Domesticados ... Quem ? Os artistas pósmodernos, as vanguardas exauridas, os sonhos emancipatórios derrogados ? Eu mesmo, avançando na maturidade?
Nesse sofá, desdobrável e reclinável, superconfortável, passei a maior parte dos dias durante o período de repouso, em casa, na minha convalescença pós-operatória [coração]. Nessa oportunidade, minha recuperação foi marcada, notadamente, pela minha maior aproximação e aprofundamento experimental com os processos criativos implicados na arte digital. Renovação dos procedimentos artísticos e processo de restabelecimento da saúde caminhavam juntos .A circunstância, circunscrevendo meu campo físico de ação à casa, ao apartamento, levou-me a desenvolver uma série de obras partindo da domesticidade, uma poética da domesticidade. " A arte é inútil. Voltem para casa ! ", palavra de ordem de uma pintura conceitual do artista francês Ben Vautier, me fazia refletir . E eu, criticamente, como artista, me voltava para a casa, fotografando seus pequenos objetos, detalhes de móveis, portas de armários, cortina de box, conteúdos de gavetas, pilhas de lençóis passados, tapetes, vistas das janelas ... o próprio computador, o teclado, periféricos ... e depois retrabalhando essas imagens no próprio computador, submetendo-as a diferentes tratamentos de filtros digitais, acrescentando signos, transformava significados, criando novos nexos.
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Nesse díptico, nessas 2 fotos combinadas, do mesmo sofá, numa só composição - 2 versões de estamparia do tecido de cobertura, motivo 'pele de zebra' e motivo 'pele de vaca' - quase não há tratamento digital , salvo o piso de 'mármore' que montei digitalmente em substituição ao piso em tacos de madeira da sala... Queria que a composição fosse dominantemente em preto-e-branco . E me lancei a uma série de artes em preto-e-branco , a partir dessa...
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