segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Um Estudo sobre a "Lógica do Sentido"

Minha Humilide Compreensão e Anotações do Livro:
Lógica do Sentido
Gilles Deleuze



Neste livro, Deleuze procura estabelecer uma teoria do sentido a partir da obra de Lewis Carroll utilizando como termo de elucidação, o pensamento ESTÓICO. Pra quem não conhece, Lewis Carrol é o autor do livro ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS e ALICE NO PAÍS DOS ESPELHOS.
Segundo Delleuze, os estóicos, que romperam com os pré-socraticos, os socraticos e os platônicos, deram importante contribuição a um dos temas mais dificeis da filosofia, qual seja, a determinação da natureza e da constituição do sentido. Deleuze usa do caminho do não sentido, a uma lógica do sentido.

Prólogo: De Lewis Carroll aos Estóicos


Segundo o livro, o sentido é uma entidade não existente, que tem mesmo com o não-senso, relações muito particulares. Partindo disso, Lewis Carroll nos propos um jogo do sentido e não-senso, um caos-cosmos, fazendo a primeira grande ensenação dos paradoxos do sentidos, ora recolhendo-os, ora renovando-os, ora inventado-os, ora preparando-os. Pelo que entendi, Lewis Carroll é um estóico, e o lugar privilegiado dos estóicos provém de que foram iniciadores de uma nova imagem de filósofo, em ruptura com os pré-socráticos, com o socratismo e o platonismo; e esta nova imagem já está estreitamente ligada 'a constituição paradoxal da teoria do sentido.

Primeira Série de Paradoxos: Do Puro Devir


“Alice assim como Do outro lado do espelho tratam de uma categoria de coisas muito especiais: de acontecimentos puros”. Procurei o significado do nome Alice em sites de busca e dicionários e me apareceu seu significado em grego, que quer diz A VERDADEIRA. Deleuze diz que quando Alice cresce, quer dizer que ela se torna maior do que era, mas por isso mesmo ela se torna menor do que é agora, mas que não é ao mesmo tempo que ela é maior e menor, mas é ao mesmo tempo que ela se torna um e outro. Sendo assim, ao mesmo tempo que nos tornamos maiores do que éramos é que nos fazemos menores do que nos tornamos. E pertence 'a essência do DEVIR avançar, puxar no dois sentidos ao mesmo tempo: Alice não cresce sem ficar menor e inversamente. O bom senso é a afirmação de que, em todas as coisas, há um sentido determinavel, mas o paradoxo é a afirmação dos dois sentidos ao mesmo tempo.
Platão convidava-nos a distinguir duas dimensões: A Primeira a das coisas limitadas e medidas e a Segunda um puro devir sem medida, verdadero devir-louco que não se detem nunca, nos dois sentidos ao mesmo tempo, fazendo coincidir o futuro e o passado. O mais jovem torna-se mais velho do que o mais velho e o mais velho, mais jovem do que o mais jovem.
Reconhecemos esta dualidade platonica. É uma dualidade profunda, mais secreta, oculta nos próprios corpos sensiveis e materiais, uma dualidade subterrânea entre o que recebe a ação da idéia e o que se subtrai a esta ação.
O paradoxo deste puro devir, com a sua capacidade de futar-se ao presente, é a identidade infinita dos dois sentidos ao mesmo tempo, do futuro e do passado, da véspera e do amanhã, do mais e do menos, do demasiado e do insuficiente, do ativo e do passivo, da causa e do efeito. Daí as inversões que constituem as aventuras de Alice. Todas estas inversões , tais como aparecem na identidade infinita tem uma mesma consequencia: a constetação da identidade pessoal de Alice, a perda do nome próprio. E é a perda do nome próprio que guina a aventura que se repete através de todas as aventuras de Alice. Pois o nome próprio ou singular é garantido pela permanência de um saber. Este saber é encarnado em nomes gerais que designam paradas e repousos, substantivos e adjetivos, com os quais o próprio conserva uma relação constante. Assim, o eu pessoal tem necessidade de Deus e do mundo em geral. Mas quando os substantivos e adjetivos começam a fundir, quando os nomes de parada e repouso são arratados pelos verbos de puro devir e deslizam na linguagem dos acontecimentos, toda identidade se perde para o eu, o mundo e Deus. É a aprovação do saber e da declaração, em que as palavras vêm enviesadas, empurradas de viés pelos verbos, o que destitui Alice de sua identidade. Como se os acontecimentos desfrutassem de uma irrealidade que se comunica ao saber e 'as pessoas através da linguagem. Pois a incerteza pessoal não é uma duvida exterior ao que se passa, mas uma estrutura objetiva do próprio acontecimento, na medida em que vai nos dois sentidos ao mesmo tempo e que esquarteja o sujeito segundo esta dupla direção. O paradoxo é, em primeiro lugar, o que destói o senso comum como designação de identidades fixas.

