sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
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O Encanta Realejo surgiu no inicio de 2007, tendo realizado apresentações nas ruas de Paraty durante a FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty) e em espaços públicos como o Circo do Beco e Praça Roosevell, sendo a junção de dois grupos que há muito tempo já realizavam esporádicas parcerias, o grupo Encantadeiras ( Aline Reis, Inayara Samuel, Talita Del Collado, Alessandra Vilhena e Leonardo Suave) e o grupo Aline Reis e o Realejo (Aline Reis, Teo Garfunkel, Yuri Garfunkel, Luis Fidalgo e Bruno Metriner).
A intenção do grupo é unir linguagens artísticas diferenciadas, o movimento ritmado e performático do corpo com a música, passeando por elementos da improvisação e a literatura, tendo a palavra simultaneamente cantada e recitada, o que torna singular o momento vivido na apresentação, trazendo à tona uma dinâmica de teatro. Trata-se então de um grupo que além de preocupar-se com questões relacionadas ao registro da memória de grupos alternativos contemporâneos, canta, dança, encena, toca, recita e musicaliza por imagens e cores.
O Encanta Realejo / Circo do Beco
Encantadeiras Sesc Consolação / Cartografia Literaria.
A concepção do grupo “Encantadeiras” surge em 2004 através do canto de cinco mulheres, sobre efeitos percussivos simples, tendo como mote principal as composições em violão, voz e acordeom de Aline Reis, além de dança e literatura (poesia e contação de estórias) cerne do trabalho de Inayara Samuel. Em 2005 o grupo passou a ser composto somente por Aline Reis e Inayara Samuel, tornando-se a partir de então, um projeto artístico englobando pesquisa musical, dança contemporânea e poesia falada. Atualmente, Encantadeiras tomou um novo corpo, produz sons e ritmos variados, isso devido ao surgimento dos novos integrantes: Talita Del Collado (percussão e voz), Alessandra Vilhena (percussão, voz e flauta transversal), Leonardo Suave ( que além de percussionista e sociólogo, acrescenta ao grupo seu trabalho de pesquisa étnico-musical através do toque de instrumentos confeccionados por ele mesmo).
Aline Reis e o Realejo/ ZZ Estúdio.
O grupo “Aline Reis e o Realejo” iniciou-se em dezembro de 2005, tendo como ponto de partida os poemas escritos e musicados por Aline Reis (voz, acordeom e violão), arranjados em seguida coletivamente pela banda em “jam sessions”. Os instrumentistas Lula Fidalgo (guitarra, viola e violão de 7 cordas), Bruno Mestriner (contra-baixo), Teo Garfunkel (bateria) e Yuri Garfunkel (flauta transversal) tocam juntos ou separadamente em bandas de diferentes estilos musicais, e são o ecletismo e o entrosamento adquiridos com esse processos que direcionam a parte instrumental da banda. O Realejo baseia-se em ritmos regionais brasileiros, misturando as influencias de jazz e psicodélia para alcançar um resultado musical que ilustre adequadamente os poemas de Aline.
Alice e o Realejo Encantado
Os espetáculos se dão através de Atos, sendo cada espetáculo um Ato. Todos os Atos vão decorrer de acordo com a história da “Alice e o Realejo Encantado”
História
Alice e o Realejo Encantado
Num cortiço acinzentado, lá no centro da cidade de São Paulo, mora um velho de mais de sessenta anos. Chama-se Seu Januario. Quem passa pela calçada e o vê na janela, de lápis e papel na mesa de óculos na ponta do nariz, segue seu caminho pensando:
“Que tristeza viver assim tão sozinho nessa cidade carbonizada...”
Mas engana-se. Seu Januario é o mais feliz dos vovôs, por que vive em companhia da mais encantadora neta – Alice, a menina que gosta de beijar cigarras. Alice tem treze anos, está sempre de cabelos trançados, e já sabe fazer uma lasanha de berinjela bem gostosa.
Na casa ainda existe mais alguém. A Cuíca, a cachorra que a Alice encontrou na rua ainda filhote toda machucada e as cigarras: Anna e Maria. As cigarras, Alice encontrou num terreno baldio que estavam desapropriando para construir um novo prédio, Alice ficou com medo das cigarras se machucarem e resolveu levá-las para seu apartamento. Alice então pegou a caixa de sapatos do avô, encheu-a de matinhos e deixou a caixa pertinho da janela onde o avô tem o habito de desenhar. Alice gosta muito delas, toda manhã já acorda cantando com as cigarras.
Alem das cigarras e da Cuíca, o outro encanto da menina é a pracinha que fica a três quarteirões de seu apartamento. Lá aparecem pessoas de todos os jeitos, mas o que chama a atenção da menina é o Realejeiro.
Todas as tardes, Alice toma a Cuíca e as Cigarras e vai passear na pracinha, onde adora pisar em folhas secas, a menina da saltos como se quisesse alcançar o céu e o som das folhas se desfazendo deixava Alice maravilhada. No percurso, Alice sempre para enfrente aos postes e muros do quarteirão, sempre acha muito bonito as fadinhas que lá vê grudadas. A menina fica mordida de curiosidade de saber quem é que as desenha.
