sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

ENCANTOS URBANOS A MARGEM DA MEMORIA

Cidade de São Paulo, 2008. VAI – Programa para Valorização de Iniciativas Culturais

NOME DO PROJETO:
ENCANTOS URBANOS

LOCAL DE REALIZAÇÃO:
Centro Cultural da Juventude, Biblioteca Alceu Amoroso Lima e Céu Butantã.

DATA DE REALIZAÇÃO:
Entre Abril e Novembro de 2008
(Uma apresentação por mês)

DURAÇÃO:
8 meses

FICHA TÉCNICA:
Aline Reis Cardoso Vieira
Alessandra Vilhena
Bruno Metriner
Diogo Noventa
Inayara Samuel
Leonardo Suave
Luiz Fidalgo
Talita Del Collado
Teo Garfunkel
Yuri Garfunkel

CUSTO TOTAL DO PROJETO: R$ 18.550



APRESENTAÇÃO

O Projeto “Encantos Urbanos: A Margem da Memória” é uma proposta de artis-tas-pesquisadores de diversas linguagens (música étnica, dança, teatro, poesia e artes plásticas) que buscam um meio de resgatar questões relacionadas à nossa memória, pre-tendendo ser agentes para a valorização, reconhecimento e registro de manifestações artísticas alternativas em plena atividade na cidade de São Paulo, ao mesmo tempo, pre-tende colocar em dialogo as diferenças existente, tanto no que diz respeito a música quanto no que se refere a classe social.
Enquanto grupo, a intenção é unir linguagens artísticas diferenciadas, o movi-mento ritmado e performático do corpo com a música, passeando por elementos da im-provisação e a literatura, tendo a palavra simultaneamente cantada e recitada, o que tor-na singular o momento vivido na apresentação, trazendo à tona uma dinâmica de teatro. Trata-se então de um grupo que além de preocupar-se com questões relacionadas ao registro da memórias de grupos alternativos contemporâneos, canta, dança, encena, to-ca, recita e musicaliza por imagens e cores.

ENCANTA REALEJO

O “Encanta Realejo” surgiu no inicio de 2007, tendo realizado apresentações nas ruas de Paraty durante a FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty) e em espaços públicos como o Circo do Beco e Praça Roosevell, sendo a junção de dois grupos que a muito tempo já realizavam esporádicas parcerias, o grupo Encantadeiras ( Aline Reis, Inayara Samuel, Talita Del Collado, Alessandra Vilhena e Leonardo Suave) e o grupo Aline Reis e o Realejo (Aline Reis, Teo Garfunkel, Yuri Garfunkel, Luis Fidalgo e Bru-no Metriner).
A concepção do grupo “Encantadeiras” surge em 2004 através do canto de cinco mulheres, sobre efeitos percussivos simples, tendo como mote principal as composições em violão, voz e acordeom de Aline Reis, além de dança e literatura (poesia e contação de estórias) cerne do trabalho de Inayara Samuel. Em 2005 o grupo passou a ser com-posto somente por Aline Reis e Inayara Samuel, tornando-se a partir de então, um proje-to artístico englobando pesquisa musical, dança contemporânea e poesia falada. Atual-mente, Encantadeiras tomou um novo corpo, produz sons e ritmos variados, isso devido ao surgimento dos novos integrantes: Talita Del Collado (percussão e voz), Alessandra Vilhena (percussão, voz e flauta transversal), Leonardo Suave ( que além de percussio-nista e sociólogo, acrescenta ao grupo seu trabalho de pesquisa étnico-musical através do toque de instrumentos confeccionados por ele mesmo).
O grupo “Aline Reis e o Realejo” iniciou-se em dezembro de 2005, tendo como ponto de partida os poemas escritos e musicados por Aline Reis (voz, acordeom e vio-lão), arranjados em seguida coletivamente pela banda em “jam sessions”. Os instrumen-tistas Lula Fidalgo (guitarra, viola e violão de 7 cordas), Bruno Mestriner (contra-baixo), Teo Garfunkel (bateria) e Yuri Garfunkel (flauta transversal) tocam juntos ou separadamente em bandas de diferentes estilos musicais, e são o ecletismo e o entrosa-mento adquiridos com esse processos que direcionam a parte instrumental da banda. O Realejo baseia-se em ritmos regionais brasileiros, misturando as influencias de jazz e psicodélia para alcançar um resultado musical que ilustre adequadamente os poemas de Aline.

