terça-feira, 29 de junho de 2010

A construção da personagem e o hibridismo narrativo: O rapaz de Botticelli, de Mafalda Cruz

Luciana Éboli*
PUCRS

Ao tratar da personagem pós-colonial nos dias de hoje, sobretudo
na literatura que é produzida atualmente em Portugal, é importante
considerar o hibridismo cultural que passou a caracterizar o sujeito
pós-colonial, através do aumento da capacidade de diálogo intercultural
e de maior amplitude do espaço expressivo. A atual literatura de
língua portuguesa atravessa as suas três primeiras décadas de um período
pós-ditatorial – o que vem a influenciar as formas de arte em
geral – trilhando um caminho híbrido, desfragmentado e, em alguns
casos, numa busca desenfreada de encontrar-se na imensa liberdade
de aproveitamento desse espaço expressivo, conceitual e estilístico.
Nesse sentido, a leitura de O Rapaz de Botticelli transforma-se num exercício
de compreensão estilística que resulta na reunião de diferentes
formas, estratégias narrativas e referências artísticas, com o que se poderia
definir como uma forma de narrativa tecnicamente híbrida.
Mafalda Ivo Cruz é romancista, contista e crítica literária nascida
no final da década de cinqüenta cuja origem de sua formação é a música.
Nascida numa família de músicos, durante alguns anos lecionou
piano dividindo-se entre Paris e Lisboa. “A música embala-me desde
o berço, acompanha-me e ajuda-me a abrir caminhos“,1 ela diz. E essa
forte influência musical é facilmente percebida na sua construção textual,
principalmente no que tange à estrutura rítmica de sua narrativa.
É possível encontrar em seus textos uma profusão de pausas, síncopes,
* Mestranda em Teoria da Literatura no Programa de Pós-Graduação em Letras da
PUCRS. Pesquisador do Centro de Estudos de Culturas de Língua Portuguesa da
mesma Universidade. Bolsista do CNPq.
1 Centro de Documentação de Autores Portugueses/Instituto Português do Livro e
das Bibliotecas. Disponível em: . Acesso em 06 jul. 2006, 15:30.
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frases de tamanhos diversos, das mais extensas às mais concisas, vozes
que entram e saem da narrativa de forma surpreendente, e
expressividade peculiar, como se fossem vários instrumentos musicais
de uma orquestra em execução. Nesse sentido, temos em O Rapaz de
Botticelli uma composição que apresenta, freqüentemente de forma
simultânea, monólogo interior, diálogo, discurso indireto, descrições
breves terminadas em reflexões filosóficas ou existenciais, narrativa e
metanarrativa.
A própria autora afirma a indistinção entre a composição estrutural
musical e literária: “A frase escrita, a frase musical ou a frase plástica
são a mesma coisa. Num intérprete treina-se a inteligência da forma.
Trata-se sempre de falar, expressar, tornar expressivo, dizer alguma
coisa“.2 Assim, percebe-se na composição literária de Mafalda Ivo
Cruz uma reunião de formas artísticas, que se sobressaem através de
referências musicais, pictóricas e dramáticas.
Seu primeiro livro, lançado em 1995, chama-se Um Réquiem Português,
e tem como base um fato real do período salazarista já retratado
nos romances Balada da Praia dos Cães, de José Cardoso Pires e Um Crime
Inútil, de Joaquim Paço d’Arcos, além do testemunho de António
Gil em O Drama da Praia do Guincho. Segue-se o romance A Casa do
Diabo (2000), um de seus livros mais conhecidos, que retrata um drama
familiar ainda inspirado da mentalidade dominante do Antigo Regime.
E, finalmente, o mito do artista decadente e sujeito às condições
que a sociedade lhe impõe será a base de O Rapaz de Botticelli (2002,
Prêmio Pen Clube de Ficção), em que “a decadência de um bailarino
mítico permite uma série de reflexões sobre a arte e o artista, e os personagens
continuam incapazes de travar as espirais de autodestruição
onde se encontram inseridos, por loucura ou vontade própria“.3
Seu livro seguinte foi Vermelho (2003, Grande Prêmio de Romance e
Novela da Associação Portuguesa de Escritores), fruto de uma bolsa
de criação literária do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas/
Ministério da Cultura. Sobre o seu estilo de escrita musical, a autora
afirma: “Essa organização mental em que há temas recorrentes, há
repetições, há várias vozes, em que há temas secundários e temas principais,
foi aquilo com que lidei toda a vida, mais do que com a literatura“.
