quinta-feira, 24 de junho de 2010

Copa no Brasil vai injetar R$ 142 bi, mas há riscos de gargalo, diz pesquisa

23/06/2010 - 12h46
Da Redação, em São Paulo

A realização da próxima Copa do Mundo, em 2014, no Brasil, deve injetar R$ 142,39 bilhões na economia do pais e gerar 3,63 milhões de empregos por ano. Mas também há riscos, por falta de infraestrutura, o que pode causar perdas econômicas e humanas e imagem negativa do país.

Os dados e a avaliação fazem parte do estudo "Brasil Sustentável – Impactos socioeconômicos da Copa do Mundo 2014", desenvolvido pela Ernst & Young em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgado nesta quarta-feira.

Além do investimento direto de R$ 22,46 bilhões para garantir infraestrutura e organização, a realização da Copa deve acarretar em R$ 112,79 bilhões adicionais, considerando-se os impactos provocados em inúmeros setores interligados.

Os setores mais beneficiados, de acordo com o estudo, serão os de construção civil, alimentos e bebidas, serviços prestados às empresas, serviços de utilidade pública (eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana) e serviços de informação.

O estudo mostra também que o evento vai gerar um impulso significativo sobre milhares de micro, pequenas, médias e grandes empresas dos setores industrial, comercial e serviços.

São pelo menos 11 setores listados em que há um contingente expressivo de micro e pequenas empresas, assim como médias e grandes, que serão diretamente atingidas pela Copa –um impacto total estimado em quase R$ 3 bilhões.

A arrecadação de impostos para o governo também vai crescer, com um adicional de R$ 18,13 bilhões para reforçar cofres públicos. O impacto direto sobre o PIB no período 2010-2014 é de R$ 64,5 bilhões –valor que corresponde a 2,17% do valor estimado do PIB para 2010, de R$ 2,9 trilhões.
Mais turistas

O investimento para equacionar os principais gargalos estruturais, como a limitação dos aeroportos, deve favorecer também o fluxo turístico.

A perspectiva é de que o número de visitantes internacionais para o Brasil pode crescer 79% até a Copa, podendo ter impacto superior nos anos seguintes. O estudo aponta que, no período 2010-2014, o número de turistas internacionais deve crescer em 2,98 milhões de pessoas.

As 12 cidades-sede receberão investimentos de infraestrutura da ordem de R$ 14,54 bilhões, que vão muito além da construção e/ou modernização dos estádios, com significativo impacto sobre os PIBs municipais.

Só na reurbanização e embelezamento das cidades, os gastos estão estimados em R$ 2,84 bilhões. Há ainda investimentos representativos na base de tecnologia de informação em cada cidade, em mídia e publicidade, segurança pública, na expansão e adequação de complexos hoteleiros, soluções de transporte e instalação de fan parks, isto é, grandes parques transformados em espaços de lazer para quem não vai acompanhar os jogos no estádio.
Riscos

Segundo o estudo, as 12 cidades-sede têm necessidades que precisam ser atendidas com relação a energia, transporte, infraestrutura de eventos, sistema hoteleiro, segurança, planejamento urbano e serviços auxiliares. O atendimento depende de ações ou políticas públicas, que podem ser ineficientes, dispendiosas ou não atender as necessidades em questão.

A conseqüência disso pode ser a deterioração na qualidade do atendimento aos visitantes e à população, um efeito gargalo (restringindo o número de visitantes), perdas econômicas e humanas (causadas por acidentes, desordem, etc.) e a apresentação de uma imagem negativa do Brasil na cobertura internacional.

Outro risco contemplado pelo estudo é o da ineficiência econômica, já que haverá necessidade de investimento público que poderia ser destinado para outros fins –escolas, hospitais ou distribuição de renda.

Para garantir o bom andamento do planejamento e minimizar riscos de gestão, o estudo indica que o ponto de partida deve ser o estabelecimento de um plano diretor da Copa para cada cidade-sede.

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