segunda-feira, 12 de abril de 2010

Congado

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


O Congado é uma manifestação cultural e religiosa de influência africana celebrada em algumas regiões do Brasil. Trata basicamente de três temas em seu enredo: a vida de São Benedito, o encontro de Nossa Senhora do Rosário submergida nas águas, e a representação da luta de Carlos Magno contra as invasões mouras.

São Benedito
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
São Benedito OFM Cap (Sicília, 31 de Março de 1524 - Palermo, 4 de Abril de 1589) (São Benedito, o Negro, ou São Benedito, o Africano ou São Benedito, o Mouro) - Santo da Igreja Católica Apostólica Romana.
Algumas versões dizem que ele nasceu na Sicília, sul da Itália, em 1524, no seio de família pobre e era descendente de escravos oriundos da Etiópia. Outras versões dizem que ele era um escravo capturado no norte da África, o que era muito comum no sul da Itália nesta época. Neste caso, ele seria de origem moura, e não etíope. De qualquer modo, todos contam que ele tinha o apelido de “mouro” pela cor de sua pele.
Foi pastor de ovelhas e lavrador. Aos 18 anos de idade já havia decidido consagrar-se ao serviço de Deus e aos 21 um monge dos irmãos eremitas de São Francisco de Assis o chamou para viver entre eles. Fez votos de pobreza, obediência e castidade e, coerentemente, caminhava descalço pelas ruas e dormia no chão sem cobertas. Era muito procurado pelo povo, que desejava ouvir seus conselhos e pedir-lhe orações.
Cumprindo seu voto de obediência, depois de 17 anos entre os eremitas, foi designado para ser cozinheiro no Convento dos Capuchinhos. Sua piedade,sabedoria e santidade levaram seus irmãos de comunidade a elegê-lo Superior do Mosteiro, apesar de analfabeto e leigo, pois não havia sido ordenado sacerdote. Seus irmãos o consideravam iluminado pelo Espírito Santo, pois fazia muitas profecias. Ao terminar o tempo determinado como Superior, reassumiu com muita humildade mas com alegria suas atividades na cozinha do convento.
Sempre preocupado com os mais pobres do que ele, aqueles que não tinham nem o alimento diário, retirava alguns mantimentos do Convento, escondia-os dentro de suas roupas e os levava para os famintos que enchiam as ruelas das cidades. Conta a tradição que, em uma dessas saídas, o novo Superior do Convento o surpreendeu e perguntou: “Que escondes aí, embaixo de teu manto, irmão Benedito?” E o santo humildemente respondeu: “Rosas, meu senhor!” e, abrindo o manto, de fato apareceram rosas de grande beleza e não os alimentos de que suspeitava o Superior.
São Benedito morreu aos 65 anos, no dia 4 de abril de 1589, em Palermo, na Itália. Reverenciado e amado no Brasil inteiro, é um dos santos mais populares do país, principalmente entre a população de origem africana, que o associa aos padecimentos do negro brasileiro. Na porta de sua cela, no Convento de Santa Maria de Jesus em Palermo se encontra uma placa com a inscrição em italiano indicando que era a Cela de São Benedito e embaixo as datas 1524-1589, para indicar as datas do nascimento e de sua morte. Alguns autores indicam 1526 como o ano de seu nascimento, mas os Frades do Convento de Santa Maria de Jesus consideram que a data certa é 1524. Todos os anos asseguir a páscoa, há uma missa e festa em sua honra na localidade de coval,concelho de Santa Comba Dão