Uma vez, depois de passar horas pisando em folhas secas, Alice sentiu os olhos pesados de sono. Deitou na grama com as cigarras e a Cuíca e ficou seguindo as nuvens que passeavam pelo céu, formando ora castelos, ora prédios. E já ia dormindo embalada pelo som do realejo, quando sentiu puxar uma de suas tranças. Arregalou os olhos: um passarinho de rabo longa e verde tentando abrir voou com uma das tranças de Alice no bico.
A calda longa mais parecia uma fita de cetim, mas la no céu parecia uma rabiola de pipa . O passarinho tentava abrir voou como se a quisesse levar Alice a algum lugar.
A menina reteve o fôlego de medo de o assustar e devagarzinho foi se levantando seguindo o passarinho ao destino que ele tanto queria. A menina mais parecia que estava sendo puxada pela orelha, sendo castigada pela mãe depois de aprontar.
Depois de algumas voltas pela praça o passarinho larga da trança de Alice bem em frente do Realejeiro, que ao avistar o passarinho já vinha tagarelando.
- Ai esta você então não é seu fujão. Você vai começar a tirar a sorte das pessoas com esse realejo trancado a partir de agora.
- Menina, muito obrigada por me trazê-lo de volta.
- Meu nome é Alice.
- Belo nome Alice. Em gratidão vou tirar a sua sorte.
Dessa vez, trancado no realejo, o passarinho tirou a sorte de Alice. A menina pois a pegar o bilhete, mas o passarinho preocupado em roubar a sorte da menina, rasga ao papel ao meio, um pedaço no bico do passarinho e outro pedaço na mão de Alice. Dessa maneira o Realejeiro não consegueria roubar a sorte de Alice.
Não é a toa que o passarinho simpatizou-se com a menina. Alice é filha de um cata vento que de tristeza foi morar na lua. Cata Ventos são seres humanos que ficam flutuam a cinco metros do solo, eles não conseguem pisar em terra firme. A única maneira de fazer um Cata Vento descer ao solo é um sentimento puro e muito forte por outro ser humano comum. E o foi o que aconteceu com o pai da menina, que se apaixonou por sua mãe e tiveram Alice, mas quando a menina nasceu sua mãe não agüentou o parto e morreu e de tristeza o Pega Vento foi morar na lua e não voltou nunca mais. De vez em quando pra se distrair ele arremeça estrelas pelo céu como se jogasse pedras no rio.
O passarinho pertencia a este Cata Vento que depois de abandonado foi capturada pelo Realejeiro para roubar a sorte das pessoas. Alice nunca soube de seus pais, seu avô nunca falou nada sobre eles. Isso fez com que a menina sonhasse e imaginasse historias surreais. Mas por mais que sua imaginação fosse assim tão fértil, Alice sempre foi uma menina muito especial, quando bebe, flutuava quando soluçava. Na escola sempre ficava em primeiro lugar nos campeonatos de salto ao alto, sempre deu saltos gigantes com a maior facilidade.
Bom, mas voltando ao que estava acontecendo na Praça com Alice e o Realejeiro, logo que o papel partiu-se ao meio, Seu Januario apareceu na se esquina da Praça e poisse a chamar a menina. Alice mesmo com o papel rasgado se despediu rápido e correu até o avô.
1º Ato: Encantos Urbanos
1) Valsa instrumental + um conto de iniciação da Inayara (Oráculo das ilusões).
4:54 à 8:04 (MD)
Eu vou contar a historia de Teotônio, ex-malabarista, ex-funcionário de um circo qual o fogo pegou. Teotônio era bom mesmo equilibrista, equilibrava nos cinco de mais de cinco bolinhas. Entre a corda e o chão deu-se a sua danação, Teotônio caiu e ninguém para lhe estender as mãos, solidão. Teotônio, cinza no chão, mas Teotônio começou a se encher de inveja, de ódio;
- Do que me adiante eu ser artista se nem voar eu sabia.
-Eu fiz tanta gente ri, dei tanta sorte pra todo mundo.
- Agora eu quero tudo de volta. Toda alegria, eu quero tudo de volta.
Entre a linha e o chão, pendia um periquito, Teotonio ergueu a mão e prendeu o periquito
- Agora vai ser assim, que nem a Dona Morte, eu chego de vagarinho e arranco a sua sorte.
2) História dum Caipira (poesia da Inayara depois a música)
Não é a banda, mas passa, paralisa,
numa mutante serenidade.
Numa organização desorganizada
sabe-se lá por quem.
É a pro cessão.
Em nome do pai, calos nos pés.
Deus?
Deus também deve caminhar por lá.
Sou andarilho no sertão
Caminho sem direção
Na intenção de algo encontrar
Mas deixo o tempo me guiar
Caminhando e habitando as copas das árvores
Aos poucos me encontrei, portanto, sou merecedor do meu destino
Não vou encarnar papeis que fogem de mim.
Por escolha paguei, quando expulso do meu abrigo a minha morada
De palha, sobre paredes de pau-a-pique, meu pote de barro, que um dia vim a fazer
Também se foi, junto à esperança que eu resgato.
