Podemos compreender como Cartomancia a arte de prever o futuro através de cartas, sejam elas do baralho tradicional, tarô ou baralho cigano.
Indícios da existência de jogos de carta são encontrados em várias partes do mundo: no Egito, no extremo Oriente, na Índia, no continente Americano, e até mesmo na Oceania.
A referência documental mais antiga já menciona uma data posterior a passagem do primeiro milênio: um dicionário chinês, publicado no ano de 1678 cita, numa de suas passagens, que em 1120 um oficial do imperador Huei-Song ofereceu-lhe um jogo de sua própria invenção, constituído por 32 tabletes de marfim relacionados com vários temas, como o céu, a terra, o homem e a sorte.
Posteriormente as cartas apareceram na Índia onde os naipes representavam as encarnações de VISHNU (um dos principais deuses do hinduísmo). Quando os ciganos, daquele país, migraram em direção ao Ocidente levaram as cartas e a cartomancia a toda a Ásia menor e ao Norte da África.
No século XVI, as cartas já eram conhecidas em toda as nações européias, se tornando uma verdadeira paixão, à qual recorriam os Reis e os Príncipes para saber o destino de seu reino.
A cartomancia têm sido há muito considerada um domínio especial dos ciganos, um povo nômade cujo folclore está repleto de lendas sobre poderes secretos e ritos mágicos. E assim como as artes milenares que eles praticam, a origem e o modo de ser ciganos permanecem encobertos pelo mistério, emaranhados em lendas e tradições.
Crê-se que os ciganos tenham vivido originalmente na Índia. Mas em algum momento do século IX, eles começaram um lento deslocamento para o oeste. No início do século XV, grandes grupos de pessoas de pele morena, vestidas exoticamente, alegando serem peregrinos religiosos vindos de um país chamado Pequeno Egito, começaram a aparecer na Europa. Esses "egípcios", ou gypsies, como eles se tornaram conhecidos em língua inglesa, foram de início bem recebidos pelos simpáticos habitantes. Mas algumas tribos errantes logo ganharam má reputação, como pequenos ladrões e trapaceiros sem convicção religiosa.
Considerados autoridades em assuntos ocultistas, aos ciganos foram creditados com freqüência talentos sobrenaturais para além mesmo de suas próprias crenças, e muitos negociaram com avidez seus supostos poderes com habitantes locais. Normalmente, apenas algumas moedas podiam comprar o que fosse: de ervas medicinais para dores a poções do amor e afrodisíacos. Mas foi pela prática das artes da profecia - leitura das cartas do tarô ou da borra do chá, da bola de cristal ou das linhas da mão - que os ciganos se tornaram mais conhecidos.
Atualmente, a arte da Cartomancia já se expandiu, não sendo mais atribuída apenas aos ciganos, embora a sua veracidade e funcionalidade sejam ainda profundamente contestadas por grande parte da sociedade.
O Baralho
O baralho comum contém 52 cartas, divididas em quatro naipes (paus, copas, espadas e ouros) com 13 cartas cada. Estas 13 cartas são compostas de números de um (ás) a dez, e mais três figuras (valete, dama e rei), o que resulta também em 40 cartas referentes à números e 12 cartas referentes à figuras. Estes números permitem uma grande variedade de associações simbólicas de diferentes tipos.
As 52 cartas do baralho podem ser relacionadas com as 52 semanas do ano, sendo que os naipes podem, por sua vez, serem associados às 4 estações do ano: ouros como primavera, paus como verão, copas como outono e espadas como inverno.
Alguns estudiosos do tema consideram que os quatro naipes também podem ser associados aos períodos de um dia ou de uma vida, sendo atribuída a cada um deles a regência de ¼ dessas extensões do tempo. O ás de cada naipe rege a primeira semana da estação do ano a ela relacionada. O rei tem a segunda semana sob sua influência, seguida pela dama, que rege a terceira. As regências se sucedem na ordem decrescente, até o dois, que domina a última semana da estação. Os quatro naipes podem ser associados também com os quatro elementos, (fogo, água, ar e terra) aspecto crucial na cartomancia.
As cartas vermelhas são geralmente associadas às características femininas, passivas, yin; as pretas relacionam-se, em geral, às características, masculinas, ativas, yang.
O Tarô
O tarô possui 78 cartas, composto por vinte e um trunfos, um curinga e quatro conjuntos de naipes com quatorze cartas cada — dez cartas numeradas e quatro figuras (uma a mais por naipe que o baralho lusófono).
Quando usado para fins divinatórios, cada carta é denominada de arcano, palavra que significa "segredos a serem desvendados" e foi incorporada pelos ocultistas do século XIX. Os trunfos e os curingas são conhecidos como arcanos maiores e as cinquenta e seis cartas de naipe são arcanos menores.
Os significados divinatórios são derivados principal-mente da Cabala e da alquimia medieval, mas atualmente há muitas outras vertentes provenientes da Astrologia, Numerologia e outros ramos.
O Baralho Cigano
Este baralho foi elaborado pelos ciganos com base no oráculo mais conhecido e difundido no mundo: o Tarô. Supõe-se que os ciganos até chegaram a usar as 78 lâminas do Tarô, porém, sentiram a necessidade de terem um oráculo próprio e resolveram adaptar as 78 lâminas em 36, surgindo assim, o Baralho Cigano.
Provavelmente a necessidade de se ter um oráculo próprio veio da natureza dos ciganos, que só usavam o que era deles e recusavam tudo o que fosse dos "Gadjos" (não-ciganos), pois não queriam ficar presos às idéias e símbolos que não pertenciam à sua cultura e cotidiano. Sendo assim, eles transformaram os desenhos, mudaram os significados do tarô original e puderam trabalhar com um instrumento próprio.
Encontramos, basicamente, no Baralho Cigano símbolos que falam da "vida ao ar livre", própria do mesmos: a natureza, rios, árvores, animais, etc.
Faz parte da tradição cigana a prática da adivinhação pelas mulheres. Normalmente elas possuem dois tipos de cartas: uma para o uso restrito ao grupo cigano, e outro para fazer adivinhação à comunidade.
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