Nossa Senhora do Rosário

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Nossa Senhora do Rosário (ou Nossa Senhora do Santo Rosário ou Nossa Senhora do Santíssimo Rosário) é o título recebido pela aparição mariana a São Domingos de Gusmão em 1208 na igreja de Prouille, em que Maria dá o rosário a ele.
Em agradecimento pela vitória da Batalha de Muret, Simon de Montfort construiu o primeiro santuário dedicado a Nossa Senhora da Vitória. Em 1572 Papa Pio V instituiu "Nossa Senhora da Vitória" como uma festa litúrgica para comemorar a vitória da Batalha de Lepanto. A vitória foi atribuída a Nossa Senhora por ter sido feita uma procissão do rosário naquele dia na Praça de São Pedro, em Roma, para o sucesso da missão da Liga Santa contra os turcos otomanos no oeste da Europa. Em 1573, Papa Gregório XIII mudou o título da comemoração para "Festa do Santo Rosário" e esta festa foi estendida pelo Papa Clemente XII à Igreja Universal. Após as reformas do Concílio Vaticano Segundo a festa foi renomeada para Nossa Senhora do Rosário. A festa tem a classificação litúrgica de memória universal e é comemorada dia 7 de outubro, aniversário da batalha.
María del Rosário é um nome feminino comum em espanhol, além de Rosario poder ser usado como nome masculino também, principalmente em italiano.

Origem

Cortejo conduzindo os Rei de: São Benedito, e Nossa Senhora do Rosário, Julgado de São Benedito (espécie de Congado), na Festa do Divino de Pirenópolis, tradição de séculos.
O Congado originou-se na África no país do Congo, inspirando-se no Cortejo aos Reis Congos que era uma expressão de agradecimento do povo aos seus governantes. Ao receber a colonização portuguesa, vários africanos foram trazidos para o Brasil para serem escravos e acabaram trazendo esta tradição e mesclando com a cultura local.
No Brasil o Congado é celebrado em várias localidades como Cametá/PA, no Esprírito Santo, Bahia, Rio Grande do Sul, Armação de Itapocoroy/SC, Catalão/GO, Atibaia/SP, Machado/MG, São João del-Rei/MG, Uberlândia-MG, São Sebastião do Paraíso/MG, São Gonçalo do Sapucaí-MG, Pedro Leopoldo-MG dentre outras.
Em Minas Gerais além da devoção a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Há também a devoção da santa, conhecida como protetora do lar, Santa Efigênia.
Em Pirenópolis, Goiás, o congado faz parte da Festa do Divino Espírito Santo, desde o início da festa em 1819.
O congado, também chamado de congo ou congada mescla cultos católicos com africanos num movimento sincrético. É uma dança que representa a coroação do rei do Congo, acompanhado de um cortejo compassado, cavalgadas, levantamento de mastros e música. Os instrumentos musicais utilizados são a cuíca, a caixa, o pandeiro, o reco-reco. Ocorre em várias festividades ao longo do ano, mas especialmente no mês de outubro, na festa de Nossa Senhora do Rosário. O ponto alto da festa é a coroação do rei do Congo.
Na celebração de festas aos santos, onde a aclamação é animada através de danças, com muito batuque de zabumba, há uma hierarquia, onde se destaca o rei, a rainha, os generais, capitães, etc. São divididos em turmas de números variáveis, chamados ternos. Os tipos de ternos variam de acordo com sua função ritual na festa e no cortejo: Moçambiques, Catupés, Marujos, Congos, Vilões e outros.

CONGADO

Na raia cultural dos folguedos, o CONGADO é a maior ocorrência folclórica em Minas.

A festa é de devoção, um ritual sagrado, embora o profano a ela se associe. Entra-se no Ciclo do Rosário no princípio de agosto, mas comemora-se 07 de outubro o dia da padroeira. Abrange, pois, três meses seguidos. Ainda que s frequentes, registram-se manifestações fora desse trimestre, como se veem Serro - final de junho - e em Conceição do Mato Dentro - começo de janeiro para citar só dois exemplos.
Nesse evento, consideram-se quatro partes:

1) Reinado, que se compõe de rei e rainha congos, princesa Isabel, juízes, juízas, dignitários e mucamas, entre outros. De sua constituição devem participar os membros de crença. O papel do reinado é unir as diferentes guardas em um mesmo sentimento de fé em Nossa Senhora do Rosário e manter coesos os - s de cor. Sua origem se explica principalmente com a fixação de lembranças época faustosa da rainha Ginga de Angola e de Chico Rei, o lendário animador de Vila Rica. O registro mais antigo da ocorrência em Minas pertence a André João Antonil, que aqui esteve de 1705 a 1706. Em sua obra, publicada em 1711, notícia dessas festas.