4
Em O Rapaz de Botticelli, Mafalda Ivo Cruz leva a construção da
narrativa híbrida ao extremo. A partir da perspectiva inicial da personagem
Mariana Matias, escritora e jornalista, a autora constrói – e
desconstrói – a trajetória do bailarino inglês Efron Cage, personagem
inspirada nas histórias de vida de Nijinski e Nureyev. Mariana é

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aficcionada pela arte em todas as suas formas – o que vai sendo revelado
através das inúmeras e variadas referências que emolduram as
investidas filosóficas da personagem, e é a partir dessa situação que a
autora faz uma análise do sentido do artista e da massificação artística
nos tempos atuais, e vai além: coloca o indivíduo a mercê da condição
solitária de sua própria expressividade. Mariana então identifica-se
fortemente com a história do bailarino, com a força expressiva de sua
dança, apaixona-se pelo mito glorificado e tenta encontrá-lo de todas
as formas, não como uma simples fã, mas como alguém que procura
encontrar sentido nas próprias inquietações existenciais e artísticas. A
imagem de Efron Cage vai sendo construída através de diversos relatos
que estruturam a primeira parte da obra, e a personagem vai tomando
forma através do preenchimento de significados atribuído pelas
outras personagens, pelas impressões de Mariana e pelas próprias
impressões do leitor. Há um grande espaço para conexões e reflexões
por parte de quem lê, considerando-se a interpretação das referências
intertextuais e do jogo explicitamente polifônico. Há a quase ausência
de marcas formais no sentido de organização do discurso, o que confere
ao leitor o poder de decidir através de suas considerações lógicas a
quem ou a quê determinadas informações são atribuídas.
As referências iniciais que se tem sobre o bailarino inglês são as
mesmas colocadas pela personagem Mariana: Efron Cage, que mudara-
se para Portugal durante a década de setenta no auge de sua carreira,
vive afastado da dança e escondido de todos, trabalhando como
coveiro na solidão de um cemitério onde treina antigos passos de dança.
Nos encontros e desencontros da jornalista com o bailarino, nos
retratos que o revelam, literais ou descritivos, e no romance que acontece
entre os dois há espaço para a discussão sobre a dança, a glorificação,
a dura realidade dos artistas, a loucura. A autora traz à tona um
questionamento que permeia toda a obra, aparecendo diversas vezes
de forma explícita através da seguinte frase: “O que são artistas? Mas
o que são artistas?”. Assim, sem poupar o tom melancólico proposto
por Mafalda Ivo Cruz, O Rapaz de Botticelli se transforma numa análise
da situação do abandono, decadência e solidão a que chegaram muitos
daqueles que dedicaram toda sua vida à arte. A partir disso, temos a
impressão da personagem Mariana numa de suas primeiras investidas
em busca do bailarino inglês numa escola de dança:
Uma quantidade de gente a entrar e sair, às vezes os mesmos, que
vinham ter aulas em não sei quantos sítios ao mesmo tempo. Alguns
eram recepcionistas, professores e alunos e figurantes na ópera, atores,
semiatores, strippers, todos a trocarem números de telefone de
agências de casting. E não tinham nada. Nem sequer sindicatos. Trabalhavam
e viviam. Ou deixavam de trabalhar e morriam. Como
grandes aves inquietas, sempre a ver de que lado o vento chega. O
que são artistas? Mas o que são artistas? O Efron Cage não tinha para
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eles nenhum prestígio especial. Muitos não o conheciam porque eram
mais novos. Outros sabiam vagamente quem era.5
Diversas referências artísticas são utilizadas para situar e emoldurar
esteticamente a trama, como Kandinski, Picasso e Botticelli na pintura,
Bach na música e Byron na literatura. Esses são alguns referenciais
que acompanham tanto as personagens de primeiro plano, como Efron
e Mariana, como as de segundo plano, ou seja, amigos, bailarinos,
amantes do artista, sua esposa e seus filhos, surgindo como contraponto
entre representação e realidade e entre desejo e sofrimento. Um dos
principais artistas de referência, que é citado várias vezes ao longo da
narrativa, é Almada Negreiros, justamente por ter sido um artista português
que atuou na área da literatura, das artes plásticas e da dança e
que exaltava a importância da beleza e da sabedoria em todo processo
de criação. Outra referência a ser destacada é a relação implícita que se
estabelece entre o nome do bailarino e o nome do compositor John
Cage. O músico americano, um dos criadores do happening e da arte
multimídia, fez composições para dança moderna e criou na década
cinqüenta a chamada Música Aleatória, que dava ao intérprete a liberdade
de improvisação, e cuja característica musical de harmonia
dissonante e ritmos variados pode ser associada ao estilo narrativo de
Mafalda Ivo Cruz.
Através da desconstrução da linha temporal da narrativa, os fatos
são apresentados através das reflexões das personagens em planos diferenciados,
numa interposição a imagens de fatos passados ou informações
desconexas que só serão amarradas à trama no futuro.
Uma máscara.
Parecia que tinha mil anos.
Uma planície dourada. Crianças a tocar tambor, a gritar. Crianças
numa correria louca. Mas não. Eram crianças que coxeavam, equilibravam-
se mal. Eram crianças loucas.
– Ouve, Efron – Efron, eu –
Era como se tivesse tocado diretamente na loucura.
E o rapaz de Botticelli voltou. E desapareceu.
– Diz.
– Nada.
– Nada?
– Nada.
Tenderness.
Água fresca.

Uma surpreendente mudança no foco narrativo, com a narração
do próprio Efron Cage e o relato sobre si mesmo, revela a estratégia da
autora de afastar o leitor de uma cadência rítmica que aos poucos se
torna confortável, na medida em que os relatos e as reflexões já se tornaram
familiares. Inicia-se uma reflexão sobre mulher e filhos, que
permite entender que é o próprio bailarino que fala, na primeira pessoa,
e a seguir continua um relato pessoal:
Vou para o Café dos Búzios.
Um sítio decrépito. Mas eu gosto. Gosto daquele desgosto. Gosto da
sujidade dos desgostos. Porque eu.
Eu amo a humanidade.
Mas eu. É assim, reúnem-se velhos, aqueles velhos a contar histórias
glaucas. Em que há sempre uma grande inocência. Morte. Solidão.
Há uma luz crua que vem de Lâmpadas nuas e nas paredes as fotografias
dos times de futebol ficam na parte mais sombria. Não sou
homem solitário, nunca fui. Sento-me perto deles, e eles sim, são solitários,
infinitamente sós, como sobras. E bebo quatro, cinco, seis, sete
cervejas, porque. Claro. Os bailarinos têm facilidade de eliminar o
álcool. Seis, oito horas de trabalho atlético. Mesmo se já não as faço.
A verdade é que não as faço. As luzes do palco. Nós. Não as sentimos
nem conhecemos como o público as vê. Nós. Nunca poderemos
saber o que o público vê. O público não vê, sonha. O público sonha.
Que se foda o público. Detesto sonhos. Detesto sonhos. Sim? Não me
diga. Não me faça gritar! De resto é um dos problemas da vida: nada
é o que parece.7
Segundo Philippe Hamon,8 a personagem da narrativa é definida
por um conjunto de relações de semelhança, oposição, hierarquia e ordem
que se estabelece, nos planos do significante e significado, sucessiva
e/ou simultaneamente, com os demais personagens e elementos
da obra num contexto próximo (em relação aos demais personagens
da mesma narrativa ou obra) ou distante (em relação com as demais
personagens de uma mesma categoria). No caso de O Rapaz de Botticelli,
essas relações não se concretizam, pois o ponto de partida não existe,
é flutuante, e se diferencia a cada novo relato ou fato apresentado.
