sábado, 26 de setembro de 2009

Segundo Lacan, a necessidade da criança é submetida à ordem simbólica e isso acontece através da linguagem pelo fato de que o homem, enquanto ser que fala, enquanto parlêtre, falasser, se constitui e constitui na linguagem seu corpo e seu desejo.
E, assim como a fala na análise, a pintura de Frida parece buscar produzir um sentido no lugar da linguagem. Seria o sintoma de Frida?
Pela mediação da pintura (fazendo função de linguagem), Frida parece buscar seu desejo, a imagem de um corpo próprio, que lhe confira o status de sujeito desejante, modificado por esses “acidentes”: a morte do irmão e o acidente que interrompeu seus projetos (medicina, Alejandro, cachuchas, etc.), restando-lhe reconstituir -se no amor e reconhecimento de Diego Rivera.
A arte é resultado de um acidente que promoveu seu encontro com o espelho, com sua própria imagem. Sua obra é uma autobiografia corporal, se pudermos falar assim, expressão da imagem que ela vê de si, onde o eu é fragmentado.
Poderíamos pensar que, assim como para Joyce, a arte de Frida é o seu sinthome, o sinthome puro, no que existe de sua relação com a linguagem; na coalescencia do corpo com a linguagem; no ponto da linguagem em que o individuo amarra, enoda o seu desejo?

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