2) Embaixadas, que se traduzem em homenagem ou em destemor e valentia. E parte dramática, representada, e inclui a rezinga ou luta de espada entre embaixadores.

, 3) Guardas, que são em número de sete, menos o candombe. Cada uma destas possui vestuário próprio e autonomia - é uma unidade rítmica e coreográfica. Segundo o lugar, em vez de guarda, que é a designação mais comum, chamam-lhe a corte (ô), banda, terno, batalhão.

A guarda não terá menos de doze de varsais. Há-as com trinta, quarenta ou mais.
Varsal é cada um dos figurantes não graduados de qualquer guarda de Nossa Senhora do Rosário A palavra, talvez, seja modificação prosódica de vassalo Curioso: em Alencar, Pará, ela assume a forma valsar.
Cada guarda tem função específica no Congado, bem definida.

4) Todos os figurantes, quer sejam membros do reinado, das embaixadas ou das guardas, pertencem à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, instituição religiosa que se fundou em Minas Gerais desde os albores do século XVIII, inspirada nas Corporações de Ofício da Idade. Média.

Referência:
MARTINS, Saul. Congado: Família de sete irmãos. Belo Horizonte,SESC, 1988. p.15. . .

CONGADO
Na raia cultural dos folguedos, o congado é a maior ocorrência folclórica em Minas.

A festa é de devoção, um ritual sagrado, embora o profano a ela se associe. Entra-se no Ciclo do Rosário no princípio de agosto, mas comemora-se 07 de outubro o dia da padroeira. Abrange, pois, três meses seguidos. Ainda que s frequentes, registram-se manifestações fora desse trimestre, como se veem Serro - final de junho - e em Conceição do Mato Dentro - começo de janeiro para citar só dois exemplos.
Nesse evento, consideram-se quatro partes:

1) Reinado, que se compõe de rei e rainha congos, princesa Isabel, juízes, juízas, dignitários e mucamas, entre outros. De sua constituição devem participar os membros de crença. O papel do reinado é unir as diferentes guardas em um mesmo sentimento de fé em Nossa Senhora do Rosário e manter coesos os - s de cor. Sua origem se explica principalmente com a fixação de lembranças época faustosa da rainha Ginga de Angola e de Chico Rei, o lendário animador de Vila Rica. O registro mais antigo da ocorrência em Minas pertence a André João Antonil, que aqui esteve de 1705 a 1706. Em sua obra, publicada em 1711, notícia dessas festas.

2) Embaixadas, que se traduzem em homenagem ou em destemor e valentia. E parte dramática, representada, e inclui a rezinga ou luta de espada entre embaixadores.

, 3) Guardas, que são em número de sete, menos o candombe. Cada uma destas possui vestuário próprio e autonomia - é uma unidade rítmica e coreográfica. Segundo o lugar, em vez de guarda, que é a designação mais comum, chamam-lhe a corte (ô), banda, terno, batalhão.

A guarda não terá menos de doze de varsais. Há-as com trinta, quarenta ou mais.
Varsal é cada um dos figurantes não graduados de qualquer guarda de Nossa Senhora do Rosário. A palavra, talvez, seja modificação prosódica de vassalo Curioso: em Alencar, Pará, ela assume a forma valsar.
Cada guarda tem função específica no Congado, bem definida.

4) Todos os figurantes, quer sejam membros do reinado, das embaixadas ou das guardas, pertencem à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, instituição religiosa que se fundou em Minas Gerais desde os albores do século XVIII, inspirada nas Corporações de Ofício da Idade. Média.

