sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Pesquisa em Ilhéus-Bahia

A pesquisa com os grupos musicais alternativos do, Dr. Embira, Improviso Nordestino, Mendigos Blues, Oquadro, Quizila, Mortifera, Manzua, Sambadila e Palha Assada, manifestações artísticas que representam a cultura e o modo de vida típicos da cidade de Ilhéus e Itabuna, na região sul da Bahia, vem se desenvolvendo desde fevereiro de 2009 com os primeiros contatos com a comunidade.
Antes mesmo da escolha da metodologia, foi iniciado o primeiro contato com a comunidade, que consistiu no levantamento das informações sobre estes artistas, para depois um encontro pessoal com alguns deles.
A priori, achei que o tipo de metodologia que iria utilizar, para sistematização das observações, seria o Estudo de Caso, por conta de sentir que, visualizar um circuito, era tentar entender um fenômeno social complexo. Em março de 2009, expondo as idéias do projeto em uma conversa com o professor de Radio TV Marcelo Pires de Oliveira e o estudante de comunicação Igor Schimidel, ambos da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, escutando ambas as orientações, enxerguei que, a metodologia da história oral, que mais vestia fielmente as vivencias com os pesquisados.
De acordo com a metodologia, estabeleci alguns passeios e conversas com alguns membros da comunidade, na maioria acadêmicos, que possuíam vínculos com os artistas da região. Estes encontros serviram como um primeiro contato com a comunidade e sua história, além de auxiliar na percepção das diversas redes de relacionamento e nos matizes das características dos pesquisados.
Por ser uma pesquisa participativa o pesquisador necessita conquistar a confiança dos seus colaboradores e para tal deve inserir-se na comunidade. Esta inserção é similar a pesquisa etnográfica e necessita de um período de ambientação com as fontes.
A ambientação ocorre ao longo do tempo e com as construção de laços profissionais e afetivos, que causam um certo desespero nos pesquisadores ortodoxos, pois aproxima a fonte do pesquisador no nível da intimidade.
A relação de intimidade e confiança é realizada ao longo de vários e repetidos contatos, “para que se estabeleça um clima de confiança sem o qual o trabalho é impossível, a grande quantidade de colóquios para se conseguir uma narração integral, vemos que essa técnica de estudo é das que consomem tempo e das que mais vagar e paciência requerem; o trabalho não deve ser feita de maneira intensiva – longas entrevistas para esgotar rapidamente o assunto – por que os detalhes se perdem e o cansaço do pesquisador e do informante deforma o relato”. (QUEIROZ – 1991 p. 158)
No meu caso, a pesquisa com os grupos musicais, a confiança e a intimidade foi construída naturalmente à medida que íamos nos relacionando. Não posso deixar de dizer que, o fato de também desenvolver um trabalho com música, facilitou a construção dessa intimidade. Talvez seja essa à forma que encontrei para estabelecer estas parcerias.
Esse clima de parceria e cumplicidade conduziu a um nível de relacionamento que com muita naturalidade alguns artistas interessaram-se em ajudar-me a capitar imagens para o documentário. Vejo esse interesse como forma de reivindicação por produtos comunicacionais que viessem a valorizar seu trabalho e divulgá-los para a sociedade.
Não só os entrevistados, mas também as pessoas para quem explanava as ideologias de meu projeto, pela intimidade construída, sentiam-se a vontade para me receber em suas casas e até trocar confidências a respeito das diversas relações existentes dentro da comunidade (parentesco; rivalidade e intimidades) e até mesmo sobre minhas posturas e jeitos.
Esses momentos de inconfidências, apesar de não poderem ser documentadas e nem existirem no corpo do trabalho final, foram de muita ajuda na composição de uma rede de filtros de análises que permitem, atualmente, uma abordagem menos ingênua do objeto de pesquisa, e que possibilita uma leitura mais criteriosa das entrelinhas das entrevistas concedidas. Essa nova percepção do trabalho, a pesar de não possuir, a priori, uma rigidez metodológica e uma base teórica adequada, com o passar do tempo e o crescimento do corpo de documentos gerados pelas entrevistas e os outros contatos com os colaboradores faz com que os resultados da pesquisa ao serem organizados possam assumir um caráter objetivo e criterioso que os transformam em documentos válidos e adequados para o seu uso dentro de uma produção de conhecimento cientifico.
Atenta e fiel aos princípios metodológicos, elaborei um critério de seleção. De que os grupos escolhidos para representarem, o que visualizo como circuito, teriam de ter um trabalho autoral, pois de certa forma, seriam estas composições que somariam para uma possível compreensão do contexto social da região.
Alem dos registros audiovisuais, organizei material elaborado pelos próprios artistas, do tipo release, fotos e endereços eletrônicos que viabilizava a divulgação de seus trabalhos em rede virtual. Algumas entrevistas, comentários, blogs, myspace também me serviram como documentos.
Percebi que a soma das transcrições das imagens junto às estas outras fontes de documentos colecionados, ajudariam para uma possível analise.

