WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos divulgaram nesta segunda-feira pela primeira vez o tamanho do seu arsenal nuclear: 5.113 ogivas operacionalmente mobilizadas, mantidas na reserva ativa ou armazenadas de forma inativa.
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Segundo os dados divulgados pelo Pentágono, o arsenal nuclear do país chegou a 31.225 ogivas no ano fiscal de 1967, e desde então foi reduzido em 84 por cento.
Analistas dizem que os Estados Unidos, ao divulgarem esses dados durante a revisão de conferência do Tratado de Não-Proliferação (TNP), estão tentando enfatizar a redução do seu arsenal, de modo a convencer outros países a reforçar o regime de não proliferação nuclear.
O total revelado pelo Pentágono não inclui ogivas "aposentadas" ou destinadas ao desmanche, cerca de 4.600, segundo a ONG Federação dos Cientistas Americanos.
Washington anteriormente havia divulgado o número de ogivas estratégicas operacionalmente instaladas em 1.968 no fim de 2009, bem menos que as 10 mil de 1991. Esta é a primeira vez, no entanto, que o total geral é revelado.
O TNP tem o objetivo de impedir a disseminação de armas nucleares e encorajar a eliminação de arsenais existentes.
"É enormemente importante para os Estados Unidos conseguirem dizer: 'Olhem, estamos cumprindo nossas obrigações sob o TNP'", disse Hans Kristensen, diretor do Projeto de Informação Nuclear da Federação dos Cientistas Americanos. Só assim, segundo ele, Washington conseguirá convencer outros países a adotar novas medidas para limitar a proliferação.
Outros analistas, no entanto, acham que a divulgação da cifra pode ter efeito contrário, demonstrando que, duas décadas após o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos ainda preservam milhares de armas nucleares.
"Acho que os Estados que estão mais preocupados com o desarmamento nuclear vão ficar mais focados no número que permanece, em vez do número (reduzido)", disse George Perkovich, diretor do Programa de Política Nuclear do Fundo Carnegie para a Paz Internacional.
Historicamente, o tamanho total do arsenal nuclear dos EUA era mantido em sigilo para impedir que adversários usassem essa informação para tentar neutralizá-lo de modo mais preciso. Para analistas, a manutenção dessa postura até agora era uma relíquia da Guerra Fria.
(Reportagem de Arshad Mohammed e de Phil Stewart)
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