Referência:
MARTINS, Saul. Congado: Família de sete irmãos. Belo Horizonte,SESC, 1988. p.15. . .
Quando foi inaugurada a antiga Capela e Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, nos princípios do século XVIII, e até atingir seu estágio atual por volta de 1740 / 1750, foi criada e organizada a Irmandade de Nossa Senhora dos Rosários dos Pretos, para zelar e cuidar das tradições inerentes a esta Santa Padroeira dos Escravos.
Em 1758, quando a Matriz de Nossa Senhora da Conceição do arraial de Guarapiranga, atingiu seu estágio completo, houve grandes festejos nesta freguesia de Guarapiranga, inclusive a homenagem por parte da Irmandade de N. Sra. Do Rosário dos Pretos, com a criação da Banda de Congado de N. Sra. Do Rosário, ocorrendo assim a famosa “puxada do Mastro e a sua “fincada” na praça do Rosário, simbolizando uma homenagem à padroeira do antigo arraial de Guarapiranga, no dia 08 de Dezembro de 1758, dia dedicado a Nossa Senhora da Conceição.
A partir desta data, ocorrem a tradicional festa do Mastro, logo após as festas do Rosário, que iniciavam a partir do dia 07 de Outubro ( dia de Nossa Senhora da Conceição ), e terminavam no dia 20 de Janeiro, dia de São Sebastião, com retirada do Mastro.
Com o passar dos anos, foram fundadas várias outras bandas de Congo, provenientes dos antigos quilombos das regiões que possuíam maiores números de escravos, tais como, a região da Barra, Roncador, Santo Antônio do Guiné, Angu, Pirapetinga, Cunhas, etc. Os componentes da Banda de Nossa Senhora do Rosário eram da Vila do Carmo, do Quebra e da Barra.
A partir da década de 1970, a tradicional Festa do Mastro, começava a puxada a partir da localidade da Barra, sendo carregado o Mastro pelos membros até a Praça do Rosário, onde ocorre a fincada do Mastro, que é uma antiga tradição que acontece de geração a geração no dia 08 de Dezembro, uma homenagem a Irmandade do Rosário dos Homens Negros à Padroeira do Antigo Arraial Nossa Senhora da Conceição do Guarapiranga.
Atualmente, moradores da localidade do Morro, participam em conjunto com a Banda de Congado Nossa Senhora do Rosário, sendo que a outra banda existente é a do Santo Antônio do Guiné. O senhor José Ambrósio Dias , lembra que tudo começou quando ele tinha 12 anos, na Fazenda de seu pai, Joaquim Nazário: "Naquela época muita gente capinava na roça cantando o chamado jongo. Até que um dia, um trabalhador convenceu o meu pai a formar a Banda de Congado, que passou a se apresentar na Festa de Reis de Nossa Senhora do Rosário, em Janeiro. Ele conta que essa festa começou com os escravos e é, atualmente, a mais tradicional festa da cidade. Os reis e rainhas de congado saem da matriz e fazem o cortejo, até a igreja do Rosário. Enquanto isso, as bandas vão tocando e animando a festa".
No dia 8 de dezembro ocorre a Festa do mastro, que representa o inicio da festa de Janeiro. O mastro de madeira com a bandeira de Nossa Senhora do Rosário é fixado em uma casa da zona rural até o dia 8 de Dezembro. Nesse dia, vários homens da cidade vão até a casa e levam o mastro nas costas até a praça do Rosário. O mastro fica lá até o dia 20 de Janeiro, quando é levado para outra casa na roça.
A lenda de Chico-Rei nos conta que a origem das festas do Congado está ligada à Igreja Nossa Senhora do Rosário, situada na antiga Vila Rica ( Ouro Preto ). Segundo a lenda, o escravo batizado com o nome de Chico-Rei, viera da África com outros membros de sua família. Na sofrida viagem, rumo às Novas Terras, Francisco perdera a mulher e seus filhos, com exceção de um. Chico-Rei se instalou em Vila Rica e com o passar do tempo, com as economias obtidas no trabalho aos domingos e dias santos, conseguiu a alforria do filho. Posteriormente, obteve a própria alforria e a dos demais súditos de sua nação que lhe apelidaram de Chico-Rei. Unidos a ele, pelos laços de submissão e solidariedade, adquiriram a riquíssima mina da Escandideira. Casado com a nova rainha, a autoridade e o prestígio do "rei preto" sobre os de sua raça foi crescendo. Organizaram a Irmandade do Rosário e Santa Efigênia, levantando pedra a pedra, com recursos próprios, a Igreja do Alto da Cruz. Por ocasião da festa dos Reis Magos, em janeiro, e na de Nossa Senhora do Rosário, em outubro, havia grandes solenidades típicas, que foram generalizadas com o nome de "Reisados". Nestas festas, Chico-Rei, de coroa e cetro, e sua côrte apareciam lá pelas 10 horas, pouco antes da missa cantada, apresentando-se com a rainha, os príncipes, os dignatários de sua realeza, cobertos de ricos mantos e trajes de gala bordados a ouro, precedidos de batedores e seguidos de músicos e dançarinos, batendo caxambus, pandeiros, marimbás e canzás, entoando ladainhas.

