TEXTO DE TERENA & MÚSICA DE TAIGUARA
DIA 19 DE ABRIL
D I A DO Í N D I O
Grandes chefes, líderes e sábios ainda vivem como condutores irreversíveis pela demarcação das terras, gestão sustentável de seus território e em solidariedade ao mundo moderno que se engrandece com lixos e dejetos de toda ordem, com o equilibrio ambiental. Lemos e assistimos com os olhos de 500 anos de resistência, ações injustificadas de irmãos brasileiros que nossos antepassados receberam no passado quando buscavam fugir de suas próprias terras para se instalarem como novos brasileiros e agora buscam legitimar com suas pobres razões a invasão de nossas terras com armas letais como os grandes caminhões e tratores atuando como se fossem tanques de guerra, para matar a mãe terra e depois as famílias indígenas....
Talvez o Governo Federal devesse ser mais honesto em suas incursões pois no ano de 1981 quando precisou, o Presidente Lula pediu acolhida e demos dentro de uma plenária chamada União das Nações Indígenas, assim como quando buscou recursos e apoios de Muammar al Gadhafi, governo ditador da Líbia.
Nunca pedimos nada em troca, mas ao assistirmos a invasão oficial da FUNAI, nosso único órgão no relacionamento com o Governo Federal, pelas Forças Especiais de Segurança, sentimo-nos inseguros, pois não somos ladrões, saqueadores e bandidos.
E como primeiros brasileiros, exigimos respeito.
Espiritualmente a força indígena celebra o Dia do Índio para superar preconceitos, o lamento, a dor e a pecha de vítimas dadas pelo colonizador para justificar suas ações genocidas contra as primeiras nações do Brasil, ontem e ainda hoje.
Irmãos de todas as raças e origens,
o caminho indígena construiu um Brasil com seus corpos e o futuro não pode repetir esse erro mesmo que heróico, por isso mais que uma mensagem por esse dia consagrado pelo Governo Brasileiro como nosso Dia, o espírito de irmãos com negros e brancos não deve ser apenas de solidariedade, mas também de luta e luta para o bem comum e o bem viver das futuras gerações.
MARCOS TERENA - ANICETO XAVANTE - AIKEABORU KAYAPÓ
M. MARCOS TERENA
Cátedra Indigena - CII - Miembro
http://marcosterena .blogspot. com
www.intertribal. org.br
Rede das Culturas Populares
Taiguara - Sete Cenas De Imyra
Imyra, Tayra, Ipy
Primeira cena: o nascer
Do beijo de Ara rendy
Jemopotyr - florecer
É gema, é germe, é gen-luz
Imyra brilha no ar
Corou vermelho e azul
Por sobre o virgem rosar
É rosa gente, é razão
É rosa umbilical
Jukira, sal, criação
Potyra, flor-animal
Imyra, Tayra, Ipy
Segunda cena: crescer
Ferir o espaço e abrir
A flor primal de mulher
Figura, cor, rotação
Calor, janela, pombal
Palmeira, morro, capim
Moreno, ponte, areal
Retina, boca, prazer
Compasso, ventre, casal
Descanso, livre lazer
Loucura, vida real
Imyra, Tayra, Ipy
Terceira cena: saber
Que o índio que vive em ti
É o lado mago em teu ser
Se vim dos Camaiurá
Ou das missões, guarani
Nasci pr'a ti meu lugar
Nação doente, Tupi
Por isso vou me curar
Da algema dentro de mim
Por isso vou encontrar
A gema dentro de mim
Imyra, Tayra, Ipy
A quarta cena é mostrar
O que há de pedra no chão
O que há de podre no ar
Criança em frente ao pilar
Imaginando seu mar
O mastro imenso, o navio
A vela, o vento, o assobio
É caravela, é alto-mar
Até de novo acordar
Pr'o que há de podre no chão
Pr'o que há de pedra no ar
Imyra, Tayra, Ipy
A quinta cena é sofrer
Cunhã curvada a chorar
Tayra tensa a temer
Fui companheira dos sós
Fui protetora das leis
Fui braço amigo de avós
Até o rei perdoei
Hoje faminta sou ré
Como um cachorro vadio
Arrasto inchado o meu pé
Por chãos de fogo e de frio
Imyra, Tayra, Ipy
A sexta cena é esperar
No céu branqueia Jacy
Tatá verdeja no mar
Vislumbre claro, visão
Valei-me, meu pai! Que luz!
Como se um trecho de chão
Se erguesse em asas azuis
Dobrando a curva do céu
Pr'a mergulhar sobre o mal
E o justo império de Ipy
Chegasse ao mundo, afinal!
Imyra, Tayra, Ipy
A cena sete é um saci
Pé dentro do ano dois mil
No centro - sol do Brasil
Aos sete dias do mês
Um dia azul de leão
Me deram vida vocês
Dou vida hoje à expressão
Quero essa língua outra vez
Quero esse palco, esse chão
Brinca Tupi-português
Dentro do meu coração
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