Assim, Mafalda Ivo Cruz constrói uma personagem enigmática, cujos
significantes e significados se opõem dentro de si mesmo e não em
relação aos demais personagens. O bailarino diz:
Um estrangeiro, apátrida. Engordei. Mas os músculos estão bons.
Funcionam. Perdi muita coisa pelo caminho, é verdade. Quase tudo.
Ao longo do último ano praticamente tudo. A começar pelo... o espí-
7 Idem, p. 88.
8 SULLÀ, Enric. Teoría de la novela: antología de textos del siglo XX. Barcelona: Crítica,
1996. p. 130-131.
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rito, ou o que quer que seja que lhe queiram chamar: o animal dentro
de mim morreu numa armadilha reles, reles, mais baixo do que reles.
Os músculos estão bons.9
O significado da personagem ou seu “valor”, portanto, segundo
termo saussureano e conforme Hamon, não se constitui somente por
características de repetição, acumulação e transformação, mas também
pela oposição que apresenta em relação às demais personagens da narrativa,
o que não acontece nem com o bailarino nem com a jornalista.
Ambos preenchem seus significados a partir de anseios e ações internas
que se apresentam mais fortes do que as relações com as demais
personagens do romance. Esses anseios geram o conflito entre o ideal
das personagens e a realidade, remetendo novamente ao questionamento
maior da obra: afinal, o que é um artista?
A autora instiga esse questionamento ao recriar diversas situações
emblemáticas da carreira do bailarino, seja através das reflexões
sobre as turnês do passado, as experiências pessoais, seus relacionamentos,
as aulas de dança e o emprego de coveiro, seu último sustento.
De longe, de muito longe no cemitério banhado de sol, no silêncio
absoluto dos cemitérios, qualquer pessoa poderia ver um homem alto
de crânio rapado e óculos muito escuros a girar sobre si próprio numa
dança requintada. Era o Efron Cage a tentar remontar a coreografia
do Ídolo de Ouro. Deu um salto. Não se ouvia nada.10
Georg Lukács,11 em sua Teoria do Romance, define idéia de Idealismo
Abstrato, propondo uma relação de adequação/não adequação entre
alma e mundo, no que diz respeito à construção romanesca do herói.
Segundo Lukács, a inadequação entre alma e obra, interioridade e
aventura, tem duas formas: a alma pode ser mais estreita ou mais
ampla que o mundo exterior, local onde se desenvolve a sua própria
ação. O primeiro caso caracteriza o demonismo do Idealismo Abstrato,
quando o herói vive e luta em função da realização de um ideal, sem
distanciamento entre o próprio ideal e as idéias da realidade.
Efron Cage pode ser relacionado à idéia de herói degradado, de
Lukács, que carrega em si a inadequação entre alma e realidade, agindo
num mundo hostil a seus valores, às suas convicções, sem aceitar a
degradação física e moral e nem a velhice, como fizeram seus antigos
colegas de profissão. E, portanto, sofre, isola-se, apóia-se no alcoolismo
e cria para si um mundo particular que filtra a realidade e faz com
que dance entre túmulos do cemitério nos intervalos do enterro entre
9 CRUZ, op. cit., p. 117.
10 Idem, p. 174.
11 LUKÁCS, Georg. A teoria do romance: um ensaio histórico-filosófico sobre as formas
da grande épica. 34. ed. São Paulo: Duas Cidades, 2000. p. 100.
A construção da personagem e o hibridismo narrativo: ... 175
um caixão e outro. Esse, portanto, é o Rapaz de Botticelli na sua essência,
a figura enlevada da beleza, da pureza, que desafia a ação da gravidade
e tenta criar para si uma atmosfera sublime, como as tradicionais
figuras retratadas pelo pintor nas composições do Nascimento de
Vênus ou na tradicional Primavera. Assim, Mafalda Ivo Cruz cria a tensão
entre a imagem do bailarino, aquele que gera movimentos e, portanto,
que gera vida, e sua dança no cemitério, local extremo da ausência
de movimentos e da impossibilidade de ação. Efron Cage dança
frente à morte para provar que ainda vive.