Fonte: Palavras Negras em Lavras Novas- Marcus de Nilo
Dicionário Brasil Colonial 1500-1808





03. Denominação: Terno de Congado Congo Sainha.
04. Natureza: Festas Populares/Cultos Afro-brasileiros.
05. Responsável: Elias do Nascimento.
06. Informe Histórico:
O Terno de Congado Congo Sainha é um grupo de dançadores de congado, ou seja, uma designação genérica de uma grande família coreográfica estabelecida por negros escravos em louvor a Nossa Senhora do Rosário e Santos Pretos. É festa de devoção, um ritual sagrado, embora o profano a ela se associe com pujança. Em geral, dá-se o nome de congada à exibição ritmo-plástica de uma guarda (ou terno) filiada à Irmandade; congado é a instituição que une todos os membros da família em uma celebração popular de culto aos ancestrais africanos através de danças, de percussões e cantorias realizadas por descendentes de nações negras diversas. Esse culto foi presenciado já em 1705, pelo jesuíta André João Antonil, o primeiro a dar notícias dessas festas no Brasil. Entretanto, sabe-se de registros de congos em Lisboa no ano de 1496, antes mesmo da descoberta do Brasil.
O Terno de Congado Congo Sainha está em atividades desde a década de 1940, época de Elias Nascimento, um dos fundadores e primeiro presidente da Irmandade, sendo uma das guardas mais antigas de Uberlândia. Por problemas políticos na campanha de Tubal Vilela em 1950, seus primeiros presidentes Abadio e Vicente perderam a presidência para Elias Nascimento. Conhecido inicialmente como "terno de saias", o uso das sainhas por seus integrantes homenageava a palha que sempre foi essencial na vida dos povos africanos.
O estilo seguido pelo Terno Congo Sainha é o congo, a irmã mais velha dos sete ternos (congo, moçambique, marujo, catopé, caboclinho, cavaleiro de São Jorge e vilão) todas nascidas a partir do candombe (guarda fechada). As guardas assemelham-se nos fins – culto e união entre as pessoas de cor ou irmãos do Rosário – mas diferenciam-se na apresentação – plástica, rítmica e coreográfica; no cerimonial (rito), e no papel dentro do conjunto ou função que exercem. Cada tipo de terno, ainda, individualiza-se pelo nome particular dado ao grupo, pelo estandarte de pintura única e pela cor ou combinação de cores dos vestuários e dos paramentos. No congo, tipo do Terno de Congado Congo Sainha, sua função é policial, ou seja, compete-lhe fornecer guarda-coroas, armados de espada, para reis e rainhas. Em desfile, vai à frente do moçambique.
A prática de congado é transmitida de pai para filho, aprende-se de criança, por imitação, vendo e ouvindo dançar e cantar, sendo o Terno de Congado Congo Sainha formado por crianças, jovens, adultos e idosos. Essa guarda permanece fiel ao seu ritual congadeiro sem abrir mão das indumentárias ou dos instrumentos tradicionais mesmo estando associados a elementos modernos. O terno relembra o canto tradicional dos primeiros escravos e o modo peculiar de danças dos negros, além de toadas com termos e expressões africanas, referências à escravidão, entoadas em ritmo negro.
Os instrumentos mais importantes dessa guarda são as sanfonas, caixas de couro, cuíca, violão, chocalhos e reco-reco. Cada guarda possui uma cor e roupa peculiar, que no caso do Terno de Congado Congo Sainha são o branco (representando a paz e o perdão) e o azul (que traduz a felicidade dos marinheiros ao buscar Santa Efigênia no mar).
Os ensaios acontecem no "quartel" (morada do capitão da guarda ou "general") localizado na Rua do Artesão, nº 131, Bairro Jardim das Palmeiras. No dia da Festa de Nossa Senhora do Rosário, no último domingo e segunda-feira de novembro, o Terno sai do Bairro Jardim das Palmeiras e atravessa várias ruas da cidade até se concentrar na Praça Cícero Macedo, em frente à Igreja do Rosário. Na Uberlândia do início do século XX, os negros congadeiros costumavam se reunir à sombra de uma grande árvore localizada na atual Praça Tubal Vilela, onde passavam a realizar a Festa do Congado, seguindo percurso processional desse local à Capela de Nossa Senhora do Rosário.