Segunda Série de Paradoxos: Dos Efeitos de Superfície


Os ESTÓICOS distinguiam DUAS espécies de coisas, sendo A PRIMEIRA COISA os CORPOS, com suas tensões, suas qualidades físocas, suas relações, suas ações e paixões e os estados de coisas correspondentes. Sendo que o único tempo dos corpos e estados de coisas é o PRESENTE, pois o presente é vivo e é este presente vivo que é a extensão temporal que acompanha o ato, que exprime e mede a AÇÃO do agente, a PAIXÃO do paciente, PORTANTO, só os corpos existem no espaço e só o presente no tempo e não a causas e efeitos entre os corpos, pois todos os corpos são causas, causas uns com relação aos outros, uns para os outros. A unidade da CAUSAS entre si se chama Destino, na extensão do presente cósmico.
Todos os corpos são causas uns para os outros, uns com relação aos outros. Causas de certas coisas de uma natureza completamente diferente que não são corpos mais sim incorporẽs, atributos lógicos ou dialéticos, resultados de ações e paixões. São presentes infinitivos que se divide entre passado e futuro, sempre se esquivando do presente. De tal forma que o tempo de ve ser apreendido duas vezes, de duas maneiras exclusivas uma da outra. Só o presente existe no tempo e reune e absorve o passado e o futuro, mas só o passado e o futuro insistem no tempo e dividem ao infinito cada presente. ACONTECEM DUAS LEITURAS SIMULTÂNEAS DO TEMPO.
Os ESTÓICOS estão em vias de traçar, de fazer passar uma fronteira onde nenhuma havia sido jamais vista. O que estão operando é, em primeiro lugar, uma cisão totalmente nava da relação causal. Eles desmembram esta relação, sujeitos a refazer uma unidade de cada lado. Remetem as causas 'as causas as causas e afirmam uma ligação das causas entre si ( DESTINO ).
Esta DUALIDADE nova entre os corpos ou estados de coisas e os efeitos ou acontecimentos incorporais conduz a uma subversão da filosofia.
Eis que agora tudo sobe 'a superficie. É o resultado da operação estóica: o ilimitado torna a subir. Se trata de efeitos que se manifestam e desempenham seu papel. O que se furtava 'a idéia subiu 'a superficie, limite incorporal, e representa agora toda a idealidade possivel, destituída esta de sua eficacia causal e espiritual. Os estóicos descobriram os efeitos de superficie. Os simulacos deixam de ser estes rebeldes subterrâneos, fazem valer seus efeitos, o que poderiamos chamar de FANTASMAS independentemente da terminologia estóica. O mais encoberto tornou-se o mais manifesto, todos os velhos paradoxos do devir reaparecerão numa nova juventude – TRANSMUTAÇÃO. Os estóicos são amantes de paradoxos e inventores.
O começo de Alice procura o segredo dos acontecimentos e do devir ilimitado que eles implicam, na profundidade da terra, poços e tocas que se cavam, que se afundam, misturas de corpos que se penetram e coexistem. Os movimentos de mergulho e de soterramento dão lugar a movimentos laterias de deslizamento, da esquerda para a direita e da direita para a esquerda. De tando deslizar passar-se-á para o outro lado, uma vez que o outro lado, uma vez que o outro lado não é senão o sentido inverso. Não há, pois, aventuras de Alice, mas uma aventura: sua aascensão 'a superficie, sua desmitificação da falsa profundidade, sua descoberta de que tudo se passa na fronteira. Alice não pode mais se aprofundar, ela libera o seu lado duplo incorporal. É seguindo a fronteira, margeando a superficie, que passamos dos corpos ao incorporal. É diante das arvores que Alice perde seu nome, é para uma arvore que o amolador de facas fala sem olhar Alice. E as falas anuciam batalhas. A história nos ensina que os bons caminhos não têm fundação, e a geografia, que a terra só é fertil sob uma tênue camada. DESCOBERTA DO SÁBIO ESTÓICO.
“A CONTINUIDADE DO AVESSO E DO DIREITO SUBSTITUI TODOS OS NIVEIS DE PROFUNDIDADE”.
“SUPERFICIE PLANA É O CARÁTER DE UM DISCURSO...”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário