Em suas Lições de Estética, ao contrário de Kant e de outros filósofos, Hegel afirma que não existe algo como
o “belo natural”. Isso não quer dizer que a filosofia hegeliana negue o sentimento de beleza que temos frente
a objetos que nos toquem imediatamente. Pelo contrário, o desafio que aqui se coloca é observar mais de
perto o que se passa nesses casos. O belo, para Hegel, é uma idéia do espírito artístico, ou seja, uma unidade
imediata do conceito e de sua efetividade tal como ela se apresenta em seu aparecer para as nossas
sensações. Isso implica afirmar dois aspectos: primeiro, que o sentimento da beleza não provém de algo fora
de nós, mas é uma elaboração que o espírito humano forma acerca de determinados objetos; segundo, que o
reconhecimento da beleza de certos objetos está associado a uma formação do espírito capaz de constituir e
perceber o “belo artístico”. Nesse sentido, a idealidade da arte consiste em um processo de conscientização e
espiritualização, cujo caráter não é arbitrário ou natural, e possui finalidade e necessidade internas. A
apresentação mais exata dessa tese característica da Estética hegeliana implica uma explicitação de seus
pressupostos sistemáticos na Enciclopédia das Ciências Filosóficas e na Fenomenologia do Espírito, bem como
sua inserção no debate entre classicismo e romantismo do início do século XIX sobre o estatuto da obra de
arte, o qual não deixa de manter sua atualidade.
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