quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

UM TALVEZ PREFÁCIO

Por Alice no país das armadilhas

É uma honra, um prazer e um privilégio, tecer aqui algumas breves considerações sobre este livro tão interessante, tão necessário para esta caótica fase da humanidade e tão perturbador também… É urgente ler, reflectir e partilhar o que de bom este livro encena.

Sobre a autora, Aline Reis é compositora intuitiva e visceral. Dotada de um estilo muito próprio de cantar e tocar violão, sua voz doce e sutil cativa à primeira escuta. O contraste entre a pujança de suas letras e a doçura da voz capta e intriga o ouvinte, que aguarda ansioso pelo melodioso refrão.
Os arranjos de Aline Reis, releituras livres de ritmos tradicionais brasileiros, sonoridades modernas e poemas cantados, marcam a obra criativa da compositora. Jongos, sambas, funk e pop são ingredientes de sua receita bem temperada, que faz a crítica às contradições de nosso tempo com simplicidade poética. Como não poderia deixar de ser, Aline Reis canta o amor, e rima, primorosamente, com a dor de amores inconclusos e confusos pelos quais viveu.
Filha mais velha de um casal de mineiros migrantes, Aline Reis cresceu em bairro periférico de São Paulo, onde entrou em contato com a produção cultural situada às margens da indústria cultural. Sagaz, cursou 2 anos da Escola de Sociologia e Política, o qual interrompeu quando deu-se conta de sua pulsão inexorável para a criação artística.



É um livro assumidamente ecléctico que parte das vivencias de de Aline Reis. Existe aqui reflexão filosófica, política, ética, religiosa, esotérica, social, estética… ideias originais, outras recriadas e rebuscadas, que surgem tansversal-mente à poesia, a música, ao teatro até à ilustração de Iury Garfunkel, Inayara Samuel, Carolzinha, Emilia Santos, Bruno Bandini e dos outros artistas plásticos que colaboram neste maravilhoso livro. É um livro-grito!, é também e sobretudo, um livro-esperança!. A Aline é uma espécie de Sócrates moderna que «espicaça as consciências adormecidas no sono fácil das ideias-feitas»; ela não se limita apenas - como alguns - a por o dedo nas feridas e nas chagas sociais, tenta também cicatrizá-las o melhor possível, utilizando os mais preciosos - mas aparentemente esquecidos - remédios que os bons deuses inventaram para “cuidar” do Homem: o Amor, a Paz e a Justiça, "O Amor Suporta a Dor" diz Aline Reis numa de suas músicas... Há que fazer urgentemente alguma coisa pois – por vezes e estupidamente – parece que o stock destes remédios essenciais à vida está no fim…

Vejo a já considerável actividade literária da escritora e amiga Aline como uma luta permanente (eficaz ou não logo se verá!) em prol dos mais carenciados e dos mais desfavorecidos; aqueles que estão nas margens da vida, os esquecidos e alienados desta sociedade egoísta em que, infelizmente, nos encontramos. A Aline é uma menina-boa, cidadão e compositora preocupado e comprometido com o BEM da sociedade em que vive, que muito dá de si sem esperar a vã recompensa – para ela, tal atitude e opção de vida, traduz-se num acto de Amor constante pelos outros, orientado por uma nobre e sublime consciência ética, social e política, qual Kant da “Razão Prática” reencarnado. Há lá coisa mais altruísta e necessária do que “ensinar” pelo exemplo - ajudando a compreender e a resolver através da reflexão e da atitude prática e social do dia-a-dia – a incutir Amor, Paz e Justiça neste mundo(?!) A resposta é óbvia e, se mais razões não existissem, esta é tão forte que se basta a si mesmo.

Em termos estilísticos e formais, Aline Reis é simples e sua simplicidade é profunda por que à ela em sua arte, é igual a si própria. Eis também aqui – na minha modesta idiossincrasia – uma mais-valia desta obra diferente e tão necessária: uma compositora-musicista e agora escritora afirma-se e destaca-se por ser única e diferente, por ser ousada e perturbadora, por ser polémica e romântica, por ser, neste caso concreta, uma Menina cujo “partido” se chama AMOR...

Obrigada amada por me ter perturbado!




No poema, as palavras não são palavras, são “outra coisa” que tem a força e o sentido de uma oração a todos os deuses. Fruir estes poemas-oração, é como descansar serenamente - e por magia - sobre as águas do Mar num dia calmo e ao crepúsculo.

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