trabalho sob dois aspectos: a relação do trabalhador com o produto do trabalho como um objetivo estranho que o domina e a relação do trabalho como o ato de produção dentro do trabalho. Nesses dois aspectos dirá: Não obstante, alienação aparece não só como resultado, mas como o processo de produção, dentro da própria atividade produtiva. Como poderia o trabalhador ficar numa relação alienada com o produto de sua atividade sem alienar-se a si mesmo no próprio ato de produção? O produto é resumidamente apenas o resultado da produção. A alienação do objeto do trabalho resume a alienação da própria atividade do trabalho e do próprio ser humano. As formas de alienação são ainda sob as formas do trabalho alienado: aliena a natureza do ser humano, aliena o ser humano de si mesmo, de sua própria função ativa, de sua atividade vital, assim também o aliena da espécie, ele transforma a vida da espécie em uma forma individual e fragmentada.
Segundo Freitas (1995), ao longo da história, o trabalho ganha características particulares oriunda das várias formas de como o ser humano organiza a produção da vida material. Para ele, no presente momento, o trabalho está em antagonismo com o capital, se valoriza cada vez mais por intermédio da exploração da força de trabalho contratada. Esse antagonismo básico faz com que os homens não se apresentem iguais perante a natureza. A configuração deste sistema, seguindo a interpretação do materialismo histórico dialético, é definida por classes sociais que lutam e possuem interesses próprios. O trabalho, portanto, está no centro dessa relação entre ser humano e natureza, sendo definidas suas características particulares pelo modo de produção capitalista.
No mundo da produção, após a revolução industrial na sociedade moderna, o capitalismo, organiza o processo de produção em empresas que se fortalecem nos países desenvolvidos e determinam os espaços dos países em desenvolvimento através da implementação de organizações e multinacionais, com a “promessa de soberania e fim da pobreza”. Mas o que se vê é um crescimento econômico mundial sem, necessariamente, um simultâneo crescimento e desenvolvimento social e uma real distribuição dos bens de produção e de consumo. Entende-se que o eixo da engrenagem capitalista é: propriedade privada, trabalho assalariado, lucro e acumulação de capital, a racionalização e a industrialização.
A racionalização associada ao processo industrial capitalista rejeita, necessariamente, qualquer modo de organização social digna para todos (ou pelo menos para a maioria)4. O bem estar dos trabalhadores, o meio ambiente, a cultura os valores sociais e éticos da vida em nome do lucro máximo para a manutenção do capitalismo. Lowy citado por Gentili (1999) nos coloca sistematicamente a discussão do processo de racionalização que vem desde a revolução industrial e suas conseqüências:
“1 - A Zweckrationalität racionalidade como finalidade, isto é a utilização de meios racionais para alcançar objetivos que nada tem de racional, cuja expressão racional típica é a burocracia. A lógica do funcionamento da economia capitalista...
2 – A diferenciação e autonomização das esferas como resultado da separação entre o econômico, o social, o político, e o cultural. A economia de mercado torna-se um sistema auto-regulado que já não se encontra encaixado na sociedade (para retomar a célebre expressão de Karl Polanyi) e escapa a quaisquer controles sociais, morais ou político.
3 – A Rechenhaftigkeit, ou espírito do cálculo racional, isto é a tendência geral a quantificação. Os valores qualitativos éticos, sociais e/ou naturais estão condenados a serem destruídos, degradados ou neutralizados por tais quantificações que encontra sua expressão mais direta na dominação total de valor de troca das mercadorias e na monetarização das relações sociais.” (LOWY apud GENTILI 1999, p 90).
O modelo desenvolvimentista do pós-guerra atribuiu o fim da pobreza a essas formas de organização econômica, o resultado deste processo é mostrado, em dados estatísticos da ONU (Pesquisa realizada na internet no endereço http://www.onu-brasil.org.br, em 2009.), onde a pobreza do mundo aumenta e tem uma relação diretamente proporcional com acumulação de bens, um quadro cada vez maior de contrastes. Além da crescente destruição da natureza e aniquilação dos bens não renováveis do planeta e a poluição do ar, da água e da terra em nome da evolução tecnológica, o que resta está sob ameaça da privatização. Estes dados têm chamado atenção das organizações mundiais que se reúnem em conferências, fóruns e encontros, em prol de garantir as condições de vida no planeta, e estabelecer diretrizes que garanta ao capitalismo formas de se reestruturar e sobreviver também a este ataque, o ataque implosivo da falta de matéria prima bruta tanto para os meios de produção como para a própria produção.
