quarta-feira, 25 de novembro de 2009
(Alice) ² =
Personagens:
ALICE
DANÇARINA
CenaI
Música que compôs os Sertões que antecedera a narrativa que virá a seguir.
Narrador: Alice já estava começando a cansar-se de ficar sentada sobre a pedra. Contemplava a encruzilhada à sua frente sem saber para onde ir. Havia reparado que em um dos lados o som de uma viola vinha lhe acaricia os ouvidos, e do outro, também já havia reparado numa casinha. A menina havia lido num de seus livros, que a civilização avançaria os sertões impelida pela implacável força motriz da história, no esmagamento inevitável das raças fracas pelas raças fortes. Antes de a profecia cair por terra, Alice foi pro sertão árido. O calor daquele dia estava deixando Alice sonolenta. Ela perguntava a si mesma se o prazer de fazê-la ir até a casa valia o esforço de ela dormir por ali mesmo. Foi quando uma moça de pés semi nus passou caminhando por ali. Não havia nada de tão extraordinário nisso. Alice não achou verdadeiramente notável nem mesmo quando a moça lhe jogou uma caixinha de fósforos! Mas quando ela viu em seu rosto um riso azul, Alice levantou-se. Teve a impressão que nunca em sua vida tinha visto um riso azul. Ardendo em curiosidade, caminhou até a moça através do sertão. A moça seguia a caminho da casa e nela entrou. Num instante Alice estava em frente a casa também.
Alice: - Estou a sonhar? Coisas estranhas estão a me acontecer. Esta casa parece-me familiar. Ontem mesmo sonhei que estava a debruçar numa das janelas.
Narrador: Haviam seis janelas na casa e elas estavam todas abertas, mas a porta permanecia fechada a chave. Alice contornou a casa tentando enxergar o que havia dentro. Num instante já estava pulando a janela dos fundos, sem se perguntar por nenhum momento se alguém iria chegar. Foi parar na sala. Dizem que na vida tibetana o corpo é figurado por uma casa de seis janelas e que a casa representa o ser interior. Isso representa que Alice está num momento de sublimação espiritual.
Alice: Esta casa faz sentir-me sozinha. Ela é oca, não tem nada. Onde estão os móveis? (Alice esbarrasse num piano).
Menos mal, tem um piano.
Que cheiro é esse?
Cheira café.
Parece que vem da cozinha.
Olha! Tem andares. Lá de fora ela parecia tão pequenina.
Nossa são muitos andares, incrível.
Onde estará o riso azul?
O que são aquelas cartas no vão da janela?
Dançarina: Seu destino menina Alice.
Narrador: Alice distraída não percebeu que dos andares surgia a moça dos pés seminus.
Alice: Como sabes meu nome?
Dançarina: Chegastes cedo flor.
O café está fresco.
Percebeste o pé de café no jardim?
Vou colocar a mesa. Vais comer cenouras e quando terminar tirarei as cartas pra você. E dai por diante será dona de seu destino. Não terás mais os Deuses a lhe acompanhar. Será responsável por suas escolhas. Será dona de si, estará livre...
Alice: Quem és tu?
Narrador: É a dançarina que dança firme e equilibrada como a terra, que dança pelo cosmo. Ela é o Resultado de todas as outras cartas, é o Mundo, que representa a consciência de pertencer, vir e voltar a terra, quer dizer vida eterna, recompensa, conclusão, caminho da libertação. Na carta ela olha a folha que simboliza a consciência de ter a mesma origem das plantas, a terra.
Alice: Morastes sozinha?
Dançarina: No segundo andar dorme o macaco. No terceiro, sobre a janela, repousa uma águia. No quinto, dorme o touro, e no penúltimo, mora o leão, guardião da porta dos céus. Só os seguros e corajosos poderão passar por lá.
Alice: E este guarda-chuva, pra que serve? É seu?
Dançarina: Sim, é meu. Carrego comigo. Simboliza poder em toda parte... Um símbolo de proteção e realeza. A sombra protege do calor e do sol e o frescor de sua sombra representa proteção contra
o sofrimento, desejo, obstáculos e doenças.Tradições diferentes desenvolveram muitos tipos de guarda-chuvas: a parte de cima simboliza sabedoria e o tecido que protege simboliza compaixão.
Gostastes das cenouras?
Alice: Sim, muito, elas têm gosto de sensações.
Seus lábios.
Dançarina: O que têm eles?
Alice: Seu riso é azul.
Dançarina: Há sim. Fiquei assim depois de beijar Frida Kalo.
Alice: Quer dizer então, que se eu beijá-la, meu riso se tronará azul para sempre também?
Dançarina: Sim flor!!!
Alice: Me beija então!
Dançarina: Flor, Frida era bissexual.
Alice: Eu também gosto de chupar uma bucetinhas. Tenho fetiche por moças mais velhas, panela velha é quem faz comida boa não é.
Dançarina: Meu quarto fica no quarto andar. Vá na frente, vou apanhar mais café...
Alice: Você pode tirar as cartas pra mim agora?
Dançarina: Vou ao banheiro!!!
Alice: Vou daqui a pouco....
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