“DÉMODÊ?” – Pesquisa Pessoal

Deparando-nos com a realidade de sermos um trabalho artístico que se enquadra nos meios alternativos independentes, surgiu a necessidade de fomentar e contribuir para um dialogo maior com a arte contemporânea: “Démodé?”.
O documentário “Démodé?” surgiu após um ensaio que publicamos na Revista “Não Funciona nº 15” do Coletivo Poesia Maloqueirista. A publicação causou discussão suficiente para pensarmos em produzir um documentário, que foi registrado no Sarau do Binho em novembro de 2007 tendo a primeira exibição no Instituto Authos Pagano em dezembro de 2007. No entanto, o documentário é fruto de discussões relacionadas à memória de manifestações alternativas que se encontram a margem da industria cultu-ral.


OBJETIVO

Proporcionar aos grupos convidados participantes do nosso projeto a possibili-dade do registro em vídeos de seu próprio trabalho, assim como para nós. Que auxiliará na busca pela identidade de cada um, e, com isso, também no desenvolvimento e ressig-nificação das relações sociais. Estimulando o resgate, desenvolvimento, e recriando os valores: éticos, sociais, intelectuais e de autonomia.
Serão feitas oito apresentações, sendo quatro no Centro Cultural de Juventude, no qual faremos uma pesquisa de campo nos redores da comunidade Vila Nova Cacho-eirinha para convidar os grupos a participarem do projeto e quatro apresentações na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, no qual convidaremos os grupos do circuito Vila Ma-dalena. Vamos intercalar essas apresentações, fazendo com que o grupo que é do circui-to Vila Madalena se apresente no Centro Cultural de Juventude, e o grupo da comuni-dade Vila nova Cachoeirinha apresente-se na Biblioteca Alceu Amoroso, dessa maneira proporcionamos a comunicação dessas realidades classes sociais e musical. O céu Bu-tantã será o espaço onde ensaiaremos e em contrapartida faremos uma apresentação por mês.
• Registrar os processos significativos das vivências no Diário de Bordo (blog) e em registros fotográficos e áudio visual.