DR. IMBIRA E IMPROVISO NORDESTINO

Eles desenvolvem um projeto chamado Improviso, Oxente!, onde são discutidos os projetos do Teatro Popular de Ilhéus. O movimento surgiu com uma série de reuniões na Casa dos Artistas, abertas à comunidade, para discutir os problemas de Ilhéus, contando com a participação de um palestrante para cada proposta temática. Mas o que tem de "novo" é a inserção de outras linguagens, da arte, do teatro, do vídeo, da fotografia, etc., no processo de reflexão.
Tendo como primeiro tema, o projeto "Porto Sul", o movimento resolveu então, extrapolar a Casa dos Artistas para ganhar as ruas e percorrer comunidades. Assim surgiu, sua versão intinerante, reunindo professores, técnicos, artistas e o voluntariado do movimento "Ação Ilhéus", sob a coordenação dos professores Ramayana Vargens, Antonio Adolfo e do ator Romualdo Lisboa, para a promoção de eventos culturais educativos públicos.
O que mais chamou a atenção no "Improviso Oxente, Intinerante", em Serra Grande, é o povo que deve ser o principal alvo do desenvolvimento sustentável, pois a paisagem inclui as comunidades, as pessoas e a cultura.
O evento em Serra Grande ajudou a acordar para a grande carência de eventos como estes, agregados às escolas e para além de seus muros, para fazer chegar à população, os principais temas da qualidade de vida e da cidadania. A reflexão sobre o desenvolvimento e o meio ambiente, por exemplo, precisa estar na altura do povo, e não pode se restringir a um pequeno grupo da sociedade. E é em eventos próximos da comunidade, que se tira o debate dos gabinetes, para trabalhar com a população, com o sentimento das pessoas.
Dando seqüência às discussões sobre o levante dos escravos do Engenho de Santana, ocorrido em 1789, o projeto Improviso, Oxente!, da Casa dos Artistas, abordou as características econômicas da Ilhéus colonial.
A relação entre o planejamento urbano e uma possível construção do Porto Sul, no litoral norte de Ilhéus, foram o assuntos do Improviso, Oxente!
No último Improviso, Oxente!, foi entregue ao candidato a prefeito Newton Lima a proposta de criação do Programa Municipal de Fomento à Cultura, projeto de Lei que traz sugestões sobre como apoiar, manter e criar projetos de pesquisa e produção cultural. “Queremos que o setor cultural de Ilhéus avance mais. Por isso convidamos os candidatos a prefeito para apresentarem seus planos, ouvirem as propostas da classe artística e também da comunidade”, complementou o músico Cabeça, líder do Improviso Nordestino, grupo residente do espaço cultural.

Trechos das transcrições das imagens captadas

“O Dr. Imbira é uma banda de rock daqui da cidade de Ilhéus que inicio agente nesse processo de bandas de pode ter um trabalho artístico musical, e acho que Dr. Imbira surge como muitas bandas surgem na verdade, pela necessidade de se fazer música, uma musica diferente, musica original, coisas que hoje é difícil de se encontrar. Raul dizia que o rock morreu em 59 e depois de 30 anos, assim do rock feito por Raul Seixas, agente tenta fazer um rock roll também, certo, com qualidade e originalidade, então, o Dr. Imbira surgiu dessa necessidade, iai, em Ilhéus Bahia, agente tenta a todo custo sustentar essa idéia né, que é uma idéia um tanto revolucionária pro espaço local, já que não existe nenhuma forma de apoio né, já que não existe nenhuma iniciativa privada nem publica pra se apoiar nessas iniciativas vinda da música chamada alternativa, então assim, é uma coisa mesmo que agente leva nos dentes mesmo, e assim, é uma briga todo dia, é uma luta todo dia pra pode sustentar esse projeto”.



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