domingo, 15 de novembro de 2009

O que é ioga e quais são os seus benefícios









Mais do que uma prática saudável, a ioga pode modelar a mente e afinar o espírito. Na era do culto ao corpo, suas posturas e exercícios vão muito além da vaidade - estimulam equilíbrio, força, bons hábitos e pensamentos do bem
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Do outro lado do mundo, há mais ou menos 2.500 anos, um certo sábio chamado Patañjali escreveu o ''Yoga Sutra'', uma compilação dos princípios da ioga. Nas bandas de cá, alguns bons séculos depois, a prática indiana virou mania. Gente famosa, do quilate da cantora Madonna e da atriz Demi Moore, faz questão de gritar aos quatro cantos que é adepta incondicional. Entre as celebridades nacionais, a lista de fãs aumenta a cada dia: Fernanda Torres, Cássia Kiss, Christiane Torloni, Adriane Galisteu, Eliana, Vera Fischer, Glória Maria e agora até a durona Marlene Mattos. Em números, a ioga é sucesso incontestável. Nos Estados Unidos, onde o boom começou no início da década de 90, já são 15 milhões de praticantes. No Brasil, estima-se que 5 milhões de pessoas já estejam se alongando e se contorcendo nas academias e escolas especializadas. Mas o que é que a ioga tem? Mera ginástica, misticismo, filosofia de vida ou um santo remédio?

Em meio ao modismo, fica difícil saber do que realmente se trata o conjunto de posturas exóticas. Mais difícil ainda é entender as diferenças entre as várias linhas, da bhakti-ioga, um dos ramos mais antigos, à power-ioga, versão ocidentalizada. Para começar, é preciso compreender o que é a tal da ioga, sem levar em conta as ramificações. Traduzindo do sânscrito para o português, ioga significa união. É que na Índia, onde tudo começou, o homem é visto como um todo - corpo, mente e espírito - e o sistema de Patañjali seria o instrumento para estabelecer a junção das partes. ''O objetivo principal é livrar o homem de qualquer sofrimento, seja corporal, emocional ou mental'', diz o médico César Deveza, especialista em medicina ayurvédica e autor de uma dissertação de mestrado na Universidade de São Paulo sobre ioga. ''O propósito não é malhar, mas aquietar a mente para despertar a consciência do corpo como uma unidade. Então, é uma prática psicofísica. Indo mais fundo, os antigos iogues, que viviam em cavernas e florestas, tinham como meta transcender a existência humana'', completa Deveza.

* Ioga, segundo o dicionário Aurélio, é um
substantivo feminino, escrito assim, com 'i', e falado
com 'o' aberto. Mas os iniciados fazem questão de
respeitar as raízes. A palavra, como informa o próprio
Aurélio, vem do sânscrito. Aí, é um substantivo
masculino, escrito com 'y'. E pronunciado com 'o'
fechado, como se tivesse acento circunflexo.


Como a ioga proporciona bem-estar e equilíbrio

Segundo o ''Yoga-Sutra'', os asanas, posições físicas da ioga, desviam a atenção dos pensamentos para o corpo, aquietando a mente. Com a mente calma, livre do turbilhão que costuma nos tomar de assalto, a respiração sob controle (exercícios respiratórios, os pranayamas, são a parte principal da prática), a tendência é a auto-observação, a concentração, o autoconhecimento e, no fim das contas, a transcendência. ''Os asanas trabalham o equilíbrio interno. Existem, por exemplo, asanas para desenvolver determinação, tolerância, disciplina... Cada vez que o praticante permanece em uma posição, seu estado de consciência se eleva, E, à medida que a pessoa se aperfeiçoa, reforça a qualidade relacionada àquela postura'', diz Regina Shakti, mestre das mais badaladas do país, com 37 anos de prática.

Como a prática milenar pode melhorar a saúde

O equilíbrio do sistema nervoso está no cerne dessa capacidade. ''Há asanas, o chamados bandha-asanas, que atuam diretamente no sistema nervoso autônomo, propiciando a calma'', assegura Deveza. ''Já outros, como a posição invertida (em que o praticante fica de cabeça para baixo), preparam o corpo para situações adversas, como tensão e estresse'', comenta. Segundo o médico, a fisiologia humana está adaptada ao estado normal do corpo - ou seja, em pé, sem torções, contorções ou estripulias. Quando a pessoa altera essa lógica (o que acontece nas posições da ioga), o organismo tem que se readaptar - o que acaba fazendo bem. A lista de benefícios atribuídos à ioga é enorme. Para início de conversa, estimula o funcionamento de todas as glândulas, da tireóide à hipófise e ao pâncreas, e dá força à coluna vertebral. ''É sabido pela medicina que a coluna mantém a saúde do ser humano. Dela, partem nervos que dão suporte para os sistemas neurovegetativo e nervoso. Com a coluna forte, você também vai ter emoções equilibradas'', salienta a professora de ioga Márcia De Luca, presidente do Ciyma (Centro Integrado de Yoga, Meditação e Ayurveda). ''A maioria começa a praticar ioga para ficar com o corpo sarado. Mas, se a pessoa tiver um bom professor, vai despertar para um caminho maior.'' Por ''caminho maior'', entenda-se meditação, uma das oito partes do método indiano.

Ritual para iniciantes
Preferencialmente, a ioga deve ser praticada em local arejado e silencioso -ou com uma música suave de fundo. Com um colchonete fininho, roupas bem confortáveis e pés descalços. Também é recomendável evitar alimentos e líquidos pesados (como milk-shakes e vitaminas) nas duas horas que precedem a prática. Pela manhã, ao acordar, ou à tarde, depois de todas as atividades, são os melhores momentos para se fazer as seqüências de asanas (pronuncia-se "ássanas"), como são chamadas as posições da ioga. Durante a execução, a respiração deve ser feita somente pelo nariz, nunca pela boca. A respiração nasal acalma o ritmo de todo o corpo e facilita a concentração.

Fonte: Revistas Criativa (jan/2004 - Expresso do Oriente) e Marie Claire

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