Grileiros mal orientados por fazendeiros superiores...
Que um dia foram típicos de mim.
Mas mesmo assim, não desisti de continuar minha caminhada,
Minha mulher minhas crianças me acompanham agora,
Não estou só, tenho forças pra seguir, mas me deixe ir,
Minha mudança é o meu fim, minha mudança é o meu fim,
Mudança é meu fim, mudança é meu fim...
3) Quem vai
Quem vai
Da a cara pra bater
Nessa escuridão onde a luz
E não quer se perceber
Salve a pureza, os corações puros,
Pureza triste, mas que ainda existe e resiste.
3) Acorda Alice (Poesia da Inaiara depois a musica)
Acorda Alice, a corda.
A corda de se equilibrar, a corda que você pula, acorda Alice.
Acorda que o brinquedo quebrou e a brincadeira agora machuca.
Acorda Alice. A corda com seus nós, nós de moças e marinheiros que devem ser desatados sobre seu consentimento, que a corda da vida não da jeito, começa nas tranças dos seus cabelos.
Acorda Alice, acorda, acorda Alice
Acorda Alice, acorda, acorda Alice
Acorda Alice, acorda
Acorda Alice, acorda
Alice se ali se visse
Alice aliciada e triste
Alice e suas meninices
Alice
Alice solta pipa e joga bola
Alice tem preguiça de ir à escola
Alice esconde-esconde pula-corda
Alice se machuca mais não chora
Acorda Alice...
Acorda ali se foi à corda Alice
Acorda ali se foi à corda Alice
4) Hai Kai (Poesia da Inayara depois a musica) 21:50 à 25:57 (MD)
Em cantos Urbanos ministrado por ratos
Em cantos urbanos muito bem cantados
Em cantos urbanos chega um pobre e pede um prato
É prato raso é sopa de letrinha
Pra mim esquartejo de poeta é Hai Kai
Hai kai hai kai.
A lua mingua a língua nova...
Hai kai hai kai.
Troveja ali água o sertão...
Hai kai hai kai.
O sol em verso clareia a prosa...
Hai kai hai kai.
O verso agudo afina o lápis...
Hai kai hai kai.
Periga a vida sem navalha...
Hai kai hai kai.
Quem pod aipod MP3
Hai kai eu não.
5) Pétala (Poesia da Inayara depois a musica)
Para se saber ser mulher, basta sentir uma rosa
vermelha com seus espinhos a embrenhar-se pelo
estomago pelo coração e pelos rins e se não semear,
de mês em mês sangrar.
Para se saber a idade de uma mulher,
basta contar quantas pétalas de bem me quer
e mal me quer ela guarda no olhar.
Copo d água da chuva que colhi
Praquela flor que você tanto gostou
Meu amor dentro dela desabrochou
Calado, camuflado é o meu amor,
Vou te da-la.
Bem me quer, mal me quer...
Aquela pétala que você arrancou
Que carrega a sua favorita cor
Foi com ela parte do meu amor
Calado, camuflado é o meu amor.
Bem me quer, mal me quer...
6) Realejo (Inayara brinca com o publico tirando a sorte, a morte) 34:15 à 41:39 (MD)
Respeitável publico
Senhoras e senhores o circo pegou fogo
E o espetáculo acabou de começar
Eu quero ver você privatizar o céu
Deitar palavras lhe parece fácil
Só falta comprar um ar que eu respiro
Eu quero quer você vá pra papapapapapapapara...
Realejooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
Tira minha sorte e foge
Este meu destino norte eu desconheçooooooooooooooooooo.
EXPLICAÇÂO DO 1º ATO
Ianayara vem fazendo a contação (Oráculo das ilusões) em contraponto a valsa Primogênito, depois começamos a tocar a música História dum Caipira e a Inayara recita a poesia da procissão até que ela adormece e eu entro cantado quem vai e ela vai acordando quando começo tocar Alice, nisso ela recita Alice depois eu canto, entramos no Hai Kai com a Inayara recitando a poeia Encantos Urbanos . Já na conversão para a pétala, Inaiara começa a recitar Jardim 22, ela vai despetalando a flor junto à poesia. Na convenção para a musica do Realejo Inaiara pega outra vez o realejo e começa a tirar a sorte do publico, isso recitando alguma coisa, usando a idéia de morte e sorte até que começamos a cantar.
Dentro do projeto que desenvolveremos na Casa das Caldeiras, nosso grupo pegara como tema de cada ato, os temas dados pelo próprio projeto. Sendo o primeiro ato sobre a Cultura Popular, no qual desenvolveremos um ato que dialogue com o espaço da casa das Caldeiras, junto ao tema e nosso trabalho. O segundo ato desenvolverá sobre Ocupação, o terceiro ato sobre cultura urbana e o quarto ato sobre tecnologia.
Os ensaios para o desenvolvimento dos atos se darão no próprio espaço da Casa das Caldeiras, sendo dois ensaios por semana, sendo um ensaio aberto para as pessoas que se inscreverem nas oficinas oferecidas pelo núcleo de musica.
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