quinta-feira, 5 de novembro de 2009

convite dramaturgia

Cara Jhaíra e Daniela,
Gostaríamos de convidá-las para conversarmos a respeito da dramaturgia do Projeto “O Bailado do Deus Morto”. A reunião será dia 18.09 às 14hs na casa do Bixxigão- Ponto de Cultura localizado na Rua Maria José 140- BEXIGA.
Gostaríamos de compreender a linguagem utilizada por vocês e verificar se nos identificamos e se vocês se interessam pelo projeto. Esse projeto está concorrendo a dois editais e estes poderão futuramente contribuir com um apoio à dramaturgia.
No projeto de direção, estamos atuando atualmente da seguinte forma:
Preparação e criação vocal: Thaisa Palma
Preparação e criação corporal: Adriana Macul
Preparação e criação em canto: Letícia Coura
Preparação e criação em percussão: Vitor Trindade.
Co-Direção: Pascoal da Conceição

Seguem abaixo outros detalhamentos deste projeto.

Cordialmente,
Thaisa Palma
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Movimento Bixigão
O movimento Bixigão nasceu em 2002, quando artistas da Associação Teatro Oficina Uzyna Uzona colocaram em prática o Manifesto Bixigão. Este documento propunha, entre outras coisas, que a verba destinada à construção de um shopping nos arredores do teatro fosse revertida para a criação de um centro popular de cultura que, acompanhando o processo de montagem de uma peça, fizesse cursos das artes que a obra exigisse.
Escolhemos OS SERTÕES de Euclides da Cunha - obra vingadora da nacionalidade brasileira - como enredo e iniciamos os trabalhos. As oficinas eram inicialmente de teatro e capoeira, e evoluíram para outras modalidades, como canto, circo, construção de instrumentos, fotografia em lata, até passarmos para a segunda fase do projeto.
Em 2006 iniciamos o projeto “Revista Bixiga Oficina do Samba” que patrocinado pela Petrobrás, pesquisou os sambas do Bixiga e além das oficinas gerou a gravação de um CD e uma turnê de shows, DVD e song book com venda popular.
Em 2008, o Movimento Bixigão ganhou o ponto de cultura com o patrocínio do governo federal, e alugou uma sede no bairro do Bixiga. Nesta nova sede iniciaram-se oficinas norteadas pelo texto “Cypriano e Chan-ta-lan” de Luiz Antônio Martinez Corrêa e Ana Lu Prestes para jovens que já integravam o movimento, além de abrir para outros que habitavam o bairro do Bixiga.
A peça “Cypriano e Chan-ta-lan” foi montada e dirigida por Marcelo Drummond e ficou em cartaz no Teatro Oficina de julho a setembro de 2008. O segundo semestre foi regido por um estudo da cena “A Entrevista” de Harold Pinter que resultou em uma apresentação no final do ano em uma semana cultural realizada na Casa do Bixigão.
O processo vivido ao longo das oficinas do Movimento Bixigão e experiências no Teatro Oficina, entre 2002 e 2007, possibilitou um amadurecimento destes jovens, que começaram a deixar de se ver como alunos, solidificando-se como um pequeno núcleo inclinado à pesquisas de assuntos relacionados ao Teatro Oficina, mas em busca de sua autonomia. Neste ano de 2009 iniciamos os estudos independentes. A partir da ação física do ator surge uma pesquisa dos vários metodologistas do teatro, essa pesquisa deu origem ao estudo do texto de Flávio de Carvalho “O Bailado do Deus Morto”, que tem como base a antropofagia, e a história de diversos povos primitivos e que compõe esse projeto.
Neste ano, iniciamos também uma parceria com o movimento Dulcynelândia, um movimento que nasceu no Rio de Janeiro, com o objetivo de reabrir o teatro Dulcyna para resgatar a história da atriz Dulcyna de Morais. Os artistas do movimento faziam ocupações culturais na rua, a fim de incentivar as pessoas do bairro e artistas locais a se relacionarem artisticamente. Nomearam essas ocupações culturais de “Chute”.
Com essa parceria trouxemos o “Chute” para o bairro do Bixiga, e temos o projeto juntamente com o Dulcynelandia – contemplado pelo edital de pequenos eventos - de iniciarmos uma pesquisa no bairro para descobrirmos quem são os moradores e como podemos nos relacionar e levarmos nossas pesquisas de maneira artística, despertando o interesse dessas pessoas.
JUSTIFICATIVA
Tendo como ponto de partida a Cultura Afro e a Cultura Indígena - origem da cultura brasileira - além do repertório adquirido pelo grupo a partir da observação e pesquisa da cultura popular do Bairro do Bixiga (SP), o grupo elaborou procedimentos cênicos embasados no texto dramatúrgico “Bailado do Deus Morto” de Flávio de Carvalho e da visão religiosa e crenças de cada intérprete, propondo um diálogo com o religioso na tradição popular contemporânea.
Bailes populares e a religiosidade no Brasil são uma saída para se conhecer o Divino. A vida moderna, diante das promessas do avanço científico e tecnológico, propôs uma nova maneira de nos relacionarmos com a cultura, a religião e a ética. O homem passou a acreditar numa vida sem Deus. Acreditar em Deus como seu semelhante, mas sem a verdadeira espiritualidade da crença no divino.
Longe de cultuar uma nostalgia primordial, Flávio de Carvalho nos faz repensar a história do homem como conquistador e indagador, a luz da psicanálise de Freud e Jung e da filosofia de Nietzsche, dentre outros pensadores, defronta-nos com um outro homem que se relaciona de uma maneira diferente com os três sentimentos básicos de sua existência: A Fome, O Medo e O Sexo, ou seja, o “super-homem”. Como fazer essa ligação entre o homem morador do Bixiga e esse super homem, citado por Nietzsche?
Além das indagações sobre religião, cultura e ética, temos outros questionamentos que surgem com o estudo dos hábitos da população. Ainda hoje, italianos, negros e refugiados das guerras se agrupam em bairros como o Bixiga. A cultura de um bairro miscigenado como o Bixiga é muito rica. Onde se encontram essas diversas culturas que não renasceram?
Boa parte das produções teatrais do estado de São Paulo está desorientada e lhes faltam entendimento do espaço, das posses e das origens terrestres. Queremos resgatar artistas do bairro e de teatros fechados como o TBC, ou inclinados a uma elite.