08. Descrição:
O ritual das festas começa com o levantamento do mastro. Por vezes são dois, um localizado no adro da igreja e outro na casa do festeiro. Depois, de manhãzinha, a escolta conduz a Coroa (reinado) da residência dos reis ao altar. No trajeto, os varsais (de vassalo, figurantes) dançam e cantam, ou fazem embaixadas. De todos os ternos existentes, só os congos e marujos fazem embaixadas.
Cada terno se diferencia do outro pelas cores das roupas, pelos acessórios, pelos ritmos das músicas, pelos instrumentos, pela forma da dança e pela sequência em que se apresentam durante a cerimônia, demonstrando a hierarquia das guardas. Prevalesse o canto antifonal, isto é, um solista, geralmente o primeiro capitão, apresenta o tema e o coro responde. O segundo capitão com seu bastão e apito comanda os soldados na execução instrumental. Cada capitão “puxa” uma série de músicas que podem ser elaboradas por ele ou pelo grupo e ainda outras aprendidas com outros ternos ou com os antepassados. Algumas músicas são tradicionais do terno, passadas de capitão para capitão. Outras são específicas de cada guarda. Existem também cantorias que são consideradas segredo que não podem ser reveladas para “os de fora” e que são aprendidas e “guardadas no coração”, sendo somente executadas em cerimônias reservadas.
Em desfile, o terno de congo vai à frente do moçambique. Sua função é policial, compete-lhe fornecer guarda-coroas, armados de espada, para reis e rainhas. Seus tocadores de maracanãs e caixas fazem performances saltando com os instrumentos, revezando entre se ajoelhar e saltar. Essa coreografia é cheia de significação: quando estão ajoelhados pedem “axé” e quando estão pulando agradecem as graças recebidas. Uma das características diferenciadoras das guardas de congo que vem se extinguindo em Uberlândia é o uso de cuíca e de tamborins (caixinhas quadradas confeccionados em madeira e couro, percutidas com uma vareta), bem como o uso de pandeiros, adufes e instrumentos harmônicos como violões, cavaquinhos, banjos e sanfonas.
O terno de moçambique ou “congo de coroa” é a guarda real, isto é, são eles os responsáveis por conduzir as imagens dos santos, bem como o casal real durante a procissão e no fim dos festejos, além de levantarem o mastro na porta da Igreja dando início ao congado. A coroa além de representar a realeza, também é símbolo de Nossa Senhora e confere a quem a utiliza a autoridade para conduzir os reis e santos.
Aos catopés, cabe a responsabilidade de alegrar o ambiente, oferecer boa música e divertir o povo com loas e cantos irônicos ou chistosos. Na falta do moçambique, de direito, cabe-lhe fazer a escolta do séqüito real.
Existem também os cavaleiros de São Jorge que exercem uma função decorativa, apenas visual, de pompa e grandeza. Incorporados ao cortejo na rua, seguem o catopé. Não cantam e não tocam, mas podem fazer embaixadas.
Em seqüência vêm a guarda dos marujos que desempenham a histórica função de rememorar a longa e dolorosa travessia marítima da África para o Brasil. As músicas, as roupas e adereços e o trançar de fitas característico dos marinheiros fazem referência ao mar que trás os negros para o Brasil e de onde Nossa Senhora é retirada.
Os caboclinhos, tapuios, caiapós, botocudos, penachos, tupiniquins, ou ainda caboclos, possuem atribuição de arte, fantasia, exibição, sendo a dança do pau-de-fitas o ponto alto e apresentação final.
Já o vilão é formado por um pelotão de guerreiros, por isso que sua responsabilidade maior no conjunto é a de dar segurança. Quando parado, seus figurantes exibem habilidades acrobáticas.
A organização das guardas e a hierarquia dos ternos seguem modelos militares ou políticos. Na maior parte dos ternos, o “regente” é chamado capitão, mas em outros casos pode receber o distintivo de general ou guia. Existem outras funções nas guardas, tais como, presidente, fiscal, conselheiro, secretário, tesoureiro, madrinha do terno, madrinha da bandeira, soldados, bandeireiras etc. que variam de terno para terno, tanto em número como em funções e significações. Antigamente, o cargo de primeiro capitão era designado em alguns ternos pelo nome de marechal e as bandeireiras pelo nome de juizas. O presidente, nesse caso, era conhecido como dono do terno.
