quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

CARTA

Tive uma namorada que me deixou lembranças especiais. Não tanto pelos momentos quase-ricos que passamos juntos (digo quase, pois tivemos muitas chances de sermos pontualmente felizes, mas uma pequena diferença em nossas engrenagens não permitia o encaixe nos contextos, e aquele pouco que faltava entre nós era suficiente, o bastante para minguar todo o entorno e o contorno daquele belo corpo alongado que tinha (ou tem?) ela).

As lembranças especiais que me deixou foi no momento em que decidi internamente que ela não mais caberia nos meus planos. Nesse momento fiz um plano que acabei não executando: tinha me decidido a enviar-lhe uma carta apenas assinada, de resto nada mais escrito, pois tudo o que eu tinha pra dizer a ela era tanto, mais tanto...que, dialeticamente, era o mesmo que escrever nada (e ainda economizaria nas palavras que poderiam sair tortas, o que não seria da primeira vez). Mas o detalhe, é que eu colocaria esta carta num envelope com seu nome e endereço como remetente da carta, e inventaria um endereço num país muito distante, de modo que levaria um tempo para aquela carta chegar até o país de destino e voltar ao remetente (que já seria minha EX-namorada) cheia de caribos por onde passou. Não sei se seria uma carta histórica, mas com certeza seria uma carta marcada, viajada também.

Bem, a carta que mando anexada a este email não tem nada a ver com essa história. Esta escrevi pra mim mesmo, e deixei nas mãos de um conhecido que me prometeu colocá-la no correio depois de seis meses. Foi um belo presente de natal que recebi. E se me perguntarem por que razão escrevi, deixo aqui minha resposta, plagiada de um escritor brasileiro de quem não lembro agora o nome: "Escrevo pra me vingar". De que? Ora, a angústia dessa existência não pode apenas ser aliviada nos shoppings centers, bordéis e análogos!

Date: Thu, 7 Jan 2010 09:21:05 -0800
From: kikovianna@yahoo.com.br
Subject: Do Blog da Nathy para as andanças à beira mar... sARAÚÙ Ù Ù ....
To: natalia.noguchi@gmail.com
CC: rodrigopintopacheco@hotmail.com; piatask@gmail.com; ripacarvalho@hotmail.com; viventevivedor@hotmail.com; lsdcarvalho@yahoo.com.br; leandronio@hotmail.com; odilonscastro@yahoo.com.br; felipecdvaz@gmail.com; biledealmeida@yahoo.com; zagreu_loureiro@yahoo.com.br; valeryaborges@gmail.com; renatoindia@hotmail.com; mairaspilak@hotmail.com; costademello@hotmail.com; acmayres@hotmail.com; virgilliopimentel@yahoo.com.br; marinaquinan@hotmail.com; analauraprates@terra.com.br; raulpachecofilho@uol.com.br; mariceron@hotmail.com; sil_collakis@yahoo.com; fredescobar@hotmail.com; brunoramosg@uol.com.br; maira@projetoquixote.org.br; alinebinns@hotmail.com; alinereisvieira@yahoo.com.br; kikovianna@yahoo.com.br


É sempre bom para o trem natttty, ótima idéiaaaa, piuìììÍ, PiuiiiiìÍí, tic tac tic tac

tica taque tica taqui

tica.............

tica ....................

tica ........

ticaaaa........... ...........

tchiiiiiiii pum!!!!


Sobeeeee!!!!




Deixo aqui um lance escrito, sobre minhas andanças em janeiro de 2004 pelas beiradas do nordeste.... espero que gostem,


E....
abrazzos aos amigos e amigas,e feliz ano todooooo pra vcs,
assim como dizem os travestis do rio de janeiro hihihihi....



" Num tempo passado, quando quis errar como nômade pelo Nordeste do Brasil, em um dos momentos da viagem acabei fugindo para o Maranhão de moto-taxi ali pela beirada de Jericoaquara, rumo à mangue seco, pois já estava afogando-me com o sol daquela terra e com tudo aquilo que não sabia mais querer. Mas esse foi só um tempo amplo e quente que agora RETORNA à minha memória profundamente, pois depois de horas afundado em um onibus que cruzava o delta do Parnaíba, eu voltava novamente a misturar-me por demais com o mundo de lá do Maranhão, mundo místico e sujo, onde fui saudado em em meu aniversário numa roda de angola pelo mestre bimba,onde dancei o reggae que se dança juntinho na ilha do amor,onde me apaixonei durante uma longa noite por Amélie, uma francesa que vagava por aquela ilha, onde senti o cheiro agridoce e viciante das negras e dos negros do centro velho,onde conversei com os mochileiros mulambentos da Argentina e da Itália, onde fui ao imperdível terreiro e Casa Fanti Ashanti, num ritual comandado pelos Tambores de Mina,onde vi a deprimente casa dos Sarneys e de seus escravos políticos,onde fiquei num hotelzinho casarão caindo aos pedaços, bem em frente ao centro velho e onde por fim deixei desarrumada aquela cama na qual sonhei sonhos belos e estranhos e também a velha janelona de madeira deixei aberta assim que parti para a rodoviária, rumo ao coração do país, rumo à Goiás, para onde teria de voltar...
Mas tudo isso que vivi, absolutamente tudo, foi se dissolvendo maravilhosamente e assustadoramente enquanto me encaminhava sozinho de barco para Alcântara, pois foi ao pisar ali que senti encantos desconhecidos, vindos de um tempo paralisado em paisagem e rostos , ali onde sopravam os ventos mais ensandecidos... "

kiko

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