Adriana Macul
Formada em teatro na escola Phillippe Gaulier e em educação somática pelo movimento pelo BMC. Freqüentou durante oito anos o Estúdio Nova Dança, onde integrou a Cia Nada Dança, e onde se aprofundou na dança de contato- improvisação e na linguagem de clown. Estudou durante um ano no Estúdio Ménagerie de Verre, em Paris onde passou por professores como Marion Ballester (cia Rosas), Martin Kravitz e Martha Moore dentre outros.


Thaisa Palma
Graduada em Fonoaudióloga na PUC-SP em 2004. Especialista em Voz pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - COGEAE (2007). Experiências com preparação vocal e interpretativa. Docente de Faculdade Paulista de Artes. Docente do núcleo de Voz no curso de dublagem do Estúdio Digital Belas Artes. Professora do núcleo de Voz do Projeto Movimento Bixigão. Consultora e palestrante da COMUNIK Assessoria em Fonoaudióloga (www.comunikfono.com.br). Docente, em 2007, do Curso de Educação Artística - Habilitação em Artes Cênicas na Universidade São Judas. Experiência clínica com crianças e adultos, principalmente na área de Voz, teatro e canto. Condução do “Plantão Sonoro”, projeto direcionado para atores e cantores realizado no consultório. Atuação no curso “Pronto Socorro da Voz” coordenado pela fonoaudióloga Lucia H. da C. Gayotto no SESC Paulista. Autora da a: “Oficinas de Voz: espaços de liberdade”.

Vitor da Trindade
Compositor, percussionista, professor de ritmos tradicionais afro-brasileiros na Landesmusikakademie e no Groove Zentrum fur Perkussion de Berlin, e em várias ongs brasileiras, como Projeto âncora, Colibri, SESC e organizações governamentais como FEBEM, Casas de Cultura e Centros Culturais. Seus principais trabalhos, são o Trio Revista do Samba (Três cds, o ultimo lançado em São Paulo em Março de 2006, apresentando o REVISTA BEXIGA OFICINA DO SAMBA, pesquisa que divulga os compositores tradicionais do Bexiga, vencedor do projeto cultural Petrobrás. O primeiro e segundo gravados pela Traumtom Records em Berlin na Alemanha licenciados na França e no Brasil) o Duo Ayrá Otá (gravado em 2000 pela WU discos), o Naipe de Percussão Solano Trindade (formado por seus alunos) e o Teatro Popular Solano Trindade.


Letícia Coura
Cantora, preparadora vocal, compositora e atriz. Tem dois cds solo gravados, Bam Bam Bam e Letícia Coura canta Boris Vian (Dabliú DiscosNo teatro participou dos espetáculos “Bacantes” e “Hamlet”, e “Os Sertões” do teatro Oficina, direção de José Celso Martinez Corrêa, como cantora, compositora, atriz e preparadora musical do coro. Por “Os Sertões” recebeu, ao lado de outros compositores, o Prêmio Shell São Paulo de Música pelo espetáculo “A Terra” em 2003 e foi indicada no ano seguinte ao Prêmio Shell SP na categoria especial por seu trabalho de percepção musical e preparação do coro em “O Homem” – 1a. Parte. Foi professora de canto da Escola Contraponto de 1996 a 1999, e preparadora vocal para teatro desde 1995. Desenvolve trabalhos de oficinas de canto e percepção musical para o Movimento Bixigão desde 2002.

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