quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Índios gays discriminados são retratados em reportagem

Em reportagem publicada ontem (27/07) pelo jornal Folha de São Paulo, a jornalista Kátia Brasil fez um retrato de índios homossexuais da tribo Ticuna, localizada na Amazônia brasileira. A matéria relata o fato de jovens da tribo que já não querem mais pintar o pescoço com jenipapo para engrossar a voz, e tampouco aceitam as tradicionais regras de casamento, onde os pares são definidos ainda na infância.

Os meninos que resolveram romper com este tradicionalismo indígena, contaram que sofrem muito preconceito. Não podem andar sozinhos, pois correm sério risco de serem agredidos, são chamados pelos meninos da tribo de "meia coisa" e, também são alvos de pedras, latas e chacotas.

Segundos dados da Fundação Nacional do Índio (Funai), há registro de índio gays, além da tribo Ticuna, nas aldeias de Umariaçu 1, Belém do Solimões, Feijoal e Filadélfia. Darcy Bibiano Murati, 40, da etnia ticuna, relatou à jornalista que a homossexualidade é algo muito novo para eles, "Isso é novo para a gente. Não víamos indígenas assim, agora rapidinho cresceu em todas as comunidades. São meninos de 10, 15 anos".

Marcenio Ramos Guedes, 24, e seu irmão, Natalício, 22, são dois jovens gays indígenas perfilados na matéria. Contam que pintam o cabelo, as unhas e fazem as sobrancelhas. Também tabalham como dançarinos em um grupo típico ticuna que se apresenta na região.

Há também os problemas sociais com a família, assim como relatou Marcenio. O rapaz brigava muito com o pai e por conta disso saiu de casa aos 15 anos. Revelou ter trabalhado como empregada doméstica. Depois regressou para a casa dos pais e resolveu assumir as tarefas domésticas do próprio lar.

Outro personagem retratado é o ticuna Clarício Manoel Batista, 32, professor do ensino fundamental e estudante de pedagogia na UEA (Universidade Estadual do Amazonas), na cidade de Tabatinga. Um dos primeiros a assumir a homossexualidade na aldeia Umariaçu 2, aos 16 anos. "Alguns me discriminam, indígenas daqui, não-indígenas também. Fico calado, não falo nada. Eu não ligo para eles", diz.

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