Esta forma de organização das sociedades capitalistas industriais abrange todos aqueles que participam desse sistema, vendendo/ sendo explorado ou comprando/ explorando, a força de trabalho. A questão ambiental, preservação da vida, ou seja, o equilíbrio entre o ser humano e a natureza, é totalitária concreta. Ela envolve as variáveis da cultura, do trabalho, da história e das relações sociais. Segundo Kosik (2002), do ponto de vista da totalidade, compreende-se, a partir da dialética, os fenômenos o movimento histórico da realidade, as partes e o todo, o produto e a produção. Tudo está em conexão com tudo, de uma forma específica a cada parte e que o todo é mais que as partes.
Essa categoria dialética das totalidades é relacionada a produção da sociedade atual, sistema de funcionamento de nossa sociedade, e num outro plano de totalidade, do movimento entre as ações individuais e comportamentais, que envolve a cultura, a religião e trabalho. Nesse sentido, não basta pensar ambientalmente ou mesmo trabalhar com a comunidade para transformar as ações perante a natureza, não basta uma educação, por exemplo, crítica da sociedade. A preservação da natureza passa por uma reestruturação de conduta humana definida por uma história milenar de domínio e destruição Kisserling (1992). É relevante reconhecer ações interdisciplinares e inter setoriais como ações de políticas públicas redimensionando as relações legais entre a vida humana digna e natureza.
Na democracia todos têm o direito de falar e participar para construir um espaço de convivência na sociedade, é o princípio da igualdade. Que garante a individualização de oportunidades, de escolhas, e do conhecimento. Marx (1977) critica esse princípio revelando ser ele mesmo o sistema que desfavorece as classes não proprietárias dos meios de produção. O que se vê é a pobreza, a negação de participação na divisão dos bens produzidos pelo trabalho humano. A democracia capitalista é um engodo, que prega os valores burgueses, a liberdade, fraternidade e igualdade como possíveis de serem atingidas.5
As manobras do capitalismo para sobrevivência são muitas e no campo ambiental, hoje, algumas diretrizes e conceitos são difundidos sobre a questão da preservação da natureza e da vida humana. A carta de Joanesbugo (Reunião mundial para avaliação da chamada RIO ECO 92 ou Rio Mais Dez), por exemplo, afirma que a questão ambiental está diretamente relacionada com a eqüidade entre as nações, princípio básico da sustentabilidade (Esse termo foi utilizado pela primeira vez na assembléia Geral das Nações Unidas em 1979). Esse conceito tem sido disseminado mundialmente pelos relatórios do Worlwattch Institute durante a década de 80 e pelo relatório: Nosso Futuro Comum, produzido pela Comissão das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1987, afirmando que o desenvolvimento poderia ser o processo integral que inclui dimensões culturais, éticas, políticas, sociais e ambientais e não só econômicas.
Outro termo usado também é o do desenvolvimento humano sustentável, que conceitualmente coloca o ser humano no centro do desenvolvimento, com as idéias de eqüidade e participação, concebendo-se que a sociedade é eqüitativa, possível somente, pela participação e vontade das pessoas, o que não corresponde com os fatos e as possibilidades na economia capitalista. As Nações Unidas passaram a usar esse termo como indicador de qualidade de vida, fundado nos índices de saúde, longevidade, maturidade psicológica, educação ambiente limpo, espírito comunitário e lazer criativo representando uma sociedade sustentável, ou seja, uma sociedade capaz de satisfazer as necessidades atuais sem comprometer as gerações futuras. Importante para compreender criticamente essa argumentação ambiental, são os estudos sobre biopolítica6 que vêm demonstrando os meios de dominação pela organização, separação, determinação e segregação da sociedade a partir da premissa da constituição natural de cada ser. Neste sentido, Foucault (2002) traz para o centro das discussões sobre Biopoder, que envolvem os domínios e a disciplina do corpo na história da humanidade, principalmente na Idade Média e Modernidade.
E é com o discurso da saúde e da vida que países desenvolvidos fazem grandes esforços para preservar as suas áreas naturais e ao mesmo tempo avançar sobre áreas onde se localizam fontes energéticas e diversidade biológica no planeta. As guerras em curso, em regiões petrolíferas, são exemplos destes interesses. A questão ecológica não é uma questão somente de saúde ou da biodiversidade, é uma questão política econômica. Medidas como limpeza de rios, despoluição do mar, do ar, reflorestamento dos campos, está diretamente relacionada ao modo de produção atual do qual o que possibilita o movimento da engrenagem é a relação do ser humano com a natureza, mediado pelo trabalho.
As proposições resultantes de debates e fóruns destinados à questão ambientalista criam à crença de que é realmente possível erigir no plano nacional uma economia que poupa o meio ambiente. O desenvolvimento se torna insustentável na medida em que busca economia eficiente, ecologicamente suportável, politicamente democrático e socialmente justo na lógica fordista do modo de produção capitalista e sem alteração do trabalho alienado.