Durante o cortejo, o primeiro capitão se desloca o tempo todo se certificando se tudo está correndo bem com todo o terno, além de também "puxar" as músicas. O segundo capitão geralmente é responsável por reger a bateria, é o maestro. Dois outros capitães ou fiscais protegem as laterais e também se locomovem entre os dançadores. A madrinha do terno geralmente segue a frente, junto à virgem que carrega a bandeira, mas também transita pelo terno auxiliando na medida em que se faz necessário. A madrinha da bandeira auxilia as bandeireiras e também são responsáveis pelas crianças. No Marinheirão, existe a função de capitão das crianças, geralmente as mães, que podem carregar as crianças no colo quando elas se cansam.
Os fiscais auxiliam na condução do terno, na execução das músicas, na organização dos dançadores. São os imediatos do capitão, geralmente também impunham um bastão e trazem um apito. As funções de presidente, tesoureiro e secretários, exigidas para o registro oficial, geralmente são desempenhados pelos próprios capitães, madrinhas e fiscais. Os soldados são os tocadores e dançadores.
As bandeireiras ou andorinhas conduzem os estandartes e suas fitas fazendo coreografias. Antigamente, esta função só era desempenhada pelas garotas virgens. Muitas mulheres relatam que se a menina não fosse virgem e levasse a fita ou o mastro da bandeira, muitos acidentes poderiam acontecer, já que Nossa Senhora do Rosário seria a responsável por denunciar a farsa. Adereços de cabelo poderiam cair, a roupa se rasgar, ou a própria bandeira poderia sofrer danificações como se quebrar ou rasgar. Desmaios e doenças poderiam também dificultar a execução da função. Caberia a menina se afastar quando não fosse mais “digna” de carregar a bandeira do congado. Hoje, no entanto, esta tradição não é mantida pela maioria dos ternos.
Alguns atribuem sentidos místicos à escolha das cores, dos instrumentos, dos acessórios e dos ritmos, outros vêm nesses elementos apenas traços distintivos dos ternos. As roupas e acessórios são usados apenas nos dias de festa. Durante a campanha, cada um se veste a seu modo. Alguns ternos modificam os modelos de suas roupas todo ano, outros mantêm durante algum período. A indumentária que mais se renova é a das bandeireiras. Geralmente as roupas dos soldados possuem elementos identificadores dos ternos e não mudam de um ano para o outro. A indumentária é um dos elementos identificadores dos ternos, por isso a Irmandade do Rosário intervém na escolha das cores e adereços.
Os ternos só recebem a Carta de Comando – ordem para participar dos festejos – se estiverem filiados à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Uberlândia. Aqueles registrados em cartórios participam do Reinado sem o aval da Irmandade. Um representante da Igreja, geralmente o pároco, participa diretamente das decisões da Irmandade. A Irmandade é o elo de ligação dos ternos com a Igreja Católica e as subvenções governamentais. A Irmandade gerencia a festa, decide data de realização do cortejo, faz e refaz o estatuto da Irmandade e da festa, escolhe horários de realização de missas, procissões etc. A diretoria da Irmandade do Rosário é na verdade um reinado, onde os cargos são hereditários. Cada terno possui o seu “diplomata”, geralmente um capitão que fará sua representação nas reuniões com a Irmandade e os órgãos governamentais ou financiadores.
Durante a missa na Festa de Nossa Senhora do Rosário, que é o encerramento das solenidades religiosas, procede-se à cerimônia de entrega de reinado quando são coroados novos reis do ano. Segue-se o almoço, elemento forte de coesão social entre figurantes e membros da comunidade. Baixam-se os mastros oito dias após o término das festas.