CONTRAPARTIDA

Uma das grandes barreiras encontradas na arte hoje em dia é a dificuldade de le-var seu trabalho ao publico, havendo pouca estrutura de registro e distribuição que per-mita ao artista que seu trabalho seja visto. A isso soma-se também o pouco espaço des-tinado a estas novas manifestações culturais alternativas na grande mídia e a pouca von-tade das gravadoras em investir em novos talentos. É pouco o espaço destinado à estas novas manifestações, hoje cada vez mais focadas na arte como mercadoria, de forma com que grande parte destas manifestações ditas como “marginais” ou “periféricas” são praticamente anônimas diante do público.
Com a proposta de disseminar significativamente a arte independente no cotidi-ano das pessoas, a partir do acesso ao registro dessas apresentações que as agrade visu-almente e no conteúdo, como contrapartida temos a intenção de distribuir gratuitamente estes mil documentários, sendo, 10 para cada uma das instituições que cederam o espa-ço para a realização de nossas apresentações, 50 para cada grupo convidado participante do projeto (serão 12 grupos convidados) e 70 serão distribuídos acervos de áudio visual e para cineclubes, sendo 30 para cineclubes contemplados pelo Programa VAI. O res-tante dos documentários (50%) distribuiremos como forma de divulgar o nosso trabalho e dos grupos participantes em nossas apresentações. Com isso destemamos 50% da pro-dução do documentário para distribuição gratuita para arquivo e consulta ao público como contrapartida social.
A contrapartida também virá na questão relativa ao encontro com a diferença e-xistente tanto no que diz respeito a diferença artístico-musical quanto no que se refere à diferença de classe sócio-econômica de cada banda que participará do nosso projeto. Nossa proposta principal é diminuir a distância social percebida por nós, entre o circuito cultural que pertence à cultura de massa e o circuito cultural independente da chamada grande indústria cultural, esta que muitas vezes se demonstra visível aos olhos dos públicos cativos de um movimento artístico-cultural, mas que entretanto acaba por produzir uma fraca interação entre aqueles grupos artísticos que são desconhecidos e aqueles que já tem um reconhecimento comprovado pelo público que o acompanha, o que denota que esses movimentos são distintos e que no entanto não se relacionam no cenário artístico-cultural da cidade, principalmente porque foram criados certos tipos de guetos culturais, que se isolam um do outro por um simples motivo limitador onde o que vale é a exclusão recíproca e onde ganha força a desvalorização da diversidade cul-tural brasileira tão perceptível quando observamos que o encontro dos diferentes pro-move uma realidade bem mais igualitária e pronta para dissolver certos conflitos arrai-gados na questão sócio-econômica entre outras.
A assim como o registro desses trabalhos valorizando a memória, a distância social também é tida como nosso ponto de partida. Essa distância social, segundo nossa experiência enquanto um grupo de música independente que deseja entrar para a indús-tria cultural de massa, a priori se dá de duas maneiras: a distância geográfica que a cida-de de São Paulo possui entre um bairro periférico de baixa renda familiar e um bairro central estabelecido economicamente, e a posteriori, uma decorrente distância que se dá a partir de uma construção interpretativa que se articula sobre o que está acontecendo dentro de cada circuito cultural. Na verdade, o que se tem de comum entre essas duas realidades, é muito mais uma questão do circuito cultural onde acontecem as apresenta-ções, no sentido do seu local de realização e de como ocorre sua divulgação, do que propriamente uma distância socioeconômica ou ainda de estilo musical associado a sua maneira de se inserir no gosto do publico.
Com o crescimento da internet como meio de comunicação de massa e com o desenvolvimento de algumas tecnologias eletrônicas encontradas na rede mundial de computadores, tanto nós artistas e quanto a sociedade como um todo, adquirimos final-mente, o direito de conquistar de uma vez por todas certa autonomia na produção e na distribuição democrática daquilo que é produzido por um grupo artístico-cultural;
Além de sermos um grupo musical que realizará alguns projetos sócio-culturais com essa idéia original, nós enfatizamos que em breve haverá a urgência da criação de um novo circuito cultural, não só porque isso se faz necessário na cidade São Paulo, como no Brasil inteiro, mas acima de tudo porque a criação desse novo circuito cultural fomentará políticas públicas que projetam na iniciativa cultural, um meio legítimo de reconstruirmos a invenção de um mundo solidário e com certeza mais humanista.
Isso tudo porque, quando nós do Encanta Realejo, enquanto grupo de música independente, vemos os mais variados grupos de música de massa, os grupos indepen-dentes e os grupos étnicos brasileiros, ambos se apresentarem nos eventos oficiais da cidade, nós enfim chegamos à conclusão de que há uma grande importância em colo-carmos todas essas manifestações em um evento contínuo que ocorra nos circuitos cul-turais da cidade que comportam tais performances que está presente na continuidade dos eventos que, assim que vão sendo executados no decorrer de cada ano, representam por si sós a criação de um circuito cultural que valoriza o encontro do que seria impossível do ponto de vista mercadológico, e que no mais termina por romper com esse padrão cultural de massa, a partir do verdadeiro encontro das diferenças, essas que estariam pré-estabelecidas socialmente, e que muito embora se dissolvem tanto no momento em que conseguimos abarcar as mais diferentes manifestações artísticas no mesmo evento, assim como apresenta suas composições autorais baseadas na cultura popular brasileira , também se projeta no cenário da cultura mundial pertencente à World Music, nós do Encanta realejo, nos entregamos ao projeto do reencantamento do mundo, no qual acre-ditamos que se não é possível construir um mundo melhor somente com políticas públi-cas quase sempre executadas de cima para baixo visando o sucesso de alguns, a única maneira de fazer possível a valorização da diversidade cultural brasileira é fomentar a criação contínua em todos os guetos e em todos os circuitos culturais estabelecidos nas grandes e médias cidades brasileiras
A maioria dos públicos formados acerca de uma banda musical, de um grupo étnico ou mesmo de um circuito cultural, são construídos por uma rede sócio-cultural que vai desde a produção artística até a inserção desses grupos na indústria cultural que esta que se dá na ocupação de um ethos artístico-cultural fundamentado na classificação desse grupo a partir da estilização da linguagem que o grupo mais desenvolve, serão classificados por nosso projeto de acordo com os eventos que cada um desses grupos buscam identificar nesses movimentos artísticos enquanto circuitos culturais que se rea-lizam como uma manifestação social onde interagem diversos tipos de tribos que são diretamente enquadradas ao gosto musical de cada uma dessas tribos, que por sua vez constrói, cada qual à seu modo, a sua própria referência a partir dos meios de comunica-ção de massa (rádio, TV, internet) e isso envolve todo um processo de produção artística e cultural que vai desde a organização da banda no que se trata dos instrumentos, dos ensaios, dos arranjos e composições até a parte burocrática e metódica que se compro-mete com a marcação de horários, o estabelecimento de critérios relativos a distribuição de tarefas internas a cada grupo, o modo de interagir com os circuitos culturais. Por isso vemos a necessidade de se construir um cenário musical mais eclético que proporcione o encontro de diferentes bandas e diferentes públicos que de uma forma ou de outra já se comunicam através da música de massa, mas que isso ainda não reflete na construção de um dialogo continuo entre grupos musicais distintos musical e economicamente, e seus públicos, que na verdade também acabam por consumir o estilo musical de vários tipos de música, mas, no entanto não se encontram em eventos multiculturais.




