terça-feira, 25 de maio de 2010
Hello Nietzsche
Nietzsche não admite que o ser humano se submeta às normas exterioras à
vontade humanas. A arte é a manifestação da natureza, somente pela arte o ser humano pode superar a sua condição niilista. A razão não é o guia para o conhecimento, muitas das atividades dos seres humanos são guiadas por impulsos necessários a sobrevivência. A arte e o trágico são expressões da natureza humana a serem resgatadas pela música.
A Música é a linguagem universal por meio da qual a arte e a cultura humana se manifestam, possibilitando a coexistência de Apólo e Dionísio.
Nietzsche apresenta a sua crítica de modo incisivo nas seções 12, 13, 14 do
Nascimento da Tragédia acusando Sócrates e seus principais seguidores Platão e Eurípides de terem destruído o mundo trágico dos gregos.
Na área de Teatro algumas reflexões a partir da estética permitem aprofundar o papel
do coro na tragédia antiga ligando a este tema a crítica a uma razão que exclui do mundo do conhecimento qualquer concepção artística. Na Música temos questões técnicas e conceituais que surgem por ela ser considerada uma linguagem universal por Nietzsche (2003), o exemplo é a ópera de Wagner Tristão e Isolda, na qual, o texto, os atores e a música mantêm um equilíbrio que inaugura e/ou restaura o espírito perdido dos gregos antigos.
Neste sentido nos séculos XVIII e XIX, a visão de conhecimento começa a romper
com a tradição do dualismo platônico razão/sentimento e os une numa questão ampla que de certa forma lança as bases do pós-modernismo. Essa questão tem como ponto a incapacidade da razão socrática ser o guia da condição humana, por isso, é necessário uma razão que não exclua o sentimento ou o instinto que é essencial para compreendermos a mudança de percepção dos objetos e nós mesmos.
A visão tradicional do conhecimento científico-filosófico foi quem sempre definiu o
que pode ser considerado o real. A não submissão aos critérios deste modelo condena os insurgentes ao reino da ilusão. A arte na sua ânsia de reconhecimento às vezes transfigura-se em ciência ao vestir o manto cientifico - filosófico.
Camargo (2007) mostra o choque na “cultura letrada” nos tempos atuais originado
pelo “surgimento das mídias audiovisuais, que não comunicam apenas conteúdos, mas a
expressão sensacional das formas particulares se transformou no vaticínio de um amargo retrocesso: do alto dos conteúdos abstratos e universais (lógicos) representados pelas palavras e números, para a degenerescência das formas imagéticas e sonoras, matrizes de particularidades, acidentes e diversidades concretas (estéticas)”. A conclusão do autor é que o que separa as ciências da arte é a gradação de mais lógica ou mais estética. Portanto, podemos concluir, que não há uma barreira entre a arte e a ciência.
Podemos dizer de modo semelhante que a visão nietzschiana ainda choca não por
considerar a arte como uma área a mais da estética. Choca por sua não aceitação dos
parâmetros científicos e morais que submetem a arte a categorias que lhe são estranhas.
Neste sentido, o que está em jogo não são diferenças gradativas, e sim a redução ou
não da arte aos moldes tradicionais. A nossa resposta é a de que o conhecimento científicofilosófico não consegue resolver as questões contemporâneas da arte e muito menos reduzi-las ao aparato epistemológico tradicional.
A arte neste contexto histórico até hoje se encontra perdida entre o fazer e o pensar.
No meio acadêmico é inegável o seu rebaixamento. Por um lado, temos o motivo histórico que desde o surgimento do pensamento ocidental a arte surge como uma técnica que imita ou não pertence ao mundo da razão. Por outro lado, os próprios detentores da arte recusam-se a discuti-la deixando está tarefa para as outras áreas chamadas de reflexivas. Também, o estudo da arte em outros campos, tais como: filosofia, história e sociologia, apresentam para o pesquisador a dificuldade epistemológica e tarefa obscura de definir a arte e delimitar o seu campo de ação. O percurso esbarra na questão da arte se apresentar como um problema
filosófico: a arte não é ilusão e muito menos o real no sentido de dar conta do mundo dos fenômenos. Parafraseando Danto(2005) a arte é a transfiguração do lugar comum.
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