Segundo Gadotti (2000) a organização de estruturas econômicas e sociais é sustentável apenas do modo condicional, somente quando não se colide com as restrições de uma sociedade capitalista industrial, o lucro, a competitividade, a imposição das condições objetivas. Falar de ambientalismo, no entanto, não é fazer “jardinagem”, é rever toda a tradição histórica de relação entre ser humano e natureza, questionando e buscando alternativas para a transformação das bases que fundamentam o sistema capitalista, esboçando a crítica das relações ser humano e natureza na atual sociedade. Para Gadotti
“Ecologizar a economia” objetiva questionar as bases desse consagrado modelo econômico que ele considera ”evangelicano” (evangelho + americano), no interior do qual eficácia econômica e justiça distributiva seriam o mesmo que a quadratura do círculo. (GADOTTI, 2000, p. 59).
O conceito de desenvolvimento sustentável é impensável e inaplicável segundo este autor. Exemplo é o fracasso da agenda 21. Não seria possível afirmar que um crescimento sustentável, com “equidade”, é possível a partir da economia regida pelo lucro, pela acumulação ilimitada, livre concorrência e pela exploração do trabalho alheio, para ele, ela só tem sentido na organização de uma sociedade sem propriedade privada, numa economia solidária. A utopia posta pelos ecologistas de uma sociedade sustentável não é válida, se não tocarmos na questão central, as bases da economia. (ELMAR ALTVATER apud GADOTTI, 2000, p. 59).
A política econômica é caracterizada pelo desenvolvimento tecnológico e o avanço da ciência aliados ao capitalismo com a exacerbação da exploração da natureza e a destruição das possibilidades de vida futura. A exploração da natureza é efetivada pelo trabalho alienado que está em interação dialética com as relações sociais, econômicas e culturais. A proposta da educação ambiental é alterar a partir de programas Educacionais pontuais, em realidades distintas, associada a transformação dos costumes da vida cotidiana. O ambiente pedagógico de uma educação ambiental possibilita a construção de ações que integram transformações da base desse sistema, político, econômico, religioso e ações locais, comunidade e indivíduo. É a busca pelo novo, que segundo Luxemburgo (2000) quando se quer mudanças, é preciso abandonar leis do atual sistema, e construir novas relações, neste caso, livre do lucro, da exploração/ alienação do trabalho, da propriedade privada e da acumulação de capital para outra com base em uma relação de troca entre o ser humano e a natureza, na qual seja possível o trabalho livre e produtivo, o trabalho onde o ser humano se encontra no produto final, construído por ele, individualmente e coletivamente.
A utopia da revolução, de construir outra sociedade na qual, o respeito, a dignidade, e o dito “reencontro do ser humano com a natureza” tenham possibilidades de se realizar, encontra sintonia com as possibilidades na educação comprometida politicamente com a formação do ser humano no sentido mais amplo, omnilateral e articulado com o projeto histórico para além do capital.
A educação ambiental com objetivo de alterar as atuais relações entre o ser humano e natureza incentiva a criatividade, a liberdade, o trabalho livre, onde o trabalhador se encontra no produto final, assim como nos meios, tomando consciência de si e do outro e do meio, entendendo de modo totalitário e não alienado a sociedade que constitui e é constituído (MARX, 2004). Neste mesmo sentido, a atividade humana criadora como “plena obra” (Termo utilizado pelo autor para definir a capacidade de expressão humana na voz e corpo. ZMTHOR, 1915) é possibilidade de vida com e na natureza. É a ação do homem como atividade criadora artística, mimética. (BENJAMIN, 1984).
O trabalho pedagógico da Educação Ambiental está direcionado a cada indivíduo que constrói e constitui a sociedade e a natureza. É no todo, modo de produção, e nas partes, relação ser humano-natureza-trabalho, que uma educação ambiental está preocupada em agir pedagogicamente em busca de redimensionar a relação ser humano com a natureza e vida digna para todos.
Notas
LEFF (2001) é uma referência em Epistemologia Ambiental e é um dos autores que concordam em associar os problemas ambientais a relação capitalista industrial, pautada nas relações entre o ser humano e a natureza.
Ao mesmo tempo o ser humano determina essa relação, sem que possa parecer uma determinação exterior ao ser humano, sem espaço, portanto, para a sua subjetividade individualidade determinar seu meio. Esta explicação encontra-se diluída no Debate sobre Marxismo e Existencialismo. Controvérsia sobre a dialética. Editora Tempo Brasileiro, no Rio e Janeiro, 1985.
Entre esses autores destaco LEIS no seu livro a Modernidade Insustentável, 1999.
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Tocqueville (1979) traz uma análise histórica e crítica sobre a igualdade da democracia na América revelando seus engodos.
Foucault (2002) em algumas conferências e aulas este autor analisa as relações de poder justificadas pelo argumento da biologia da diferenciação das nações e de cada indivíduo, demonstrando como este argumento sustenta propositalmente, por exemplo, relações de segregação racial e autoritarismo político.
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