sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

musicas e poesias e video

Hai Kai
Roda de Jongueiro
Lavadeira
Pétala
Alice
Deixa
Homenzinho do asfalto
Lamento
Berimbau

Não é a banda, mas passa, paralisa, numa mutante serenidade.
Numa organização desorganizada sabe-se lá por quem.
É a pro cessão.
Em nome do pai, calos nos pés.
Deus?
Deus também deve caminhar por lá.



Pequena passarinha, minha alegria, minha bonequinha, como és minha.
E como és minha. Disseram no desvario que um dia você vai crescer, vai voar.
Mentira. Bonecas não crescem, não voam, quanto mais as minhas.


Poderia ser mais simples, como quem sai na janela e diz:
Eh! Eh, Lavadeira do rio, canta aqui pra essa cidade, espanta toda maldade, vem lavar a trouxa de roupa daqui.
Eh, Lavadeira do rio canta o teu canto acalanto nos ouvidos do moleque descalço, varredor de rua, catador de papel, pra puta da esquena e quem mais tiver de ouvir.
Lava, esfrega, estende a sujeira que ta aqui.


Para se saber ser mulher, basta sentir uma rosa vermelha com seus espinhos a embrenhar-se pelo estomago pelo coração e pelos rins e se não semear, de mês em mês sangrar.
Para se saber a idade de uma mulher, basta contar quantas pétalas de bem me quer e mal me quer ela guarda no olhar.


Acorda Alice, a corda.
A corda de se equilibrar, a corda que você pula, acorda Alice.
Acorda que o brinquedo quebrou e a brincadeira agora machuca.
Acorda Alice. A corda com seus nós, nós de moças e marinheiros que devem ser desatados sobre seu consentimento, que a corda da vida não da jeito, começa nas tranças dos seus cabelos.




Eu não sabia, eu não sabia que nosso amor requer vigília.
Eu você a lua, sua mulher e nossos filhos.
Eu não sabia. Duas mãos cheias de dedos, três olhos muito bem abertos, muito bem vistos, muito bem olhados. Mas deixa, deixa eu gostar de você? Do meu jeito, e ainda por cima, você, você gostar.
Deixa eu gostar de você? Pelo amor de Deus, deixa eu gostar de você? Do meu jeito, sobre vigília, debaixo do nosso teto, mas você? Você gostar. Deixa eu gostar?


Vem menino vem, vem menino vem menino vem.
Eu e você assim, mas vem de pressa, vem agora menina vem.
Depois eu saio pra rua, ajeito o vestido, me arrumo descentemente esperando o farol, o farol que ta vermelho. Vermelho é a tua camisa, vermelho é o meu vertido, vermelho, vermelho. Mas vem agora menino vem.
E eu? Eu saio pra rua descentemente. E falar em rua, a se essa rua fosse minha, a se essa rua fosse nossa eu mandava implodi-la, plantaria duas artes, pegaria uma rede e sem culpa nenhuma num braço ninaria nossos filhos, no outro transaria amores por meses.


Hoje fazem dois meses que eu me tranquei dentro de casa, eu e um quadrado cibernético. Luz, câmera e móveis. Sentada no safa da sala.
Faz cinco meses que me tranquei dentro de casa, luz câmera, lá fora, lá fora, tudo molha. Do outro lado, tudo seca. Em mim, é seca.
Que luz é essa, que luz é essa de cidade que não ilumina e nem brilha, contida pela alucinante dom de atrapalhar a minha vista, que poucos caminhos a reluz, que luz? A qual emerge o ser, pequeno que a mesmas me reduz. Opaco, opaco ser de asfalto, homenzinho besta no andar, infinita certeza no tatear, duro luzidio. Eu nego dar as mãos, para me salvar, por acreditar que o outro a de enxergar, cegamente, porem muito mais que eu.


Na minha rua morava um preto, um preto muito sujo, morto de fome.
João, João Alguém.
Um dia desses João Alguém se enfezou e desceu lá na rua da baixa, foi falar com o seu delegado.
- Oi seu delegado, o senhor não podia me ver um prato de, um prato de comida?
- Ai, preto safado, além de preto é safado, aqui não é lugar de comer não, sai fora.
Bom, dois dias depois, João insistiu, voltou de novo e foi falar com o seu delegado.
- mas João, o que é que o se qué João?
- Comida.
- Safado, esse preto é safado, aqui é lugar de justiça, respeito, raspa fora daqui preto.
Três dias depois, três dias depois João almoçava, jantava e tomava café da manhã. É, João, foi encarcerado. Preto, pobre, coitado, preso e encarcerado.
Ta com fome?
Mata o homem e come.










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