14. Informações Complementares:
O Congado é um ritual afro-brasileiro que nasce dos cortejos de coroação de reis, do culto aos ancestrais africanos e das celebrações de santos da Igreja Católica. Uma dança ritual executada por guardas ou ternos de Congo, Moçambique, Marujo, Marinheiro e Catupé. Os dançantes prestam homenagem à Nossa Senhora do Rosário e a São Benedito, aos antepassados e aos santos de sua devoção, principalmente aos santos negros Santa Ifigênia e N. S. Aparecida, mas também São Domingos, Nossa Senhora da Guia, Nossa Senhora d’Abadia, etc. Cada terno se diferencia do outro nas cores das roupas e dos acessórios, nos ritmos das músicas, nos instrumentos e na forma da dança.
Prevalesse o canto antifonal, isto é, um solista, geralmente o Primeiro Capitão, apresenta o tema e o coro responde. O Segundo Capitão com seu bastão e apito comanda os soldados na execução instrumental. Cada Capitão “puxa” uma série de músicas que podem ser elaboradas por ele ou pelo grupo e ainda outras aprendidas com outros ternos ou com os antepassados. Algumas músicas são “tradicionais” do terno, passadas de capitão para capitão. Outras são específicas de cada guarda. Existem também cantorias que são consideradas “segredo” que não podem ser reveladas para “os de fora” e que são aprendidas e “guardadas no coração”, só são executadas em cerimônias reservadas.
O trajeto do Congado é uma manifestação pública da fé, do pertencimento ao movimento cultural afro-brasileiro-mineiro-uberlandese. Os congadeiros rompem os muros que cercam suas comunidades e ganham a cidade, comemorando a manutenção de suas famílias e de sua cultura.
O ritual composto por elementos da cultura bantu é reelaborado no Brasil sob influência do contato com outros povos africanos, europeus e nativos. O Congado em Uberlândia, é fundamentado no mito da aparição e resgate da imagem de Nossa Senhora do Rosário e possui pelo menos duas versões: a) Nossa Senhora do Rosário estava dentro do mar, um garoto a vê submergir, chama os pais para verem, eles não acreditam. Então ele chama os Marinheiros, que também presenciam a santa submergir, eles tentam tirá-la, mas ela não sai do local. Chegam brancos e padres e tentam levá-la para uma capela, mas a santa “foge” do altar e volta para o mar. Vem, então o terno de Congo, todo colorido e canta para ela sair da água, ela submerge, mas ao ser levada para a capela dos brancos, volta a “fugir” para o mar. Um terno de Moçambique, todo vestido de branco, descalço, com gungas nos pés, canta para ela, que então submerge e lhes acompanha, eles então constroem uma capela para ela e ali Nossa Senhora do Rosário permanece, o terno de Moçambique então se retira sem lhe dar as costas. b) a segunda versão, contada por Maria Conceição Cardoso, do Moçambique Rosário de Fátima, afirma que ao tentar capturar escravos fugidos na serra da Montanhesa, um grupo de capitães do mato encontra um grupo de negros, vestidos de branco, fazendo rosários, com contas de lágrima em frente a uma árvore de umbaúba onde Nossa Senhora do Rosário estava encravada num galho. Os capitães do mato surram os negros e tentam capturá-los, mas eles permanecem imóveis. Apavorados com a visão voltam para a cidade e chamam um padre para ir até o local verificar o fato. E como na primeira versão, brancos e Congos não conseguem levá-la, Nossa Senhora do Rosário acompanha apenas o Moçambique que canta,

Nenhum comentário:

Postar um comentário