A ruptura entre ideal e realidade afasta ainda mais a personagem
dos valores clássicos do herói, transforma-a no anti-herói, que se imobiliza
diante da impossibilidade de transformação da realidade. O
idealismo abstrato não permite que ele vá além do universo criado para
si, e a força empregada na superação dos obstáculos não opera
mudança substancial e ainda traz a autodegradação.
Assim, a condição do artista se sobressai como matéria desse romance,
que por vezes dá pistas, em sua construção, de fazer parte de
um outro romance escrito pela própria personagem numa espécie de
meta-narrativa, que fica subentendida, mas jamais explicitada. A idéia
que permeia a leitura de O Rapaz de Botticelli é a de que tudo não passa
de obra do pensamento, de um emaranhado de vozes que trazem à
tona fatos aleatórios com saltos temporais e associações aparentemente
desconexas. Há uma história a ser construída, as peças do
quebra-cabeça devem ser organizadas e montadas. Talvez essa seja
a condição do sujeito contemporâneo, fragmentado, que concentra
em si marcas do presente, do passado e – por que não – do futuro,
num emaranhado desconexo e excessivo de informações que o
caracterizam e o descaracterizam num ciclo ininterrupto. Esse é um
momento peculiar de liberdade estética, de transformação de códigos
e de alteração dos limites. E a autora, dessa forma, parte das questões
filosóficas de seu tempo para compor uma literatura que quebra paradigmas
e coloca nas mãos do leitor a responsabilidade imensa de recriar
o seu próprio romance, através da interpretação pessoal das referências
apresentadas e das pistas narrativas que permeiam sua construção.
Referências
CRUZ, Mafalda Ivo. O rapaz de Botticelli. Lisboa: Dom Quixote, 2002.
LUKÁCS, Georg. A teoria do romance: um ensaio histórico-filosófico sobre
as formas da grande épica. 34. ed. São Paulo: Duas Cidades, 2000.
SULLÀ, Enric. Teoría de la novela: antología de textos del siglo XX. Barcelona:
Crítica, 1996.
INSTITUTO PORTUGUÊS DO LIVRO e das Bibliotecas/Centro de Documentação
de Autores Portugueses. Disponível em: .
Acesso em 06 jul. 2006, 15:30.
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Una estética de lo criollo
Carmen Balzer
Lía Noemí Uriarte Rebaudi acaba de publicar interessante pesquisa sobre o
livro SANTOS VEGA de Rafael Obligado. A autora doutora em Letras, professora
emérita da Universidade de Buenos Aires e da Pontifícia Universidade Católica
Argentina, organizou sete congressos internacionais de Literatura Espanhola
Medieval. Participou de numerosos congressos internacionais na Argentina, Alemanha,
Espanha, Grécia, México, Portugal e Estados Unidos. Cultivou a música
e a pintura. Seu repertório poético foi traduzido ao inglês, ao francês e ao português.
Suas últimas investigações publicadas são: Inês de Castro, Mártir e Mito;
Presença de Deus na literatura espanhola medieval; Dulcinéia em Cervantes e
seu mundo; Lisboa e suas gentes no Persiles de Cervantes; Exemplaridade e
sabedoria em Santa Teresa de Jesus e outros.
Lia Noemi tem excelência como pesquisadora e professora de literatura medieval.
No estudo e exaltação do crioulo põe em relevo os valores pampeanos tais
como: a religião, a honra, a liberdade, a pátria. A estética de Obligado se apresenta
aqui vinculada com as categorias da luz e da palavra: trata-se de palavras
carregadas da luz do pampa, tudo em harmonia e realidade.
O pincel mágico da ensaísta nos pinta o pajador invencível com tal vitalidade,
que parece ressurgir do passado introduzindo-se em nosso tumultuado presente.
Com o propósito de deixar um legado às gerações futuras, a autora destaca
os valores literários, estéticos, patrióticos e morais presentes no livro SANTOS
VEGA de Rafael Obligado. Quatro são os conceitos-chaves que se entrelaçam na
estética do crioulo: luz, palavra, beleza e natureza.

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