JUSTIFICATIVA

A sobrevivência de projetos autorais alternativos deve ser vista como uma forma de oxigenar as idéias do meio cultural, por dar oportunidade a conceitos e idéias que mui-tas vezes não teriam espaço nos meios tradicionais ou no mercado. Manter em atividade tais iniciativas requer enorme dedicação e empenho pessoal, por serem projetos cuja pesquisa e realização muitas vezes não são amparadas pelas instituições tradicionais e também por não entrarem nu perfil do mercado, acabam por se fragmentando. O não registro já fez com que muitos trabalhos artísticos caíssem no esquecimento.
Preocupando-se com a preponderância da mídia, especialmente da imprensa diá-ria, em nossa contemporaneidade do que é ou não relevante para o nosso entendimento do mundo, na construção de sentidos e ordenamento da realidade social e na constitui-ção de memória hegemônica, propomos o registro de nossas memórias que rotularam como “marginalizadas”, na perspectiva de resgatar no que acreditamos que seja um pa-trimônio cultural.
É preciso refletir sobre nossos procedimentos e os modos como lidamos com a imprensa em nossa pratica de pesquisa para não toma-la como um espelho ou expressão de realidade passadas e presentes, mas como uma pratica social constituinte da realidade social, que modela formas de pensar e agir, define papéis sociais, generaliza posições e interpretações que se pretendem compartilhadas e universais.
Por ser produzidos com recursos próprios, os documentários produzidos nunca são bem editados e , devido à qualidade do material empregado, seu custo acaba sendo alto, inviabilizando ao grupo fazer um grande investimento para produzir um me-lhor documentário. Com o fundamental apoio da prefeitura da cidade de São Paulo, a-través do Projeto VAI, pretendemos potencializar o registro de nosso trabalho junto a outras manifestações artísticas alternativas que acontecem na cidade de São Paulo.
Além de servir como registro desses artistas e conscientizar para nossa memória cultu-ral, sendo matriz principal de outros projetos visando a intervenção no espaço da cidade, seja em espaços culturais ou em ruas, praças e avenidas. Estas propostas criam visibili-dade para novas manifestações artísticas em atividade e proporcionar ao público o con-tato com essa produção emergente.
Uma das grandes barreiras encontradas na arte é a de levar o trabalho ao público, havendo pouca estrutura de distribuição. Junta-se a isso o pouco espaço destinado à es-tas manifestações artísticas alternativas na grande mídia, a falta de vontade das gravado-ras em investir em novos talentos, cada vez mais focadas em produtos que denigrem nossa cultura, de forma que grande parte dessas manifestações tornam-se marginaliza-das pela grande massa. Podendo ser citada a pouca quantidade de políticas eficientes de difusão a estas manifestações, havendo pouco incentivo a projeto similares tanto na ini-ciativa privada quanto na administração pública.


DIÁRIO DE BORDO VIRTUAL - BLOG

Para auxiliar no desenvolvimento de todo o trabalho, o Blog (diário de bordo que chamaremos de caderno para registros e sistematização virtual), como mais uma ferramenta facilitadora e auxiliar, será mais um espaço de desenvolvimento artístico e criativo. Onde cada um poderá individualmente tecer o seu percurso, expressar impres-sões e sensações, relatar e registrar fatos e acolher o material pesquisado. Um espaço de expressão plástica e manuscrita que poderá abrigar as experiências mais significativas para cada um, e que pode auxiliar posteriormente no processo de reconhecimento da identidade através do resgate de memórias e de experiências anteriores.

PLANO DE TRABALHO

Abril

Reconhecimento de campo
Agendamento das apresentações.
Produção de material gráfico para divulgação.
Divulgação
Ensaio


Maio

Apresentações
Filmagens
Edição

Junho
Agendamento das apresentações.
Produção de material gráfico para divulgação.
Divulgação.
Ensaio.
Apresentações.

Julho
Agendamento das apresentações.
Produção de material gráfico para divulgação.
Divulgação.
Ensaio.
Apresentações.

Agosto
Agendamento das apresentações.
Produção de material gráfico para divulgação.
Divulgação.
Ensaio.
Apresentações.

Setembro
Agendamento das apresentações.
Produção de material gráfico para divulgação.
Divulgação.
Ensaio.
Apresentações.

Outubro
Agendamento das apresentações.
Produção de material gráfico para divulgação.
Divulgação.
Ensaio.
Apresentações.
Inicio do planejamento para o documentário e videoclipe.

Novembro
Agendamento das apresentações.
Produção de material gráfico para divulgação.
Divulgação.
Ensaio.
Apresentações.
Finalização do documentário e videoclipe.
Distribuição do documentário e videoclipe.

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